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Um novo olhar sobre o punk paulistano no livro de Clemente e Marcelo Paiva

Combate Rock

03/10/2016 07h00

Marcelo Moreira

O músico Clemente Nascimento é uma usina de energia: incansável, hiperativo e intenso, divide-se entre as bandas Inocentes e Plebe Rude, carreira solo e a apresentação de programas de rádio, mas tudo isso parece não ser suficiente.

"Meninos em Fúria" é a nova cria de Clemente, nome fundamental do movimento punk brasileiro, livro escrito em parceria com Marcelo Rubens Paiva, escritor e colunista do jornal "O Estado de S. Paulo". Apesar do forte conteúdo autobiográfico, a obra é uma tentativa bem-sucedida de fazer uma radiografia do movimento em seu auge, nos anos 80.

Clemente não gosta de ser retratado como um dos líderes dos punks paulistanos, embora não desminta e desestimule tais afirmações, o fato é que o guitarrista dos Inocentes é provavelmente o mais articulado dos pioneiros. Se João Gordo, dos Ratos de Porão, se tornou a figura mais icônica, Clemente aparece como a voz mais engajada.

Garoto da zona norte de São Paulo, filho de uma família da classe trabalhadora, descobriu logo a sua vocação quando entendeu o que significava a música feroz e barulhenta que alguns ingleses tinham começado a fazer anos antes.

Não era um desajustado no sentido clássico, mas logo se mostrou um rebelde e revoltado, ganhando o respeito de toda uma nascente cena jovem que tentava bagunçar os estertores do regime militar brasileiro, iniciado em 1964.

Com os Inocentes, conduziu a galera para o confronto e o embate com sua guitarra massacrante – e, em algumas vezes, também com os punhos, em várias das tretas que se envolveu ao longo da primeira metade dos anos 80.

O texto de Paiva, que conviveu com os punks na época e conheceu desde cedo o músico, é leve e ligeiro, sem arroubos ou rebuscamento – como deve ser um bom livro "punk".

Para quem gosta de rock nacional e gosta de se informar sobre a história da música brasileira e de seus principais personagens, "Meninos em Fúria" é documento importante, pois não só recupera boas histórias que sempre estiveram esparsas sobre o movimento, como também traz fatos inéditos e um olhar analítico bastante acurado.

Ao jornal "O Globo", Clemente declarou que é inevitável fazer um paralelo dos anos 80 com a movimentação dos jovens na atualidade, desde as manifestações de 2013 até os recentes protestos contra e a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e contra o atual governo Michel Temer.

"Há um acirramento dos conflitos. Na nossa época, tudo era mais claro, o Brasil vivia sob o regime militar. Agora tudo é mais confuso. Existem ações da Justiça e do Estado que são coincidentes com algumas da ditadura. O espírito da garotada de hoje ainda é jovem, de querer mudar e não se entregar, de lutar por aquilo que acha certo. Eles têm o mesmo romantismo e esperança que nós tínhamos", disse ao jornal do Rio de Janeiro.

 

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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