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Em novo clipe, Living Colour denuncia violência armada

Combate Rock

22/09/2016 17h00

Ricardo Gozzi – do site Roque Reverso

Living Colour (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Depois de sete anos sem lançar nenhum novo single, o Living Colour voltou para sacudir o marasmo que de tempos em tempos nos envolve em silêncio e omissão. Para divulgar a mixtape"Who Shot Ya?", a banda norte-americana de hard rock lançou um videoclipe ao mesmo tempo sóbrio e aterrador.

A questionadora "Who Shot Ya?" (em tradução livre, "quem te baleou?"), cover do rapper norte-americano Notorious B.I.G., ganhou uma versão mais pesada não somente em termos sonoros, mas em imagens e dados sobre a violência armada, denunciando também o racismo e a misoginia incrustados na sociedade.

Como a banda é norte-americana, é natural que os dados apresentados no clipe restrinjam-se aos Estados Unidos, mas não é preciso grande esforço para fazer as contas, olhar ao redor e intuir que no Brasil a situação não é lá muito diferente.

O clipe traz fotografias de pessoas que tiveram a vida abreviada pela violência armada e nomes de anônimos e famosos mortos a tiros, de Martin Luther King e Malcolm X a John Lennon e Dimebag Darrell, isto para ficar em apenas alguns exemplos.

Para facilitar um pouco o entendimento, o Roque Reverso se dispôs a traduzir algumas das informações estatísticas sobre a violência armada nos EUA apresentadas em texto no videoclipe do Living Colour e compará-las com dados similares disponíveis sobre o Brasil. É uma carnificina em andamento, sem perspectiva de que venha a ser interrompido tão cedo:

– Em um dia normal, 36 pessoas são mortas a tiros nos EUA; no Brasil, em média, são 116 por dia;

– A probabilidade de um jovem negro ser morto pela polícia nos EUA é nove vezes maior do que a de outros grupos; no Brasil, um jovem negro tem 3 a 4 vezes mais chance de ser morto pela polícia do que um jovem branco;

– 406.496 pessoas tiveram a vida interrompida por armas de fogo nos EUA entre 2001 e 2013; no mesmo período, mais de 540 mil pessoas foram vítimas de armas de fogo no Brasil;

– A cada 16 horas uma mulher é assassinada a tiros e em episódios de violência doméstica nos EUA; no Brasil, uma mulher é morta a cada duas horas em casos de violência de gênero, sendo 55% dos feminicídios cometidos no ambiente doméstico.

O clipe se encerra com os integrantes do Living Colour perfilados em silêncio e uma frase de Notorious B.I.G., assassinado em 1997, aos 24 anos: "Não poderemos mudar o mundo, a não ser que mudemos a nós mesmos."

Passadas quase duas décadas, o assassinato de Notorious B.I.G. continua sem esclarecimento e, ao contrário do que você vê nos filmes, é improvável que venha a ser solucionado um dia. A pergunta vai continuar valendo para milhões de pessoas pelo mundo: Who Shot Ya?

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Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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