Público ignora evento, e minifestival anual corre risco de acabar no ABC
Combate Rock
24/08/2016 07h00
Marcelo Moreira
O frio glacial, com vento e chuva intermitente, ajudaram a espantar o público, mas as bandas que encararam a dura tarefa de subir ao palco do Parque da Juventude Città di Marostica, em São Bernardo do Campo (ABC, na Grande São Paulo), no último domingo, não mereciam o desprezo dos roqueiros locais.
Era o terceiro dia de comemorações do aniversário da cidade – 463 anos em 20 de agosto -, e a ideia era tentar repetir os bons públicos dos dias anteriores, dedicados aos rap e ao reggae.
No entanto, as seis bandas tocaram para ninguém. Um dos músicos chegou a brincar, no momento de chuva forte e vento gelado, no início da noite, que seria um "ensaio a céu aberto".
Os shows do Lixo Suburbano e do DZK contaram com um público mais disposto a curtir um punk rock autêntico, mas não eram mais do que 200 pessoas assistindo aos dois shows.
Quando a banda Heaviest, de heavy metal tradicional subiu ao palco, os termômetros marcavam 9°C às 18h, mas com sensação térmica de 5°C. E não adiantou ao excelente Mario Pastore, o vocal da banda, se esforçar e mostrar sua imensa qualidade como cantor. O público já era bem menor.
Mesmo gratuito, o minifestival de punk rock e heavy metal já tradicional em agosto ganhou o desprezo e a indiferença dos roqueiros da Grande São Paulo, apesar de ser o último dia dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e com rodada importante do Campeonato Brasileiro de Futebol.
Além da Heaviest, tocaram as bandas Letall, Lixo Suburbano, DZK, Rhino e Cranial Crusher. O Lixo Suburbano ainda conseguiu agitar a galera com um punk honesto e simples, mas com muita energia. Foram 14 músicas em pouco mais de 40 minutos, com destaque para as ótimas "Sobreviventes", "Escravidão", "Mundo Novo", "Repressão" e "Grito Periférico".
DZK ainda conseguiu reunir algum público no final da tarde de domingo, em São Bernardo (FOTO: MARCELO MOREIRA)
O DZK, com seus mais de 30 anos de punk cascudo, teve mais dificuldades para segurar a galera, mas o vocalista Barata, um dos mais competentes frontmen do rock paulista, deu conta do recado e agradou bastante, em especial com "Morador de Rua" e "Decadência Social".
Ao Heaviest, infelizmente, coube a sina de fazer o ensaio a céu aberto, embora tenho feito o melhor show do dia. Prestes a embarcar para a Argentina, o quinteto, com apenas um ano de carreira, já demonstra excelentes qualidades no palco.
Os poucos felizardos que se mantiveram em pé no frio puderam ouvir a excepcional voz de Mario Pastore, hoje um dos cinco melhores vocalistas do Brasil. Com seu som pesado e moderno, o grupo Heaviest tocou poucas músicas, mas foi um massacre sonoro, com destaque a pesadíssima "Nowhere", a cadenciada "Land of Sin" e a enigmática "Betrayal".
Infelizmente, já era voz corrente entre membros da equipe técnica e de suporte da prefeitura que o baixíssimo público do domingo, o dia do rock, do punk e do metal, levaria a uma reavaliação para o próximo ano a respeito de dedicar um dia ao gênero nas comemorações do aniversário da cidade. Os roqueiros paulistas correm o risco de perder uma excelente oportunidade de curtir, de graça, shows bem legais e necessários.
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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