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Ronaldo e os Impedidos: pesado, simples e divertido

Combate Rock

04/07/2016 07h04

Marcelo Moreira

Ronaldo e os Impedidos: o -ex-goleiro está ao centro (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Jogador de futebol consagrado, de seleção brasileira, se aventura no mundo da música achando que ia se dar bem também. Pelé? Robinho? O lateral-esquerdo Júnior? Eles e alguns outros tentaram, mas acabaram, admitindo que era brincadeira – no caso de Pelé, não houve a admissão de fato, mas ele teve de, a contragosto, deixar de lado a vontade de ser músico.

Quem se encaixou na definição inicial e nunca desistiu foi Ronaldo Giovanelli, goleiro dos bons que vestiu a camisa do Corinthians por dez anos, entre 1988 e 1998, sempre cotado para a seleção.

Roqueiro declarado, nunca conseguiu se desvencilhar de "músico de brincadeira" enquanto jogava. E infelizmente a pecha pegou, por conta de alguns profissionais de imprensa que nunca levaram a sério a banda Ronaldo e os Impedidos. Ele lançou CD e singles no final dos anos 90, mas paixão pela música sempre foi atropelada bem-sucedida carreira dentro dos campos.

Terminada a carreira, Ronaldo nunca abandonou a ideia de seguir na música, enquanto dava expediente em emissoras de TV como comentarista de futebol e até mesmo como apresentador.

Folclórico, polêmico e articulado, parecida que tudo isso perdia força quando ele subia ao palco ou entrava no estúdio. Seu trabalho musical esteve longe de ser ruim, mas não se destacava por conta de um material  sem força e com a falta de um estilo definido. Era legal escutar o rock básico e quase rockabilly de Ronaldo, ainda que o estilo de cantar fosse próximo de uma emulação de Elvis Presley em muito pulmão.

O diagnóstico era claro: Ronaldo e os Impedidos continuava sendo um projeto paralelo, um mero hobby de um ex-jogador que tinha outras atividades e que ainda procurava uma vocação, seja profissional ou musical.

O veredicto, dado por muitos críticos musicais, foi duro, e a resposta do ex-goleiro foi exemplar: "Onde Está o Rock'n'Roll?" é um EP recém-lançado, com suas cinco músicas executadas na íntegra no Rock na Praça, em São Paulo, no último dia 26 de junho.

O trabalho foi uma grande novidade, pois trouxe Ronaldo e sua banda afiadíssima repaginados, optando por um rock pesado, com guitarras bem à frente, em uma pegada que transita entre Golpe de Estado e Carro Bomba. E o melhor: um vocalista carismático, esperto, cantando bem e de forma leve, se afetação.

A banda melhorou em tudo. Além de uma evolução notável no vocalista, as músicas são bem mais legais, por mais que Ronaldo tenha conseguido alguns hits 20 anos atrás. Tudo é simples e básico, mas muito bem feito. Guitarras dobradas às vezes se tornam gêmeas e o baixo funkeado fornece uma cama perfeita para o hard rock adotado pela banda. A bateria, finalçmente, ganha destaque no grupo, com a condução firme e segura de Nina Pará.

Enfim, se algum dia o foi, Ronaldo e os Impedidos, a banda, deixou de ser brincadeira. "Ouvi muito essa história quando eu comecei com a banda, 2o anos atrás. Até entendia o raciocínio, eu jogava no Corinthians e tinha muito destaque nacional. Com essa nova fase do grupo, espero que reste mais dúvidas", disse antes de subir ao palco no Rock na Praça.

O novo EP é um trabalho muito bom de rock nacional, muito bem gravado. Entre as cinco músicas, duas são destaque: a faixa-título e "Invisível", duas pancadas hard rápidas e primorosos solos e duelos de guitarras, a cargo dos inspirados Tico Rizzo e Fares Júnior. Em "Eu Quero Mais", sobressai-se o poderoso e pesado baixo de Bola Moraes.

Se é que podemos chamar de uma retomada, Ronaldo e os Impedidos mostraram boas qualidades em "Onde Está o Rock'n'Roll", fazendo do peso recém-adquirido e da simplicidade as armas para avançar e mostrar que a banda redondinha.

Por mais que as letras sejam bastante simplórias, carecendo de um pouco mais de refinamento, o grupo do ex-goleiro dá sinais que de que se tornará uma opção bem legal de som autoral nacional  leve e divertido, com qualidade, só que bem pesado.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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