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Rock na Praça dá um grande impulso para revitalizar parte do centro de SP

Combate Rock

28/06/2016 07h00

Marcelo Moreira

Salário Mínimo (FOTO: DIVULGAÇÃO/ROCK NA PRAÇA/FACEBOOK)

Quando vai ser o próximo? Essa era a pergunta que muita gente fez ao final da 3º edição do Rock na Praça, ocorrida neste domingo (26) bem em frente à Galeria do Rock, no centro de São Paulo.

Com apoio da Prefeitura de São paulo e de vários coletivos musicais, o evento gratuito reuniu cerca de 5 mil pessoas na rua 24 de Maio, segundo a Polícia Militar – houve quem dissesse que, durante as mais de seis horas de shows, o público circulante teria passado de 7 mil.

Foram cinco bandas as participantes do minifestival, o primeiro em que o heavy metal não dominou. Na sequência, tocaram Mattilha, Ronaldo e os Impedidos, Salário Mínimo, Busic Gang e Golpe de Estado.

Um dos mais entusiasmados com o evento era o vocalista do Korzus, Marcello Pompeu, que ajudou a organizar os shows e que deu suporte para todo mundo. "É muito bom ver o rock sendo celebrado em nossa 'casa', ao lado da Galeria, e com bandas de muita qualidade. Precisamos disso cada vez mais."

Concertos de graça e com boa estrutura, com muita ordem e sem confusão. Ninguém festejou mais o sucesso do evento do que o músico e produtor Fabrício Ravelli, o mentor do projeto e teimoso por insistir até fazer virar o evento.

"Existem várias iniciativas bacanas encampadas pelo poder público, levando cultura de forma gratuita a vários bairros e relacionadas a muitas manifestaões culturais. E fazia tempo que o rock não era contemplado com apoio neste sentido. ainda bem que de muito certo e todo mundo se divertiu bastante", diz o músico.

Ex-baterista de bandas importantes, como o brasileiro Harppia e o grupo de heavy metal norte-americano Hirax, Ravelli é um batalhador da cena underground de São Paulo, mas demonstra ter um trânsito bom com autoridades e com a burocracia do poder público.

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"O rapaz tem uma gana que é invejável, conhece bem como funcionam as coisas e tem aquela coisa de produtor cultural, de incentivador. É perseverante e sua luta foi recompensada com um evento bem legal, na medida dentro das possaibiluidades e perspectivas atuais", afirmou Luiz Calanca, proprietário da primeira loja de música a se instalar na Galeria do Rock, a Baratos & Afins, que existe há 37 anos.

Calanca foi o grande homenageado pelo evento, ganhando uma placa de prata por conta de todos os imensos serviços prestados à música brasileira e ao rock nacional, seja divulgando artistas, seja lançando-os por meio de seu selo musical.

A ideia do Rock na Praça é sempre privilegiar artistas com trabalho autoral, variando bastante entre os subgêneros, mas evitando misturas que podem destoar. Se as duas primeiras edições o metal foi privilegiado, desta vez predominaram as bandas rock'n'roll/hard rock.

Com um forte sol de inverno, o quarteto paulistano Mattilha foi bem, mandando um hard bem feito e energético, mesmo abusando bastante dos clichês à la Motley Crue – e a intenção era essa mesma.

Em pouco mais de 40 minutos, o grupo fez bastante barulho, com as músicas de seu único CD, "Ninguém Aqui é Santo", com destaque para as pesadas "Filho da Pompéia" e "Noite no Bar".

Mais pesado ao vivo do que no estúdio, o grupo parece ainda não ter resolvido uma questão que poderia ser analisada: a adição ao vivo de um segundo guitarrista para tornar o som mais encorpado. Muita gente se surpreendeu positivamente com o Mattilha.

Quando subiu ao palco, o ex-goleiro corintiano Ronaldo Giovanelli, que atualmente trabalha em emissoras de rádio e televisão como comentarista e participante de programas esportivos, tinha a missão de se livrar da pecha de que não passava de uma curiosidade, mesmo que cante rock há mais de 20 anos.

Busic Gang (FOTO: DIVULGAÇÃO/ROCK NA PRAÇA/FACEBOOK)

Quando desceu do palco, foi reverenciado não só como uma surpresa, mas como uma realidade. Ronaldo e os Impedidos fizeram um show pesado, com a pauleira rolando sem muito tempo para respiro.

Sua música é puro rock'n'roll, sem firulas e composições simples, mas cativantes. E o goleiro melhorou muito como vocalista: dinâmico, afinado e com voz potente, demonstrando plena capacidade de lidar com difícil tarefa de ser o frontman de uma banda.

Brincou bastante, mostrou que estava bastante confortável no palco e fez questão de agradecer aos quatro músicos de sua ótima banda, redondinha e muito entrosada.

O grupo está divulgando o recém-lançado EP "Onde Está o Rock'n'Roll?", com cinco músicas, todas executadas no Rock na Praça. Os destaques são "Invisível", a "Jet Love" e "Eu Quero Mais".

O veteraníssimo Salário Mínimo, com mais de 30 anos de estrada, fez o show mais pesado da noite. China Lee, o vocalista, impressionou pela potência da voz e pela condução precisa do quinteto.

E tome hino atrás de hino dos anos 80, 90 e coisas ainda mais antiga. "Dama da Noite", "Anjo" e "Doce Vingança" puxaram a sequência de clássicos, todos repaginados e bem mais pesados ao vivo. Acabou sendo a banda mais ovacionada até então.

Não era uma tarefa fácil para a Busic Gang subir ao palco depois da muito boa apresentação do Salário Mínimo, ainda mais por se tratar do novo projeto dos irmãos Andria (baixo e vocais) e Ivan Busic (bateria e vocais), ex-integrantes do Dr. Sin, que acabou oficialmente no começo deste ano.

Vista do público ao final da tarde (FOTO: DIVULGAÇÃO/ROCK NA PRAÇA/FACEBOOK)

Com o guitarrista Hard Alexandre, o novo trio resolveu fazer uma apresentação com cara de jam, mas uma jam muito bem treinada e afiada. A ideia era fazer uma passagem por todas as fases da carreira dos irmão, que tocam juntos desde 1984.

Sim, foi saudosista, mas ao mesmo tempo significou um resgate de um tempo que é idolatrado e reverenciado por muita gente que sequer era nascida 32 anos atrás.

Entre músicas do Rush ("Closer to the Heart") e Deep Purple ("Perfect Stranger", que ficou ótima memso sem teclado), o Busic Gang tocou "Fascínio", da banda Platina, músicas da banda Taffo (do inesquecível guitarrista Wander Taffo, moerto em 2008) e clássicos do Dr. Sin, como "Miracles" e a maravilhosa "Time After Time". Uma bela estreia de um projeto que promete ir além da mera reverência (sempre necessária) dos mais de 30 anos de carreira dos irmãos.

Fechando a noite, um renovado Golpe de Estado, mais pendendo para o heavy do que para o hard que sempre caracterizou a banda. Não poderia ser diferente, pois a banda tem novos integrantes: Rogério Fernandes nos vocais e Marcello Schevanona guitarra, ambos integrantes do pesado Carro Bomba. Fernandes entra no lugar do versátil Dino Linardi, que saiu em 2015, e Schevano substitui o fundador Hélcio Aguirra, morto em 2014.

Não há como não perceber: o Golpe foi contaminado pelo Carro Bomba – e nem poderia ser diferente. Ao contrário do que poderíamos imaginar, ficou bastante interessante, por mais que alguns reclamassem de uma certa "descaracterização".

Ok, a banda está mais power, mais pesada, e Rogério Fernandes não tem a veia hard de Catalau e Linardi, os vocalistas anteriores, mas injetou tamanha adrenalina no desfile de clássicos que agradou a todos, principalmente os mais novos, que só conhciam a banda de ouvir falar.

"Forçando a Barra", "Nem Polícia Nem Bandido", "Noite de Balada" e outras pancadas estreme ceram a noite de domingo no centrão – não poderia haver banda melhor para fechar um dos grandes eventos gratuitos de rock neste ano.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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