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'Totally Stripped', dos Stones, é bom, mas não entrega o que promete

Combate Rock

15/06/2016 07h00

Marcelo Moreira

No momento em que os Rolling Stones anunciam que Andy Goddard, o ótimo diretor da minissérie "Downtown Abbey", será o repsonsável pelo documentário sobre as gravações do melhor álbum da banda, "Exile on Main Street", de 1972, eis que chega ao mercado uma nova versão do interessante álbum "Stripped", de 1995.

Mais de 20 anos depois, o grupo revisita os arquivos de shows da época e coloca no mercado neste mês de junho "Totally Stripped", que nada mais é do que a trilha sonora do documentário que acompanhou o álbum acústico.

A ideia aqui é colocar em um álbum trechos de alguns dos shows que a banda fez na Europa para promover o seu "unplugged", que foi puxado na época por uma versão elétrica excelente de "Like a Rolling Stone", de Bob Dylan.

"Totally Stripped", entretanto, decepciona um pouco, bem menos da metade das músicas é realmente acústica. A abertura com "Not Fade Away" é acústica, assim como o encerramento, uma monumental e dramática versão de "Street Fighting Man".

No entanto, "Honky Tonk Women" e "Jumpin' Jack Flash", dois hinos sessentistas da banda, foram executados como sempre, com guitarras no talo e muito teclado, embora sem a grandiloquência do set de metais.

"Faraway Eyes", um lado B de inspiração country, recebeu uma versão acústica bem legal, mas ficou encalacrada entre porradas como "I Go Wild", do álbum "Voodoo Lounge" (1994) e uma saborosa e suingada versão de "Miss You", com guitarras elétricas.

"Gimme Shelter", possivelmente a melhro música que os Rolling Stones já compuseram e gravaram, ao lado de "Street Fighting Man", perdeu um pouco de seu impacto por conta de uma interpretação um pouco cansada de Mick Jagger, que foi suplantado pelo vigor de Lisa Fisher na segunda parte da música.

De diferente, uma versão quase rockabilly de "Rip This Joint", do mítico álbum "Exile on Main Street", e uma versão acústica de "Dead Flowers", que já havia aparecido em "Stripped".

As músicas foram registradas em shows realizados em Paris, Londres e Amsterdam. É da capital da Holanda que foram escolhidas as versões acústicas ao vivo – o show na famosa casa de shows Paradiso foi a base para o documentário, para o CD e para todo o projeto.

"Totally Stripped" é bastante agradável, mas não entrega o que o título promete, pois está longe de ser totalmente despido ou desplugado.

 

Por enquanto, o CD está apenas acompanhando o box com três DVDs da edição de luxo do documentário original – há muitos extras, novas cenas de bastidores e mais entrevistas. No entanto, até julho o álbum com as 14 músicas deverá ser lançado separadamente ao menos no formato digital.

Quando ao CD "Stripped", foi um diferencial na carreira da banda pela alta qualidade e pelo bom gosto na escolha do repertório, com as principais canções gravadas em estúdio praticamente registradas em um take, como se fosse ao vivo.

Clássicos como "Shine a Light" e "Sweet Virginia", do "Exile", foram transformadas de tal maneira que quase podem ser consideradas músicas diferentes, em especial a primeira, que conseguiu preservar a magia e o clima da original.

"Wild Horses" repaginada ficou ainda melhor do que a linda versão do álbum "Sticky Fingers", de 1971, enquanto que "Angie" e "Let It Bleed" ganharam versões corretas, mas sem grandes novidades ou mudanças. O acerto em abrir com a versão acústica ao vivo de "Street Fighting Man" foi total.

Outras novidades foram a maravilhosa versão de "Love in Vain", de Robert Johnson, que ganhou ainda mais dramaticidade – e também eloquência, com o duelo de violões entre Keith Richards e Ron Wood – e um curioso registro de "Little Baby", clássico absoluto de Willie Dixon e gravado por todos os bluesmen importantes da história.

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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