Topo

Edu Falaschi se arrisca em 'Moonlight', mas o bom resultado surpreende

Combate Rock

30/05/2016 06h55

Marcelo Moreira

Segurança e confiança costumam ser ingredientes infalíveis para o sucesso de qualquer empreitada, por mais dificuldades que surjam ou tenham surgido no percurso. O cantor Edu Falaschi sabe muito bem como os últimos anos não foram fáceis, incluindo o desgaste de sua participação no Angra, culminando na sua saída em 2012.

E foi justamente a ruptura com um dos grandes nomes do rock brasileiro que possibilitou a recuperação da confiança e aquisição de uma segurança invejáveis na condução de sua carreira após 2012, com a sua banda, o Almah, e seus projetos solo.

E a maior  prova de que a sua saída do angra foi positiva é "Moonlight", seu primeiro CD solo, onde recria algumas de suas principais canções ao longo de 25 anos de carreira.

Na comemoração de um quarto de século de rock e de música, Falaschi foi corajoso e ousado, coisa que normalmente só um profissional confiante e seguro é capaz de ser em circunstâncias importantes e de mudança.

A audição do novo trabalho não é fácil para quem se acostumou à voz no prog metal do Angra e no heavy tradicional e moderno do Almah. As guitarras foram devidamente encostadas para dar espaço ao piano, o fio condutor das nove canções.

Esbarrando em arranjos de música erudita e com orquestrações belas e bem conduzidas, "Moonlight" é um álbum acústico e valoriza as sutilezas de canções que foram concebidas em conceitos completamente distintos e diferentes.

O videoclipe de "Nova Era", a música de sua época do Angra que abre o CD, dá o tom do trabalho. Com uma produção sóbria, mas elegante, Falaschi pisaa no freio e entrega uma interpretação doce e suave, secundado por um quarteto de cordas e o piano de Tiago Mineiro, e com a assinatura do maestro Adriano Machado.

Edu Falaschi (FOTO: DIVULGAÇÃO)

"Rebirth", também do Angra, aprofunda o uso de cordas, com arranjos muito bem elaborados e uma linha melódica um pouco diferente, já que Mineiro mostra uma sensibilidade rara para músicos que não estão habituados a mergulhar no universo da música pesada.

"Arising and Thunder" e "Bleeding Heart", mais duas do Angra, seguem na mesma toada, com muita suavidade e uma empostação de voz mais firme na primeira, mas sem alterar o conceito do álbum.

O melhor trabalho, vocal, no entanto, fica reservado para a última música, "Heroes of Sand", outra do Angra, onde Falaschi resgata suas algumas de principais influências, de Freddie Mercury (Queen) a Geoff Tate (ex-Queensryche), passando por harmonias vocais à la Beatles e a cantores de jazz.

Aliás, Falaschi soa como Geoff Tate em alguns momentos variados do CD, como em "Angels and Demons" – o vocal delicado adotado pelo cantor lembra o ex-líder do Queensryche como no começo de "Silent Lucidity" e em algumas passagens de outras baladas daquela banda, como "Bridge" e "Someone Else".

A questão que provavelmente vão incomodar fãs do cantor e de rock pesado é que é um CD inteiro de baladas, com um acento folk muito forte e arranjos acústicos baseados no piano e em quarteto de cordas. É um álbum para ser degustado devagar e com atenção, já que há uma riqueza de detalhes e de sutilezas em praticamente todas as músicas.

O grande mérito de "Moonlight" é explicitar a versatilidade de um artista que caiu de cabeça em um projeto audacioso e surpreendente, ainda que, em alguns momentos, soe repetitivo e um pouco cansativo.

É um trabalho de extremo bom gosto e de qualidade musical bem acima da média do que estamos acostumados, mas não será fácil capturar a atenção dos aficionados por rock pesado na primeira audição.

 

 

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Edu Falaschi se arrisca em 'Moonlight', mas o bom resultado surpreende - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
Contato: contato@combaterock.com.br

Mais Posts