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Blues Brasil: Celso Salim ganha dois prêmios nos Estados Unidos

Combate Rock

16/05/2016 07h02

Marcelo Moreira

Celso Salim empunha o dobro (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Primeiro foi o persistente Igor Prado, que atingiu o primeiro lugar das paradas  de blues dos Estados Unidos em 2015 com sua Igor Prado Band, empurrado pelo elogiado "Way Down South". Agora é a vez de um guitarrista algo e discreto, mas com feeling monstruoso no blues para quem nasceu em Brasília.

Celso Salim trocou os bares de São Paulo e os palcos dos Sescs por Los Angeles em 2014 – já havia morado nos Estados Unidos na virada dos anos 2000 – e não parou de tocar por um segundo. O resultado veio na forma de prêmios,

Ele venceu em duas categorias no Independent Music Awards (IMA), via júri popular. Ganhou como "Melhor Álbum de Blues – pelo trabalho em "To The End of Time, seu mais recente trabalho – , e também na categoria"Jazz com Vocais",  com a música "Leave It to the Moon", composta em parceria com Douro Moura e cantada por Bia Marchese.

"Os prêmios são um bom reconhecimento de excelência e enriquecem o currículo, pois o IMA sempre conta com nomes de peso. Entre os jurados da atual edição estavam Kenny Wayne Shepard e Sharon Jones. No passado, participaram gente do calibre de Keith Richards e Buddy Guy, entre outros. Isso acaba gerando bons contatos e expõe seu nome em vários meios", disse Salim em entrevista ao jornal Correio Braziliense.

Um reconhecimento mais do que justo e a certeza de que o respeito ao blues brasileiro só cresce nos Estados Unidos, ainda que possa ser improvável músicos nacionais ganhando prêmios no exterior e atingindo o topo das paradas americanas – e é bom lembrar que Nuno Mindelis, guitarrista angolano radicado no Brasil, também conseguiu esse feito em pelo menos três paradas nos anos 90.

A persistência de Salim pelos botecos da Grande São Paulo serviram de laboratório para que "To The End of Time", o quinto álbum do guitarrista, lançado pela GRV Discos, de Brasília.

Com uma sonoridade simples, mas ampla e robusta, o novo trabalho de Salim, creditado desta vez á Celso Salim Band, contém o grande trunfo do músico apresentado em sua carreira: o timbre cristalino e reconhecível de seu dedilhado delicado e eficiente diante do som metálico do dobro.

O quinto disco expande as influências contidas em "Diggin' the Blues", de 2011, gravado ao lado de Mantovani e enfocando a a carpintaria do blues urbano norte-americano dos anos 40 e 50.

"To the End of Time", além do blues, carrega influências interessantes do country e do jazz em oito faixas autorais e três releituras para clássicos de Sleepy John Estes, Barbecue Bob e Elmore James. O que temos é um trabalho raro e sofisticado de blues essencial e orgânico, com a busca obsessiva de timbres e notas para cada fraseado.

A faixa-título é um primor de execução inteligente e econômica, com arranjos concisos e eficientes, atribuindo uma certa descontração e mesmo despojamento na execução da canção. O mesmo se observa em "Red Light Blues" e "Leave It To The Moon", onde Salim força um pouco na mão direita, obtendo mais vigor e intensidade. 

"Blind Man With a Gun", talvez a melhor do álbum, mas sem dúvida a mais potente, densa e dramática, revela um lado um pouco mais sombrio do sempre sóbrio guitarrista, influência direta da pegada blues rock que costuma empregar quando acompanha amigos como o gaitista e cantor Sergio Duarte. 

Gravado em São Paulo, o trabalho têm Rodrigo Mantovani no baixo e o norte-americano Jason Sterling na bateria, além das participações especiais de Ari Borger (piano), Humberto Zigler (bateria), Rafael Cury (voz), Bia Marchese (voz), Denilson Martins (sax) e do americano Darryl Carriere na gaita. Um timaço, bem apropriado para um senhor disco de blues acústico, mas com tudo o que uma coleção do músicas do gênero precisa ter. 

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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