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Há 25 anos, o Yes se transformou em octeto, e o resultado foi bom

Combate Rock

21/03/2016 06h45

Marcelo Moreira

Poucos grupos de rock trocaram tanto de integrantes como o Yes. A banda inglesa de rock progressivo, famosa pelo som complexo e refinado e pelas composições quilométricas, jamais emendou quatro anos com a mesma formação em seus 48 anos de existência.

Há 25 anos a banda ressurgia de uma forma muito inusitada, como um octeto, reunindo alguns ex-integrantes para gravar um álbum e fazer uma turnê mundial. Este período foi retratado oficialmente em um DVD e um CD ao vivo, lançados em 2011.

A chamada "Yes Union Tour" começou em 1991 e terminou no início de 1992. Surgiu de forma "improvisada", se é que podemos chamar assim.

Quando o Yes terminou em 1981, após o fracassado do álbum "Drama", sem Jon Anderson, e da turnê subsequente, o baixista Chris Squire e o baterista Alan White tentaram formar uma banda com Jimmy Page e Robert Plant, ambos ex-Led Zeppelin.

O XYZ, nome do projeto,  começou a ensaiar no final de 1981 em Los Angeles, mas PLant logo abandonou o projeto na primeira semana. Page desistiu um mês depois. Sem saber o que fazer, Squire e White foram apresentados ao guitarrista sul-africano Trevor Rabin, que aceitou trabalhar com os dois. O ex-Yes Tony Kaye foi recrutado para o que viria a ser o Cinema.

No fim de 1982, durante as gravações do primeiro CD do Cinema, Jon Anderson visitou Squire no estúdio e adorou o que estavam fazendo. Convenceu os quatro de que seria interessante ele entrar na banda e renomeá-la como Yes. O álbum, "90125″, de 1983, estourou com o megahit "Owner of a Lonely Heart" e o grupo viveu seus maiores dias de glória.

Entretanto, as tensões entre os membros surgiram quatro anos depois, na turnê do álbum "Big Generator". A orientação mais pop irritou Anderson, que saiu do grupo novamente (como fizera em 1980). O Yes seguiu em frente com Rabin como vocalista.

Capa de 'Anderson, Bruford, Wakeman and Howe"

Para fazer "pirraça" para o então ex-amigo Squire, Anderson de brincadeira reuniu três outros ex-Yes em sua casa para uma jam session e espalhou que seria um novo Yes. Ele, Rick Wakeman (teclados), Steve Howe (guitarra) e Bill Bruford (bateria) se reuniram mais de uma vez e acabaram compondo algumas músicas. O que era brincadeira ficou sério e empresários correram para viabilizar a gravação de um novo álbum.

A ideia era que o grupo se chamasse Yes, mas Chris Squire, claro, não permitiu, primeiro porque ele detinha os direitos sobre o nome, e segundo porque ainda existia um Yes em atividade. Com o nome de Anderson, Bruford, Wakeman and Howe, os quatro, mais o baixista Tony Levin (King Crimson) gravaram um CD, com o nome da banda apenas, e saíram em turnê mundial.

Enquanto isso, o Yes hibernava e muito lentamente começava os trabalhos para um novo álbum. A fome de bola do Yes alternativo era tanta que, ao final da turnê mundial, voltaram ao estúdio para gravar novo CD.

E eis então que Jon Anderson reata a amizade com Squire e Rabin em 1990, ao mesmo tempo em que a gravadora recusa algumas das ideias musicais do "Yes alternativo". Anderson pede a Rabin que ceda algumas músicas para reiniciar os trabalhos com o Anderson, Bruford, Wakeman and Howe.

As músicas caem em cheio no gosto do "Yes alternativo" e então um empresário tem a ideia de remontar o Yes juntando os quatro músicos do Yes original e os quatro do alternativo. Cada um dos grupos jpa havia composto, gravado e mixado quatro músicas cada. Isso não foi impedimento, já que todas aparecem no CD "Union", lançado em 1991.

Capa de 'Union", do Yes

Pela primeira vez o Yes aparecia em CD como um octeto – vocal, baixo, duas guitarras, dois teclados e duas baterias. Essa formação saiu em turnê pelos Estados Unidos e Europa – o registro em DVD/CD que saiu em 2011 é desta turnê.

É claro que os egos inflados e enormes eram muito maiores do que o espaço no palco. Houve insatisfações, resmungos, mas nenhuma discussão grave. A turnê foi bem-sucedida, mas ao final cada músico seguiu seu caminho.

O Yes só retornaria em 1994 com o CD "Talk", com a formação que gravou "90125″ – Jon Anderson, Chris Squire, Tony Kaye, Trevor Rabin e Alan White. A turnê deste álbum passou pelo Brasil em 1995.

Quem assistiu aos shows na época ficou admirado ao constatar a qualidade técnica e o profissionalismo dos músicos em apresentações impecáveis, embora já sem a mesma empolgação dos anos 70. Sendo assim, o DVD/CD a ser lançado torna-se imperdível no ano que vem.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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