Dream Theater e Guns N'Roses, 30 anos: momentos distintos nas celebrações
Combate Rock
25/11/2015 07h41
Marcelo Moreira
Duas bandas icônicas em momentos bastante distintos depois de 30 anos de carreira: uma continua no auge, respeitadíssima e com bons álbuns de inéditas nos últimos; outra mal consegue se sustentar, com apenas um CD de inéditas em 21 anos, trocas frequentes de integrantes e sempre envolta em boatos de retorno da formação clássica.
O Dream Theater, banda com sua origem em 1985, na escola de música Berklee, nos Estados Unidos, permanece como uma das bandas mais aclamadas dos últimos, privilegiada por uma base grande de fãs fiéis e com uma carreira consistente mesmo com a saída de um de seus líderes, o baterista Mike Portnoy, em 2010.
Os últimos três álbuns, incluindo o último com Portnoy, mantiveram um bom nível, embora longe de se tornarem clássicos, mas muito acima da média do que é produzido no rock atual.
Um salto de qualidade atingido pelo quinteto norte-americano foi a entrada do tecladista Jordan Rudess em 1999, no lugar de Derek Sherinian.
Exímio instrumentista e maestro, consolidou o som da banda em um momento em que os músicos caminhavam para um dilema – manter a veia mais comercial, como em "Falling into Infinity" (1997), ou o mergulho profundo nos trabahos conceituais e progressivos, como em "Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory" (1999).
Rudess resolveu a parada ampliaando a sonoridade da banda e oferecendo a cama necessária para os voos do grande guitarrista John Petrucci, um dos estilistas do heavy metal atual.
Hoje o Dream Theater é um dos nomes mais celebrados do rock pesado atual, com um nível de excelência que dificilmente pode ser igualado.
Guns N'Roses, por sua vez, ainda segue na sua via crúcis para recuperar ao menos parte do brilho que um dia teve. Após a desintegração da formação quase clássica, a partir de 1995, pouco existiu do que se possa chamar de Guns.
Primeiro foi Slash, depois o baixista Duff McKagan, em seguida o guitarridta Gilby Clarke e o baterista Matt Sorum. Cada um foi cuidar da vida em vez de ficar brigando com o instável e autoritário líder Axl Rose, o vocalista que decidiu tomar para a si a "propriedade" do grupo.
Desde então, Slash criou as bandas Snakepit e Velvet Revolver (está com o amigo McKagan), iniciou carreira solo e manteve um trabalho de inéditas bastante competente e consistente. McKagan não esteve tão ocupado e nem com tanto brilho, mas sua carreira desde então mantém a diginidade, assim como a de Sorum.
O que restou do Guns N'Roses, ou seja, Axl Rose com uma infinidade de músicos convidados e contratados, praticamente viveu de alguns espasmos nos últimos 20 anos, com longos hiatos e intermináveis sessões de gravação para um álbum que levou quase 15 anos para ficar pronto.
Aos trancos e barrancos, Rose colocou a sua versão séxulo XXI do Guns na estrada, e duas vezes no Rock in Rio – com resultados variando entre o pífio e o decepcionante. "Chinese Demcoracy", o álbum dos 15 anos de gravação, chegou ás loja e passou despercebido.
De forma nem um pouco surpreendente, eis que os 30 anos de criação do grupo suscitam novos boatos de reunião da formação clássica.
As conversas agora seriam sobre um acordo entre entre Rose, Slash e McKagan para que houvesse ao menos alguns shows em 2016, possivelmente com a presença do guitarrista Izzy Stradlin, que saiu ainda no começo dos anos 90. No entanto, as partes silenciam sobre o assunto.
Se a reunião for apenas para algumas apresentações com caráter de celebração, talvez dê certo. Dependendo da receptividade, pode ensejar a realização de outros projetos.
No entanto, se a decisão for a de uma "volta definitiva", será difícil desassociar a iniciativa da pecha de "caça-níquel" – ou seja, com questionamentos pertinentes sobre as motivações para tal retorno. O Guns merecia muito mais na comemoração de seus 30 anos.
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
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