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O rock e a luta contra o apartheid

Maurício Gaia

19/11/2015 07h05

Mauricio Gaia

A história da África do Sul é marcada pela existência de uma das mais brutais políticas de segregação racial, o Apartheid. Ao longo dos anos, muitos se engajaram na luta contra este sistema e, é claro, a música foi uma plataforma importante de resistência e confronto.

Uma das músicas mais populares do país é "Ndodemnyama we Verwoerd", ou "Preste Atenção, Verwoerd" – Hendrik Verwoerd foi primeiro ministro da África do Sul, no período de 1958 até seu assassinato em 1966 e é considerado o "Arquiteto do Apartheid". Composta por Vuisiyli Mini, traz a mensagem: "Preste Atenção, Verwoerd, aqui vai o homem negro!". Esta canção foi regravada por vários artistas, como Miriam Makeba, e em 1989, vários artistas de Hip Hop, liderados por Afrika Bambaataa, lançaram uma versão, sob o nome "Hip Hop Against Apartheid"

Alguns anos antes, uma iniciativa semelhante, criada por Steven Van Zandt (à época, fora da E-Street Band, de Bruce Springsteen), reuniu vários artistas de Run-DMC a Ringo Starr, passando por Bruce Springsteen, Bob Dylan, U2, Miles Davis, Lou Reed, entre outros, que gravaram a canção Sun City.

Sun City é o nome de um cassino que se localiza no norte da África do Sul e que abrigava vários shows, inclusive de artistas como Queen e Black Sabbath. A canção, mais um libelo contra o apartheid, obteve razoável sucesso nas rádios, mas também foi foco de boicote em algumas estações norte-americanas.

Além de participarem desta gravação, os artistas envolvidos se comprometeram a nunca se apresentar em Sun City durante a manutenção do regime.

Mas não foram apenas nos anos 80 que o rock serviu como trilha sonora para os protestos contra o Apartheid. Durante os anos 70, na África do Sul, um fenômeno, desconhecido em grande parte do mundo, tinha suas músicas entoadas em protestos contra o governo e a polícia. O americano Sixto Rodriguez tinha suas músicas copiadas em fitas cassete quee corriam por todo o país e acabou influenciando toda uma geração de artistas locais.

A história de Sixto Rodriguez foi contada no filme "Searching For Sugarman", vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2013.

National Wake

Além disto, artistas sul-africanos como Johnny Clegg e National Wake, apresentavam-se com formações multiraciais, desafiando o status quo. Isto implicava, serem retirados algumas vezes do palco em meio de seus shows e serem conduzidos diretamente a algum distrito policial.

Ao redor do mundo, muitos artistas prestaram e ainda prestarão tributo a homens como Nelson Mandela ou Stephen Biko, fazendo com que sua história e a luta contra a segregação racial nunca sejam esquecidas.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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