Topo

Há 35 anos morria John Bonham, o mestre da bateria pesada

Combate Rock

26/09/2015 06h53

Marcelo Moreira

Os donos das casas noturnas da região de Birmingham, o chamado Black Country, odiavam quando a banda chegava e eles reconheciam o baterista, um jovem corpulento e irascível que descia o braço. O peso absurdo e som estourado incomodavam muitos clientes, que não raro iam embora sem pagar.

As bandas não tinham alternativa, já que John Bonham era o melhor das redondezas, em um tempo em que bateristas eram raridades, seja por saberem tocar, seja por terem, um bom instrumento. E o velho e bom Johnny tinha as duas "qualidades".

E assim o futuro mestre da bateria ia levando a vida, já casado aos 18 anos de idade e com a esposa grávida quando conheceu Robert Plant, outro moleque aspirante a artista, bancando o cantor de blues em clubes noturnos da região.

Os dois se trombaram em vários clubes noturnos nos anos seguintes, tocando juntos em alguns combos e jam sessions, ao memso tempo que tentavam se equilibrar em empregos e subempregos.

John Bonham (FOTO: DIVULGAÇÃO)

E foi em 1968, dois anos depois de se esbarrarem, que Plant indicou o amigo para a nova banda de um astro à beira da decadência, o respeitado Jimmy Page, então guitarrista dos Yardbirds e renomado músico de estúdio.

Meio ressabiado, Page aceitou a sugestão de seu novo vocalista e fez um teste com o bruto baterista de Birmingham que idolatrava o insano Keith Moon, do Who.

Os Yardbirds precisavam cumprir datas de shoes na Escandinávia, mas a banda não exista mais, pois só page e o empresário restaram. E Page estava com pressa para depois resolver a sua vida.

Mal sabia ele que, ali no porão de sua casa á beira do rio Tâmisa, estava construindo um dos gigantes do rock ao lado o baixista John Paul Jones, antigo amigo dos estúdios, o jovem Robert Plant nos vocais e o igualmente moleque Bonham, que espancava os bumbos. nascia o Led Zeppelin.

A chegada do baterista foi essencial para que o Zeppelin se tornasse a usina de rock pesado dos anos 70. O som de Bonham era pesado, intenso e com um senso rítmico inigualável.

A impressão que se tinha era a de um trem desgovernado prestes a destruir tudo pela frente, como é possível observar em "Communication Breakdown", "Immigrant Song", "Whole Lotta Love" e muitas outras.

Quis as coincidências da vida que Bonham trilhasse o caminho do ídolo e depois excelente amigo Keith Moon: insano, louco, excessivo e impossível.

Led Zeppelin, ainda como New Yardbirds, em outubro de 1968: Bonham é o primeiro da esq. para a dir. (FOTO: DIVULGAÇÃO)

 

Para suprir o tédio e as constantes ausência de casa por conta das turnês, Bonham bebia demais e zoava muito, descontando sempre em quartos de hotéis, automóveis e chatos de plantão. As brigas eram constantes em qualquer lugar, e as companhias, tão bebuns e insanas quanto ele, não ajudavam nenhum pouco.

Nem a morte do brother Moon, em setembro de 1978, causada por overdose acidental de medicamentos contra o alcoolismo, foi o suficiente para conter a bebedeira e a insanidade depressiva de Bonham, então um dos músicos mais ricosz e bem-sucedidos do mundo no final dos anos 70.

"Eu pensei que aquele fim estava destinado a mim, por isso foi um choque quando eu soube. Primeiro Moon, um dos nossos mestres, depois Johnny. Eu estava afundado nas drogas e na bebida, e fora da minha banda. 'Aguente firme, Johnny, logo logo eu já vou'… Quantas vezes eu pensei isso…", relembra Bill Ward, baterista do Black Sabbath e conterrâneo de Bonham, amigo de porres homéricos em Birmingham antes e depois da fama.

O Led Zeppelin capengava em 1980, após a recepção morna ao álbum "In Through the Out Door", de 1979, e juntava os cacos depois dos poucos shows na Europa no começo do ano.

Às pressas o empresário Peter Grant arrumou nova turnê americana para o final do ano e a banda precisava ensaiar. E foi no fatídico 25 de setembro de 1980, na primeira semana de ensaios, que Bonzo aprontou pela última vez.

Irritado por ter de ensaiar, e longe de casa – a propriedade rural de Jimmy Page -, o baterista enrolou no dia anterior para chegar, e fiz várias "paradas" em pubs pelo caminho. Chegou embriagado para ensaiar e lá continuou tomando as suas doses de vodcas, ora puras, ora com suco de laranja.

Sentou, com dificuldade, para tocar, mas não tinha condições. Tentou, mas a coordenação não ajudou. Um assistente e John Paul Jones o convenceram a ir dormir e se recperar para o dia seguinte.

Desmaiado em um dos quartos da casa de Page, assim permaneceu por mais de 12 horas. No final da manhã do dia seguinte, 25 de setembro, Jones e outro assistente, meio irritados, subiram ao andar de cima para acordar o baterista, já que o ensaio estava bastante atrasado. Encontraram-no sem vida.

O relatório do médico legista informou posteriormente que a morte ocorreu em decorrência da falência de órgãos ocasionada por excesso de ingestão de álcool – quantidade equivalente a 40 doses de vodca, ingeridas nas 24 horas anteriores à hora da morte.

Homem de hábitos simples, mas de personalidade complexa, John Bonham virou sinônimo de bateria poderosa e de rock pesado, elevando bastante o patamar técnico para o instrumento nos anos 70.

Sob a batuta de Page, tornou-se o motor do Led Zeppelin e de toda uma geração de músicos que aprendeu a tocar com força, potência e técnica apurada. Mais do que isso, virou sinônimo de bateria no rock.

 

 

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Há 35 anos morria John Bonham, o mestre da bateria pesada - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
Contato: contato@combaterock.com.br

Mais Posts