Pain of Salvation promete tocar clássicos dos primeiros álbuns em SP
Combate Rock
04/06/2015 06h45
Thiago Rahal Mauro – especial para o Combate Rock
O Pain Of Salvation retorna ao Brasil, lançando seu novo trabalho, "Falling Home", álbum de versões acústicas, incluindo covers e regravações. A última turnê da banda por aqui tinha sido em 2012. Em 2013, o líder Daniel Gildenlöw (vocalista e guitarrista), enfrentou sérios problemas de saúde, inclusive, passando uma severa temporada na UTI.
Agora, de disco novo, e com a saúde retomada, Daniel, e seus parceiros de banda; Ragnar Zolberg (guitarra solo e vocais), Léo Margarit (bateria e backing vocals), Daniel Karlsson (teclados e backing vocals) e Gustaf Hielm (baixo e backing vocals), retornam ao Brasil para uma série de shows e em São Paulo, onde tocam no dia 4 de junho, no Carioca Club. A abertura ficará por conta do Seventh Seal, que segue divulgando o elogiado "Mechanical Souls".
Daniel Gildenlöw recebeu a equipe do Combate Rock no quarto do hotel em que está instalado em São Paulo e concedeu uma entrevista bastante descontraída e até certo ponto reveladora.
Como está sua saúde agora? Está melhor dos problemas que teve?
Daniel Gildenlöw – Estou melhor do que antes, para ser sincero, obrigado por perguntar. Como você deve saber eu fiquei no hospital alguns meses devido à strep A, uma fascite necrosante, que é uma bactéria comedora de carne humana, ou seja, tive sorte de estar vivo. Eu acho que fiquei no hospital uns 4 ou 5 meses. Fiquei sob cuidados excessivos todos os dias. Foi uma época muito complicada, já que eu não sabia se ia melhorar totalmente, além disso, tinha que ficar longe da família muitos dias. Para mim, sobretudo foi complicado por causa dos meus filhos. Foi difícil ver como eles ficaram preocupados comigo e eu com eles. Por causa deste problema, comecei a pensar nas prioridades da vida, de como a família era importante, dos amigos. Eu nunca fui um cara de ir à academia e fazer exercícios físicos, mas por conta do problema eu tive que fazer muitos trabalhos nesse sentido. Tive que me adaptar uma nova maneira de ver e viver a vida, mas no fim deu tudo certo.
Você sempre busca um significado para as letras em seus álbuns. Acredita que hoje em dia as pessoas ainda param para buscar o significado das letras?
Daniel Gildenlöw – Eu acredito que sim, mas não da maneira como eu pensei ou até mesmo como foi a minha visão para aquelas letras. As pessoas têm a sua própria visão sobre as letras que eu escrevi, o que não quer dizer que elas estão erradas, pelo contrário, é a visão delas. Mesmo com a complexidade das letras e das músicas que eu faço, admito que muitas delas são bem complexas, mesmo pensando pelo da música "Mainstream", vendo por este aspecto, acredito ser possível que as pessoas busquem um significado para elas. Acho saudável quando fãs chegam para mim e tentam identificar o que quis passar em uma música. Gosto bastante desta sensação.
Sobre o novo álbum, "Falling Home", de 2014. De quem foi a ideia de gravar alguns covers em novo formato? A versão de "Holy Diver" (Dio) ficou realmente diferente.
Daniel Gildenlöw – Sim, realmente ela ficou bem diferente da versão original. Nós realmente gostamos de tocar covers dessa maneira, não tão usual ou como a maioria das bandas fazem. Quando nós ensaiávamos até mesmo antes do primeiro álbum, nós tínhamos o costume de ensaiar com tempos diferentes para as músicas ou bem diferentes do original, até mesmo para as composições do Pain of Salvation. Uns anos depois, não lembro a data exatamente, nós tocamos em uma festa desta maneira, em um modo meio jazz, digamos assim, e gostamos bastante. Então quando resolvemos gravar este novo trabalho, primeiro pensamos na "Mob Rules", do Black Sabbath. Eu sempre tive o vinil desse álbum, mas lembrei da "Holy Diver" que é uma música que tinha mais a ver comigo e todo mundo da banda gostava. Eu dei a ideia para o produtor e ele gostou, então pensamos porque não fazer. Espero que as pessoas tenham gostado dela, mas de sua maneira. A intenção foi realmente fazer algo bem diferente.
Eu considero que o Pain of Salvation tem duas fases distintas na carreira. Antes e depois do álbum "Be". Você concorda?
Daniel Gildenlöw – De uma certa maneira, sim, concordo. Eu recebo um feedback enorme dos fãs dizendo o quanto esse trabalho mudou as suas vidas, o quão genial ele foi naquela época, mas pensando no lado comercial, é o contrário. Toda vez que vamos para o estúdio gravar um novo disco a gravadora fala conosco, pelo amor de deus, não façam mais um álbum como o "Be". É engraçado e confuso essa mistura de sentimentos. Pessoalmente, eu adoro esse álbum. Na época, recebemos uma oferta de uma orquestra de nossa cidade se queríamos fazer algo com eles. Achei a ideia genial e honestamente, eu nunca tinha feito com orquestra antes. Um fato curioso é que o álbum ao vivo de "BE" foi gravado antes do disco de estúdio do "BE". Inclusive, muitas das letras não estavam totalmente prontas quando fizemos o álbum ao vivo. Se você prestar atenção nas letras, elas são um pouco diferentes porque eu tive que improvisar ali na hora, pois elas não estavam totalmente prontas. Quando lembro dessa época, ainda penso no stress que tive com todo aquele momento, mas foi um bom stress.
Pain of Salvation é uma banda que nunca faz o mesmo álbum em cada lançamento. Este é um dos motivos para a lealdade dos seus fãs?
Daniel Gildenlöw – De certa maneira, sim, nós nos desafiamos diariamente. É uma grande prova para gente quando em cada álbum buscamos coisas diferentes. Alguns fãs não entendem muito isso, por exemplo, nos últimos álbuns algumas pessoas vieram falar conosco que nós mudamos bastante, que queriam algo parecido com o "Remedy Lane" ou "Entropia". Como músicos acho importante sempre mudar, buscar coisas novas. Recentemente tocamos o "Remedy Lane" inteiro em um show e foi bem divertido, mas, ao mesmo tempo estranho revisitar aquele material. Enfim, o importante nestes casos é sempre ser honesto com você mesmo e fazer sempre coisas novas.
Por fim, para você qual é o melhor momento do Pain of Salvation?
Daniel Gildenlöw – Eu me lembro perfeitamente de um show que fizemos na Índia. Estava lotado e foi nossa primeira vez lá. Quando chegamos no local, vi que tinha uma rampa perto de onde íamos tocar e tive uma ideia maluca de entrar no palco sendo puxado por um Riquixá. Normalmente, os produtores diriam que isto não seria possível, mas eles gostaram da ideia e fizemos. O público era bem louco, pulavam o tempo todo, faziam moshs incríveis. No final do show, a energia do palco foi cortada, não entendemos direito porque, então, um fã foi lá e ligou sem autorização nenhuma e continuamos o show. Foi uma noite histórica e nunca vou me esquecer.
SERVIÇO – PAIN OF SALVATION EM SP:
Dia 4/06- Quinta feira (Feriado)
Horário: 17h30
Banda convidada: Seventh Seal
Horário dos shows: Seventh Seal: 18h / Pain of Salvation-: 19h30
Local: Carioca Club (Rua Cardeal Arcoverde, 2899- Pinheiros- São Paulo-SP)
Ingressos:
Pista:
Estudante: R$90,00
1º lote: R $100,00
2º lote: R$120,00
3º lote: R$130,00
Na Porta: R$180,00- Inteira
Camarote:
1º lote/estudante- R$140,00
2º lote: R$150,00
3º lote: R$160,00
Pontos de Venda:
São Paulo: Mutilation (Galeria do Rock) / Carioca Club
Santo André: Metal CDs
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
Sobre o Blog
O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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