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Os Monkees se recusam a morrer

Combate Rock

25/05/2015 07h00

Marcelo Moreira

O cadáver The Monkees se recusa a ser sepultado. parte do que restou da banda anunciou que fará uma rara apresentação em Londres neste ano, no Hammersmith Apollo, no dia 4 de setembro. A performance terá participação dos fundadores Micky Dolenz (voz e bateria) e Peter Tork (baixo e voz). No entanto, Michael Nesmith (guitarr e voz) não estará na celebração. O vocalista Davy Jones morreu em 2012, aos 66 anos.

O grupo foi formado pela rede NBC, em 1966, para que pudesse rivalizar com os Beatles. Após o fim do grupo, em 1971, o Monkees tentou retomar as atividades em diversas outras oportunidades.  Foram vários os retornos nos 40 anos seguintes, o último em 2013, já sem Jones e com Nesmith de volta.

Apesar de nitidamente surgir como uma resposta aos Beatles, o sucesso extrapolou as mais altas expectativas.  No início, deveria ser apenas uma atração de TV – começou como um seriado -, com a realização de shows ocasionais.

Os músicos/atores (mais atores do que realmente músicos) foram selecionados em 1965 a partir de audições específicas e concursos. Os quatro selecionados começaram a gravar os episódios da série no ano seguinte em um ritmo frenético, enquanto gravavam músicas pop de vários compositores, alguns contratados exclusivamente para abastecer os álbuns.

A "armação" deu tão certo que os shows e os álbuns ficaram tão importantes quando o seriado de TV, e os Monkees se tornaram de fato uma banda de pop/rock no verdadeiro sentido da palavra, fazendo turnês extensas com músicos de apoio.
Tanto que o seriado acabou depois de três temporadas, em 1968, mas a banda continuou existindo sem vínculos com a emissora de TV – e sem as amarras que os impediam de gravar suas próprias composições, brecadas pelos produtores musicais. O programa televisivo acabou e 1968.

Foto promocional da banda no lançamento do seriado, em 1965 (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Ironicamente, o fim do seriado na TV foi o início do declínio, já que o tipo de pop bobinho, açucarado e inofensivo havia muito tempo estava fora de moda, atropelado pelo movimento hippie, pela psicodelia e pelas canções de protesto. Ainda houve tempo para um projeto ambicioso, a filmagem de um longa-metragem, "Head", que fracassou nas bilheterias.

Os álbuns deixaram de vender como antes e os desentendimentos entre os quatro se tornaram mais frequentes. Peter Tork saiu em 1969 e Nesmith, no seguinte. Dolenz e Jones até tentaram levar adiante a banda como um duo, mas o fim foi inevitável em 1972.

Ao longo dos anos os quatro fizeram turnês solo com o material dos Monkees, até que houve uma tentativa de volta da formação original nos anos 80, sem sucesso. A partir de então Nesmith decidiu não mais participar de qualquer reunião oficial – comparecia apenas a eventos específicos, em shows esparsos de celebração.

Os Monkees foram uma armação? Sim, uma banda inventada por um produtor e fabricada em um estúdio de televisão, mas ganhou vida própria, e teve muitos méritos nisso – inclusive para romper com "pais" da ideia e seguirem caminhando por si só, mesmo com o risco – enorme – de insucesso.

Tiveram coragem e pulso para encarar esse desafio e superaram, ainda que por pouco tempo, a pecha de "banda artificial" – injustamente, era considerado algo como um Menudo da vida. vale lembrar que, dos quatro, Michael Nesmith e Peter Tork eram músicos de verdade, enquanto Micky Dolenz era ator de teatro e ex-ator infantil de TV e cinema; Davy Jones, talvez o menos versátil, nasceu na Inglaterra e chegou aos Estados Unidos para tentar a carreira de cantor.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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