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Morre Andy Fraser, o grande baixista da banda Free

Combate Rock

17/03/2015 18h30

Marcelo Moreira

A formação clássica do Free: da esq. para a dir., Paul Rodgers (vocal), Simon Kirke, bateria, no alto), Andy Fraser (baixo, em primeiro plano) e Paul Kossof (guitarra) (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O garoto Andy Fraser adorava impressionar os outros. Precoce e bastante autossuficiente, embora tranquilo e um pouco tímido no começo de carreira, gostava tanto de seu instrumento, o baixo, que não se contentava apenas em marcar o ritmo. Seus espelhos era John McVie (ex-John Mayall e Fleetwood Mac), John Entwistle (The Who) e Jack Bruce (Cream), instrumentistas que expandiram o som das quatro cordas para além da simples marcação.

Quando Free foi criado para ingressar no circuito blueseiro de Londres, em 1967, chamou a atenção pela força e potência do som, e por uma seção rítmica poderosa, com Fraser fazendo uma dupla impecável com o baterista Simon Kirke. Banda de moleques, que tinham entre 17 e 18 anos quando começaram a chamar a atenção, o Free mostrou que era possível fundir blues e rock de forma mais visceral e menos jazzística, em oposição ao Cream, ao Fleetwood Mac e ao Savoy Brown, mais puristas.

O quarteto foi um dos que deu o pontapé para a consolidação do chamado blues rock, e a composição da banda foi fundamental em todos os sentidos. Se no rock pesado os guitarristas deram o tom – Jimmy Page (Led Zeppelin), Tony Iommi (Black Sabbath), Ritchie Blackmore (Deep Purple) e Mick Box (Uriah Heep), entre outros -, no caso do Free foi uma fusão de habilidades,.

A guitarra dura e com pegada forte de Paul Kossof foi importante, mas não mais do que o baixo inventivo e carregado de vários elementos de Fraser, a bateria marcial e precisa de Kirke e o vocal elegante, emotivo e agigantado de Paul Rodgers. O quarteto era tão visceral e lancinante que durou pouco, graças à intensidade de sua música, tão grande quanto à inexperiência, falta de maturidade e ao deslumbramento dos quatro moleques.

A discrição e a tranquilidade de Fraser nunca foram empecilho para que fosse reconhecido como um dos gigantes do baixo roqueiro. Sua morte, ocorrida hoje, aos 62 anos, na Califórnia (EUA), apenas evidencia a importância do garoto prodígio que deixava de curtir shows de ídolos e de amigos para ficar na beira do palco, vidrado em cada linha de baixo tocada por quem estivesse no palco, fosse um desconhecido ou monstros como Entwistle ou Bruce.

Fraser teve uma carreira solo de respeito, mas sem grande destaque, mas se tornou uma personalidade importante na luta pela disseminação do conhecimento, combate e pesquisas de cura da Aids – ele contraiu a doença nos anos 80, e sua discrição nunca permitiu que ele se aprofundasse na questão de sua contaminação. O foco sempre foi avançar e lutar para continuar vivo, o que ele conseguiu com grande mérito, dentro das circunstâncias.

Apesar da causa de morte não ter sido anunciada, Fraser lutava contra AIDS e câncer nos últimos anos. Em nota oficial, a família divulgou o seguinte no site do músico: "Andrew McLan Fraser faleceu na segunda-feira em sua casa na Califórnia. Ele deixa suas filhas Hannah e Jasmine Fraser e a mãe de suas filhas Ri, sua irmã Gail, irmãos Gavin e Alex e muitos amigos e associados na indústria. Um sobrevivente de câncer e Aids, Andy era um ativista social forte e defensor de direitos humanos individuais."

Carreira meteórica

O quarteto Free logo chamou a atenção de várias gravadoras e promotores de shows pouco depois de sua criação, com seu blues furioso, tornando-se o queridinho do blues rock britânicos. O auge veio em 1970, com o álbum "Fire and Water", considerado até hoje um clássico do rock inglês.

Ao mesmo tempo em que eram talentosos, os quatro tinham egos imensos e brigavam com muita frequência. O grupo implodiu em 1972, com a saída de Kossof devido a excesso de drogas e às brigas entre Fraser e Rodgers.

Kossof tentou um gravar naquele ano um álbum solo com a ajuda do baixista Tetsu Yamauchi (que depois foi para o Faces) e do tecladista John "Rabbit" Bundrick (que desde 1979 é músico de apoio do Who). O álbum "Kossof, Testu, Rabbit and Kirke" foi gravadp, mas só lançado muito mais tarde.

No final de 1972 houve uma tentativa de reunir o Free, mas as brigas entre Rodgers e Fraser pioraram, assim como o vício de Kossof em drogas. O último álbum, "Heartbreaker", de 1973, não contou com Fraser, sendo que Kossof tocou apenas em algumas músicas apenas.

Bundrick e Yamauchi completaram as lacunas, mas não houve jeito, o final foi irreversível. O álbum, entretanto, teve boa recepção, e o maior hit da banda depois da ótima "All Right Now", o maior sucesso: "Wishing Well".

Andy Fraser foi cuidar de sua vidam gravou alguns álbuns solo, mas mergulhou no ostracismo. Kossof criou a banda Backstreet Crawler, gravou dois discos solo e morreu em 1976 durante um voo entre a Inglaterra e os Estados Unidos. Sofreu um ataque cardíaco em consequência do excesso de drogas.

Paul Rodgers e Simon Kirke formaram o Bad Company em 1974 com Mick Ralphs (guitarra, ex-Mott the Hoople) e o baixista Boz Burrell (ex-King Crimson).

 

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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