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Albert Maysles e o fim da inocência dos anos 60

Maurício Gaia

07/03/2015 19h15

A notícia passou meio que batido para muita gente no Brasil. Quinta-feira passada morreu o cineasta Albert Maysles, aos 88 anos. Documentarista, ele foi o responsável pelo registro em película da primeira passagem dos Beatles nos Estados Unidos, em 1964. Também dirigiu, juntamente com seu irmão, David, o filme Gimme Shelter, sobre o show dos Rolling Stones em Altamont, em 1969.

Considerado um dos principais nomes do "cinema direto", em que a câmera limitava-se a registrar os acontecimentos, tentando interferir o mínimo possível no ambiente, Maysles conseguiu em seus registros musicais mostrar dois fenômenos complementares – o início da Beatlemania, em 64, e a rebordosa do flower power, em Altamont.

Em passagem pelo Brasil em 2011, Albert disse que foi contratado para filmar a passagem dos Beatles pelos EUA horas antes do desembarque da banda no aeroporto em Nova York e que ele sequer havia ouvido falar neles. O resultado: um registro puro de quatro garotos que, ao mesmo tempo, sabiam bem o que buscavam, mas também se deslumbravam com todo o frenesi que os acompanhava.

Em 1991, o filme "What's Up! The Beatles in USA" foi remontado e ganhou o nome de "The First U.S. Visit", com a inserção de vinte e dois minutos de apresentações feitas no Ed Sullivan Show e a retirada de várias cenas em que o empresário da banda Brian Epstein aparecia.

David Maysles, Mick Jagger, Albert Maysles e Charlie Watts (Foto: Zef Films)

Já em Gimme Shelter, temos o fim da inocência flower power – o que era para ser o registro da grande consagração dos Rolling Stones em seu próprio "Woodstock", o Festival de Altamont, acabou trazendo à tona a morte de Meredith Hunter, esfaqueado por um Hell's Angel. Para quem não sabe ou não se lembra, o gang de motoqueiros havia sido contratada para fazer a segurança do evento.

Um dos pontos altos do filme é o momento em que os Maysles apresentam a Mick Jagger a cena em que o jovem é esfaqueado. Sua reação frente ao que vê é de desalento. O sonho dos anos 60 havia acabado.

 

Albert e David Maysles também dirigiram outros documentários importantes, como Salesman, enfocando o trabalho de quatro vendedores porta-a-porta de bíblias nos EUA, e Grey Gardens, sobre a vida decadente de duas parentes de Jacqueline Kennedy Onassis.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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