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King Crimson e Ian Anderson nos lembram que o progressivo vai muito bem

Combate Rock

05/03/2015 06h55

Marcelo Moreira

Os punks morreram, e os dinossauros estão rindo cada vez mais alto. A piada cruel tem um fundo de verdade, mas enquanto os primeiros hoje estão cada vez mais no undeground, os vovôs do rock progressivo ainda mostram vitalidade e alguma qualidade em trabalhos novos – e outros nem tão novos assim.

Ninguém entendeu muito bem, mas Ian Anderson resolveu acabar com o Jethro Tull no ano passado – ou melhor, comunicar que a banda já não existia havia algum tempo. No lugar, ele inventou um Jethro Tull's Ian Anderson  , para reforçar que ele é a banda e a banda é dele – como se isso fosse preciso.

Quando a grande obra-prima "Thick as a Brick", de 1972, completou 40 anos de seu lançamento, o cantor e flautista escocês disse que estava preparando a sua sequência, e logo em seguida colocou nas lojas "Thick as a Brick 2", creditado apenas a Jethro Tull's Ian Anderson

Era irreal esperar que o a segunda parte tivesse o mesmo impacto e a mesma qualidade, mas agradou a parte do público apreciador do som característico da banda. E eis que sua versão ao vivo, em CD e DVD, ganhou relevância pela excelência do material executado em um lugar improvável  a solitária e isolada Islândia, no extremo noroeste da Europa.

"Jethro Tull's Ian Anderson  Plays Thick as a Brick Live in Iceland", lançado no Brasil, abre mão da grandiosidade com que o rock progressivo se firmou nos anos 70,  e opta pelo estilo concerto, com exímia exibição dos músicos e gravação impecável em um belo local na cidade de Reykjavik, a capital do país.

Executando as duas partes de "Thick as a Brick", como em toda a turnê europeia daquele ano – show que também foi executado em São Paulo, em 2013, e parcialmente no último Psicodalia, no carnaval de 2015, em Santa Catarina -, Anderson privilegiou a música e a interpretação da ópera-rock da vida do garoto prodígio Gerald Bostock.

Os efeitos de iluminação dão conta do recado, em uma apresentação sem pirotecnia ou distrações especiais. É rock de qualidade, com uma banda de apoio afiada – ainda assim, como faz falta o excelente guitarrista Martin Barre, com seu acento bluesy e seus solos inspirados…

Inspiração não faltou á enésima encarnação do King Crimson, aquela banda inglesa de rock progressivo que muitos afirmam ser mais de jazz do que de rock. Desde que anunciou o retorno às atividades em 2013, sem o baterista Bill Bruford e o guitarrista e vocalista Adrian Belew, ficou a dúvida sadia: que tipo de música o agora septeto liderado pelo maestro Robert Fripp?

The Elements of King Crimson US Tour of 2014 rendeu um pequeno souvenir da trnê. "Live at the Orpheum" foi registrado nos dias 30 de setembro e 1º de outubro de 2014 no famoso teatro de Los Angeles e traz altas doses de virtuosismo e um pouco menos de experimentalismo. Para o álbum ao vivo, o grupo privilegiou temas instrumentais representando quase todas as fases dos 45 anos de carreira da banda.

São duas as peças estranhas ao repertório. Um tema de autoria do novo baterista, Gavin Harrison, um craque da baquetas que tocou no excelente Porcupine Tree. "Banshee Legs Bell Hassle"  é um tema forte, mas quase uma vinheta, baseado na percussão jazzística e no improviso, com ótima presença dos outros dois bateristas, Pat Mastelotto e Bill Rieflin.

A outra é uma composição nova, criada por Fripp, o saxofonista Mel Collins e o baixista Tony Levin. "Walk On: Monk Morph Chamber Music" é King Crimson puro, com sua levada precisa, mas bem construída em cima de melodias ousadas e construções harmônicas intrincadas, bem ao estilo da banda.

"Os temas clássicos ganham roupagens mais modernas e um pouco mais de improvisos, como "Starless" e "Sailor's Theme", enquanto a mais recente "The ConstruKtion of Light" ganha peso e musculatura em uma interpretação soberba do novo guitarrista, Jakko Jakszyk. Outro destaque é "One More Red Nightmare", uma canção resgatada da época do primeiro fim da banda, entre 1974 e 1975, quando o baixista era John Wetton – coautor da música. O álbum ainda não tem previsão de lançamento no Brasil.

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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