Rock in Rio 1 faz 30 anos e ainda é tão relevante quanto sempre foi
Combate Rock
10/01/2015 19h24
Marcelo Moreira
A cena se repetiu em todos os dias de shows: gente ajoelhada, agradecendo aos céus, ou a seja lá quem for, pela oportunidade, até então única, de participar de um evento que marcou a história da cultura de um país, com um impacto tão grande para os brasileiros quanto o de Woodstock para o rock mundial. E realmente tudo remetia ao festival norte-americano ocorrido 16 anos antes: os mergulhos na lama, os agradecimentos, a curtição, a felicidade e artistas de qualidade… o Rock in Rio 1 foi o nosso Woodstock, e a frase ecoou durante o evento no Rio de Janeiro.
Houve quem comemorasse o "fim da exclusão" da América do Sul das turnês mundiais. Trinta anos atrás, eram poucas as bandas de renome que se aventuravam no Hemisfério Sul (exceto Austrália e Nova Zelândia). Queen e Kiss tinham passado por aqui na primeira metade dos anos 80, com imenso sucesso e polêmicas variadas, sem contar os problemas corriqueiros como sumiço de equipamentos, riscos de não pagamento, entre outras coisas. Antes deles, de forma pontual, apareceram Alice Cooper, Rick Wakeman, Genesis e The Police. Muito pouco para o mercado potencial que Brasil e Argentina representavam.
Até hoje muito se fala sobre a importância do evento para o país, seja na área do entretenimento ou do mercado em geral. A cada análise, os superlativos se avolumam, não sem razão, por mais que se apele aos clichês. O maior festival já realizado no Brasil? Possivelmente. É um marco que divide o rock nacional no "antes e depois" do Rock in Rio? Provavelmente.
Importância comprovada e ratificada, e transformada em uma marca internacionalmente valiosa e poderosa, o Rock in Rio abriu uma série de possibilidades para uma indústria fonográfica e de entretenimento imatura e conservadora, que nunca se caracterizou pela criatividade. Escancarou as portas para um mundo novo, desconhecido e fascinante para um público que então só podia se contentar com os LPs em vinil de artistas estrangeiros importantes e nos poucos – e toscos – vídeos de shows em VHS.
O Rock in Rio transformou a cultura nacional, arrombou a porteira de um mercado represado e inundou os apreciadores de música com um otimismo nunca antes visto, empurrando adiante uma série de projetos e colocando o rock como elemento propulsor de ideias e de valorização da juventude, estimulando o surgimento de uma nova maneira de se lidar com cultura jovem e popular – sem falar que transformou literalmente as vidas de milhares e milhares e milhares…
Queen, Yes, Iron Maiden, AC/DC, Ozzy Osbourne, Whitesnake, James Taylor e todos os outros artistas escalados tiveram um efeito semelhante ao da nave Enterprise, em "Jornada nas Estrelas", desbravando novos mundos e indo audaciosamente indo onde nenhuma grande banda jamais esteve"… (Será mesmo?????)
O gigantismo está associado à marca do festival, assim como certos exageros. Há gente que afirma categoricamente que o rock no Brasil jamais atingiria os patamares que atingiu ou ganharia a importância que já teve se o Rock in Rio 1 não tivesse existido. Descontando-se o superdimensionamento da importância do evento, cuja influência é sentida até hoje, certamente que as coisas seriam muito, mas muito diferentes sem o festival.
O Rock in Rio foi decisivo ao ajudar a moldar uma nova forma de comportamento jovem e de fomentar estilos diferentes de vida, até então restritos a guetos e nichos específicos. Não é pouca coisa. O Rock in Rio 1 completa 30 anos e v~e o seu legado cada vez mais cultuado e reverenciado. É um dos eventos que ajudaram a mudar e definir a história do entretenimento e da cultura em um país. Só temos de reverenciar e agradecer por tudo o que representou, representa e pelo legado que deixou.
Clique aqui para ler um bom relato, no site Vírgula, de como foi o Rock in Rio 1 em 1985
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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