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Vento Motivo mostra coesão em seu novo CD - parte 1

Combate Rock

21/12/2014 12h00

Dum de Lucca – do site Jukebox

A banda paulistana "Vento Motivo", formada pelos experientes Marcião Gonçalves, no baixo, guitarras e vocais; Fernando Ceah, vocais; Kim Kehl na guitarra solo e vocais e Binho na bateria, está lançando seu quarto álbum, "O Voo Do Marimbondo", com a produção artística de Carlos Perren. A boa surpresa ao ouvir o trabalho é o reflexo natural e orgânico da própria história e vivência dos músicos.

Uma pancada, mas não no sentido de peso, pois são as várias referências muito bem equilibradas e exploradas que dão qualidade ao disco. Onzes faixas que têm como maior mérito a autenticidade na formatação de um som, um estilo próprio que se exterioriza em canções que apresentam desde influências da Jovem Guarda (anos 1960), até Pop, Rock, Progressivo e MPB. Tudo arrematado por letras com poesia forte.

Pois bem, "Primeiro de Abril" abre o trabalho e o som, de cara, especialmente pela levada, é uma legítima canção dos anos 1960, até mesmo com uma cara pop tipo Sidney Magal com Kinks. O instrumental é refinado. Guitarras bem colocadas, metais idem, com um o ritmo quebrado todo tempo. Já "Segunda-feira Será" inicia com uma guitarra esperta, é um rockão com baixo marcante e eflúvios de The Clash da fase "Combat Rock".

Impressionam as tramas das guitarras e a dinâmica com que a canção se desenrola, pinceladas bem executadas e Fernando mandando bem, como em todo play. "Mary Jane" é sim uma canção de amor, mas não daquelas piegas. Vem com uma massa sonora coesa, e é um dos pontos fortes do "O Voo do Marimbondo".

Não se pode dizer que o "Vento Motivo" é uma banda de rock pesado, como por exemplo as fodonas Pedra, Carro Bomba, Baranga e Tomada, mas é inegável o selo de qualidade do rock produzido. E assim a audição prossegue com a belíssima "O Barco e o Porto", que pode ser uma analogia a própria existência humana, como sua letra faz crer. Têm guitarras pontuais certeiras e arranjos bem estruturados.

A uniformidade do disco agrada. Como em "A História Atual dos Talentos", outra boa faixa onde cordas dão uma matiz ágil e gostosa, o que confirma o quanto uma banda pode inovar usando o talento sem "inventar" recursos fakes e mal colocados. A balada "Clareia" põe a boa voz de Fernando em primeiro plano. A música pode tocar fácil na rádio, pois é bela, tocante, densa e gruda.

Boas guitarras, uma linha melódica limpa e ambiência que se encaixam perfeitamente com a literatura. Aliás, o entrosamento do grupo é notável. "Karate-Do (A Liga Justiça)" é uma canção punk clássica, e ai me vem à cabeça o quanto de repertório os caras têm no inconsciente, pois notadamente nenhum deles é punk, ou pretende tocar punk rock.

E tudo se mixa na geleia geral da criatividade, que sem espaço para a infelicidade voa plena. "Voo do Marimbondo" é repleto de sonoridades, detalhes, e fica óbvia a preocupação em acertar o alvo. A elevada (porque provoca bem-estar) "A Despedida do Poeta" seria o single do álbum.

Bem pensada, construída com sensibilidade e com extensão emocional, une em simbiose letra e música, o som que pega a alma. E encerrando dois rocks puros: "A Lei que Vale" e "Vem Sol Vai Chuva" mantém a ambiência e confirmam que o "Vento Motivo" entrega um CD pleno, honesto e sobretudo bem pensado e executado com profissionalismo e tesão. Participações especiais de Rodrigo Hid (Pedra) teclados; Cássio Poletto, violino; Renata Tatá Martinelli, voz; Andre Knobil e Paulo Roberto Pizzulin, metais e Noel Andrade, viola caipira.

 

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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