Finho, vocal do 365, relança livro e chega à carreira solo
Combate Rock
17/11/2014 10h00
Marcelo Moreira
Finho é nome de atacante de várzea que um dia jogou no Corinthians. Foi isso o que ouvi recentemente a respeito da menção ao nome de um dos artistas mais interessantes de São Paulo dos últimos 30 anos – e ele não se importa, insistindo na discrição ao comentar seu próprio trabalho.
Poucos sabem que o músico que alguns zombeteiramente identificam como "atacante da várzea" é o autor da música que é a cara de São Paulo – é claro que não estamos falando da indefectível e brega "Sampa", de Caetano Veloso. Carlos "Finho" Telhada é o vocalista da cultuada banda underground 365 e autor do hit "São Paulo", uma ode um pouco amarga, mas também orgulhosa, à capital paulista.
"Não me assombra o fato de ter virado um hit monstruoso, mas tenho de reconhecer que foi um pouco assustador na época, meados dos anos 80, ver o tamanho que a coisa tomou: um dia estávamos sem dinheiro algum, jogados na zona norte de São Paulo; no outro, tocando no Chacrinha…", diz o músico.
Finho ainda se mantém na ativa com o 365, mas acaba de engatar uma carreira solo com o CD "Paramita", recém-lançado. Além de músico, é escritor, pintor e empresário – capitaneia uma editora, a Naturales11a, e um selo musical, o Naturales11a Records.
Sua obra literária mais recente, "Poemas de Combate", de 2011, acaba de ser reeditada e mostra um artista multimídia com preocupações sociais e espirituais, trazendo poemas escritos ao longo de 25 anos e muitas letras de músicas do 365 e de seu trabalho solo.
O passado punk e agressivo do 365 fica um pouco de lado em "Paramita", um trabalho semi-acústico e de cunho reflexivo, com letras influenciadas pela filosofia budista e pela infância difícil no emblemático bairro da Freguesia do Ó, na zona norte paulistana.
"Considero o CD um projeto que resume a minha carreira de mais de 30 anos na música, e que pode também mostrar um pouco do trabalho autorial marginal dentro da metrópole. Luto pela valorização da arte da periferia e de artistas que pouco espaço encontram para divulgar suas produções. Eu me orgulho de ainda ser um visionário aos 51 anos de idade", afirma.
Finho é o convidado desta semana do programa de web radio Combate Rock, na Rádio UOL. Em mais de uma hora de entrevista, ele contou um pouco de sua infância complicada, sua trajetória musical e seus projetos atuais na música na literatura e na pintura. O programa estará disponível logo mais, ainda na manhã desta segunda-feira.
Histórico
Fundada em 1983, o 365 foi um dos expoentes da fase final do movimento punk-rock e new wave no país. Com Miro de Melo (bateria), Tiquinho (guitarra), Adauto (baixo) e Oclinhos (vocal), a banda ficou conhecida no circuito underground paulista por suas canções de protesto.
Em 1985, a banda passa por uma reformulação com a entrada de Ari Balthazar (guitarra), Mingau (baixo) e Finho (vocal). Com um estilo voltado para o pós-punk, sua música foi intitulada por alguns críticos como rock de combate – e o Combate Rock sempre aprovou tal rótulo!!!!
Em 1986 é lançado o disco-mix contendo as músicas "São Paulo" e "Canção para Marchar", a canção "São Paulo" torna-se um grande sucesso e posteriormente um clássico do rock nacional. Com a repercussão positiva, em 1987 lançam seu primeiro álbum homônimo, contendo entre outras músicas, uma versão de "Grândola, Vila Morena", música do cantor e compositor português Zeca Afonso. A música original foi utilizada, na década de 70, como senha de sinalização durante a Revolução dos Cravos, em Portugal.
A discografia da banda é composta por quatro álbuns, uma coletânea e um compacto com duas músicas em formato EP. O último trabalho é "Do Outro Lado do Rio", de 2005. No próximo dia 28 de janeiro fará um show especial no Sesc Belenzinho, na zona leste de São Paulo, para comemorar os 25 anos do lançamento do primeiro álbum.
Em 2012, a música "São Paulo" foi escolhida pelos leitores do blog Combate Rock como a trilha sonora roqueira da capital do Estado, que então completava 458 anos de fundação.
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
Sobre o Blog
O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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