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Salário Mínimo: comemorações sem fim dos 30 anos de banda

Combate Rock

01/11/2014 07h08

Julio Verdi – do blog Ready to Rock

O Salário Mínimo se enquadra na categoria de banda precursora. Afinal, junto a nomes como Golpe de Estado, A Chave do Sol e Platina fez parte da primeira geração daquele hard rock mais pesado e elaborado do que alguns emergentes dos 70 praticaram. Com sua data de formação oficializada em 1981, a banda debutou em estúdio 1984. Naquele ano, coletânea "SP Metal" mostrava o poder de fogo da banda, nas faixas "Cabeça Metal" e "Delírio Estelar". A partir daí a banda galgou cada vez mais espaço com seu show enérgico e divertido, até que em 1987 a banda conseguiu lançar seu primeiro LP, "Beijo Fatal", que saiu pela então major RCA e chegou a vender 78 mil cópias. Mais tarde a bolacha foi lançada em forma digital.

Após uma pausa em sua carreira nos anos 1990, a banda retornou em 2004 e soltou em 2010 seu segundo álbum, "Simplesmente Rock", que mostrou um grupo maduro e que caprichou na produção sonora. Abriu recentemente shows de grandes nomes internacionais como Scorpions, Twisted Sister, UDO, Uriah Heep e The Rods. A banda conta hoje em suas fileiras com China Lee (vocal), Daniel Beretta (guitarra), Junior Muzilli (guitarra e voz), Diego Lessa (baixo e voz) e Marcelo Campos (bateria).

Conversamos com o vocalista China Lee (presente desde as primeiras formações do grupo) e com o baixista Diego Lessa, sobre passado e presente do Salário e sua visão sobre a cena do rock/metal do Brasil hoje em dia.

Ready to Rock – China, como você, dentro da banda enxerga a importância do Salário Mínimo na história do rock e hard-rock brasileiros?
China: Eu acho que a banda contribuiu e vem contribuindo para o Heavy Metal Nacional, somos uma banda que faz bastantes shows e trabalha muito em prol da cena.

RR – A banda cessou as atividades em 1990, retomando-as em 2004. Porque a banda acabou naquela época e o que motivou essa volta?
China: A banda acabou naquela época porque eu resolvi sair da banda e seguir novos trabalhos com outros músicos no Extravaganza. A motivação da volta foi, após um show na Led Slay, onde quase mil fãs cantavam nossas musicas enlouquecidamente, foi quando percebi que a banda Salário Mínimo estava mais viva do que nunca mesmo depois de tantos anos longe dos palcos.

RR – "Simplesmente Rock" é um álbum que esbanja variedade. Os efeitos de wah-wah estão por toda parte, têm músicas pesadas como "2000 Anos" e "Delírio Estelar", outras mais cadenciadas e cheias de groove ("Sofrer", "Sob Seus Pés"), baladas ("Voyer", "Ao Menos em Sonho") e outras na linha hard tradicional, como "Homens com Pedigree" e "No Seu Mundo" (totalmente 'vanhalística'). Como foi o processo de composição do álbum?
China: Havia muitas musicas paradas que foram oferecidas para mim por compositores que eu gosto muito e já trabalharam comigo em outros projetos anteriormente e inclusive no próprio Salário e com a nova formação fomos escolhendo as melhores musicas.

RR – A faixa "2000 Anos" tem uma letra interessante. Como foi sua inspiração?
China: Essa musica é de um dos compositores que fez parte da banda na nossa volta em 2004. Alan Flavio foi guitarrista da banda e compositor dessa musica, ela tem uma forte influência espiritual, ele desenvolveu essa musica lendo livros espíritas. Quando ele me mostrou a musica, eu me apaixonei por ela e tentei interpretar da melhor maneira possível.

RR – Gostei muito da produção do disco. Como o trabalho de Henrique "Babbom" (AudioPlace) foi crucial para esse resultado?
Dieego Lessa: Sim, o Baboom foi e é um dos melhores produtores que conhecemos. Um profissional excelente, ele veio não só para somar, mas sim para multiplicar dentro da banda, o "Simplesmente Rock" foi o nosso primeiro trabalho com ele e gostamos muito do resultado que chegamos no disco, ele também é o produtor do nosso novo single "Fatos Reais", com certeza foi o primeiro de muitos com o Henrique Baboom.

RR – O disco foi lançado também na Europa pelo selo português Metal Soldiers Records. Como você tem sentido a reação dos fãs (brasileiros e estrangeiros) com relação ao "Simplesmente Rock"?
China: A aceitação foi melhor do que imaginávamos, muitos fãs gostaram muito, outros não, até porque não conseguimos agradar a todos, mas bem que gostaríamos, mas o interessante é que esse disco vem conquistando lentamente os nossos fãs mais radicais.

RR – Após o lançamento de "Simplesmente Rock", a banda lançou o single "Fatos Reais", que faz uma crítica social em face da realização da Copa do Mundo no Brasil. Qual sua visão sobre esse evento e essa faceta política da banda?
Dieego Lessa: Só para esclarecer algumas coisas, não somos contra o futebol e muito menos contra esse evento mundial, nós temos algumas objeções em relação àqueles que governam nosso país e com todos aqueles gastos absurdos e superfaturados com esse evento aqui no Brasil, em vez de gastarem com o que realmente é e era necessário, só se preocuparam durante quatro anos com essa festa dentro do nosso quintal e esqueceram das reais prioridades.

RR – Têm planos para um próximo álbum de estúdio?
China: Sim, claro, temos muitos planos, estamos finalizando as composições para o novo álbum e em breve estará na boca de todos os bangers.

RR – Como anda o mercado de shows para o Salário Mínimo nos dias de hoje?
China: Levando em consideração que estamos no ano de copa e eleições, não podemos reclamar, para nós está melhor do que esperávamos, temos shows até março de 2015, mas o ano de 2013 foi muito melhor.

RR – Como você vê o cenário atual do rock (principalmente o underground) no Brasil?
China: A cena está crescendo mais e mais, muitas bandas voltando, novas e excelentes bandas surgindo e o publico cada vez mais valorizando a cena.

RR – A compra de discos está relegada hoje a uma classe de fãs de fazem questão de produtos originais. Mas sabemos que uma gigantesca parcela de consumidores de rock vai fazer o download. Você acha que as tendências tecnológicas da internet ajudam ou atrapalham as bandas autorais?
China: Eu acho que ajudam, os fãs podem fazer o download na internet para ter uma prévia do disco, caso goste ele pode comprar o disco físico.

RR – Olhando pra traz, e relembrando a árdua trajetória das bandas hard/metal nos anos 1980, qual você consideraria a maior conquista do Salário?
China: Sobreviver até hoje e ter na nossa plateia, um publico que é na sua maioria constituído por jovens entre 18 e 25 anos, isso nos dá cada vez mais força para continuarmos a nossa missão sem descanso, até porque a gente sem os nossos fãs não seriamos ninguém.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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