Os anos esquecidos do rock brasileiro
Maurício Gaia
28/10/2014 11h10
Se temos um farto material cobrindo os primórdios do rock'n'roll no Brasil e a Jovem Guarda, assim como uma extensa documentação (principalmente em video) da explosão do rock dos anos 80, um período é constantemente esquecido: os anos 70.
Claro que nomes sempre são lembrados, como Raul Seixas, Rita Lee ou os próprios Mutantes. Mesmo estes últimos são mais lembrados pelo trabalho realizado ainda dentro da fase da Tropicália do que pelos obscuros discos já sem Rita e Arnaldo Baptista.
Ainda assim, uma legião de músicos passou os anos 70 batalhando para fazer rock, alguns com relativo sucesso, outros sendo completamente ignorados. Bandas como Bixo da Seda, Casa das Máquinas, Joelho de Porco, Moto Perpétuo, entre outras, tentavam desbravar a selva munidos de canivetes.
O livro "Pavões Misteriosos", escrito por André Barcinski, traz um interessante panorama daquela época, explicando os anos 70 como o momento em que surgiu uma música popular brasileira voltada para o jovem, com números expressivos de venda, sucesso em televisão e tudo mais. O rock, com as devidas exceções, ficou à margem deste movimento, pois muitas bandas optaram por uma diluição prog, auto-referente e de pouco eco junto ao grande público. Pior, com a chegada do punk, em 77, o progressivo caducou no mundo todo e se, no Brasil, já não tinha muito impacto, colocou muitas bandas em um beco sem saída.
Mas alguns músicos conseguiram perceber que uma mudança de rumo era necessária e Guilherme Arantes, fundador do Moto Perpétuo, firmou-se como cantor e compositor pop ainda nos anos 70. A banda Vímana tem três ex-integrantes que foram fundamentais para a explosão do rock nos anos 80: Ritchie, Lulu Santos e Lobão, todos com abordagens distintas do pop e todos conseguindo muito sucesso.
Concordando ou não com as opções estéticas dos artistas de rock dos anos 70, é necessário reconhecer que eles são os heróis que construíram uma base possível para que bandas como Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Ira!, entre outras, surgissem nos 80.
O Programa Combate Rock desta semana traz um apanhado destes artistas, indo desde o "pai do Rock", Erasmo Carlos, até o hard funk de Arnaldo Baptista e a Patrulha do Espaço.
Playlist
1 – Dois Animais na Selva Suja da Rua – Erasmo Carlos
2 – Deixa Entrar um Pouco D'Agua no Quintal – Mutantes
3 – Dê Um Rolê – Novos Baianos
4 – Casa de Rock – Casa das Máquinas
5 – Bicho do Mato – O Som Nosso de Cada Dia
6 – Três e Eu – Moto Perpétuo
7 – Criaturas da Noite – O Terço
8 – Masquerade – Vímana
9 – Boeing 723897 – Joelho de Porco
10 – Sexy Sua – Arnaldo Baptista e a Patrulha do Espaço
11 – Vote em Mim – Rita Lee
12 – Amor – Secos & Molhados
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Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
Sobre o Blog
O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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