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Delicadeza e bom gosto impulsionam o mais recente álbum do Cartoon

Combate Rock

24/10/2014 06h30

Marcelo Moreira

A saída para ampliar o público é o aeroporto. Quem vê o recente currículo do quarteto mineiro Cartoon pode achar que é isso mesmo, a julgar pela bem-sucedida excursão europeia de 2014, com shows elogiados na Inglaterra e na Irlanda. Outros grupos mineiros tem optado por pegar o passaporte e ir à luta, como o Dolores Dolores, com datas marcadas em Cingapura, e o Eminence, com público cativo na Colômbia e no Equador.

"É estranho dizer que ultimamente tocamos mais no exterior do que em outros Estados brasileiros. Não dá para dizer que falta público, mas é fato que há menos locais atualmente para que bandas autorais toquem em alguns lugares do Brasil", diz o baixista e vocalista Khadhu Capanema.

Prestes a completar 20 anos de carreira, o grupo mineiro ainda promove o seu quarto álbum, "Unbeatable", lançado no final do ano passado. Amenizando as influências de rock progressivo, o Cartoon facilmente poderia ser tomado por uma banda britânica com seu rock classudo e sofisticado fincado nos anos 70. O bom gosto nos arranjos e na construção das músicas, que passa longe da simplicidade, mostram músicos maduros e descontraídos.

"Estamos em um momento que posso qualificar como empolgante com o reconhecimento que estamos obtendo com o último álbum.  A produção conseguiu realçar as qualidades musicais de cada integrante, assim como as músicas coesas e orgânicas", diz Capanema satisfeito. "Atingimos um patamar que buscamos desde sempre. O resultado é muito recompensador."

A produção do CD foi cuidadosamente planejada, desde a concepção musical, que é mais direta e ao mesmo tempo bastante elaborada. Tomás Alem, um jovem carioca mais ligado à música brasileira, assina a produção com Capanema, em gravações divididas entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

As principais gravações ocorreram no estúdio Musika (RJ) e gravações adicionais foram feitas no estúdio Máquina, dos amigos do Skank, no estúdio acústico, ambos em Belo Horizonte. O clima setentista é em grande parte mérito de um trabalho excepcional de teclados, que remetem diretamente a algum porão esfumaçado de Londres habitado por seres das "laia" de Rick Wakeman (Yes) e Keith Emerson (Emerson, Lake & Palmer).

Banda Cartoon (FOTO: DIVULGAÇÃO)

"Lazaru's Feet" é o maior exemplo, com seu clima á la Gentle Giant, com ótimas "camas" de teclado, com passagens ótimas que lembrar a timbragem de um órgão Hammond. Raphael Rocha, o tecladista, faz um trabalho soberbo de base e de arranjos. "Time's Running" resgata os primórdios da banda, com as influências celtas na cara, seja no violão folk ou na inspirada linha de flauta. Além de Khadhu e Rocha, completam o time Bhydhu Capanema (bateria) e Khykho Garcia (guitarra). 

A delicadeza de "Bridge to Nowhere" contrasta com a poderosa execução de guitarras e do vocal poderoso em "Down on the Road Ahead", a principal faixa do trabalho e primeiro single. "Unbeatable" é redondo, homogêneo e muito agradável, que valoriza bastante os vocais de Khadhu Capanema, que muito se assemelham aos de Andria Busic, o baixista do fantástico Dr. Sin.

Com credenciais de excelente nível, como é que o Cartoon permanece ausente de São Paulo há um bom tempo? "Adoraríamos voltar a São Paulo e mostrar o nosso trabalho. Ainda que a cena não esteja tão favorável, a visibilidade que se obtém em São Paulo e Rio de Janeiro justificam o esforço. Mas não podem,os nos queixar, estamos em um excelente momento", acredita o baixista do Cartton.

Para ele, ainda há bastante por fazer e consolidar "Unbeatable". "Uma banda pode alcançar um enorme sucesso em BH e nada será divulgado fora daqui. Isso torna o trabalho bem difícil. Rio e Sampa tem o benefício de serem centrais dos grandes meios de comunicação e o que acontece por aí vira notícia mais fácil. Aqui também o cover é predominante, mas estamos trabalhando duro pra mudar esta realidade. É uma questão de mudar a cultura e a mentalidade das pessoas que frequentam as casas, dos donos das casas e até das próprias bandas."

 

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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