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Joe Bonamassa consegue melhorar ainda mais em novo álbum

Combate Rock

17/10/2014 07h04

 

Marcelo Moreira

Joe Bonamassa , o guitarrista da vez no blues e no rock, demonstra uma capacidade aparentemente inabalável de gravar e lançar álbuns bons. Há quem diga que seja incapaz de fazer algo ruim. "Diffrerent Shads of Blue" é o seu novo trabalho, meses depois de lançar "Live in Amsterdam", um CD/DVD em dueto com a diva norte-americana do blues/soul Beth Hart, uma "branquela" com alma de Nina Simone e fúria de Robert Plant.

Muita gente cravou que seria impossível o "nerd" do blues cometer algo melhor do que "Driving Towards the Daylight", seu grande sucesso de 2013, um petardo de blues rock onde o guitarrista esbanjava bom gosto e riffs poderosos em uma coleção bem balanceada.

A novidade agora é que o álbum "Different Shades of Blue", que tem a sua versão brasileira graças à visionária Voice Music, do igualmente visionário Silvio Golfetti, ex-guitarrista do excelente Korzus e irmão do mago Fabio Golfetti (Violeta de Outono e Gong).

O álbum é importante porque é o primeiro com quase somente somente com composições de Bonamassa – dez das onze, em parcerias, quando todos os outros trabalhos, em CD e DVD, eram predominantemente compostos por versões, ainda que matadoras, do rock, do blues e do soul.

Tão inovador quanto "Driving Towards the Daylight" e tão instigante quanto "The Ballad of John Henry", o novo álbum é uma espécie de resumo da carreira solo espetacular do músico iniciada em 2000. Quer hard rock? Tem lá, na melhor tradição do finado Black Country Communion, do qual foi integrante. Quer blues? É o que mais tem, em todas as suas tonalidades. Quer jazz e big bands? Pois bem, delicie-se com os timbres cuidadosamente escolhidos e executados, incorporando tudo o que aprendeu com a diva Beth Hart.

"Different Shades of Blue" é (mais) uma guinada na carreira de Bonamassa. Depois de praticamente quatro anos se dividindo entre o hard rock e o jazz/blues tradicional – começou com o pesado álbum "Black Rock", de 2010, solo, para encerrar um ciclo com dois discos de estúdio e um ao vivo com Beth Hart -, o guitarrista norte-americano parece ter se libertado das amarras.

O começo é enganoso, com o hard "Hey Baby (New Rising Sun"), uma releitura pesada e certeira do herói Jimi Hendrix, a única faixa que não é de sua autoria, para em seguida emendar em um soul/funk contagiante, perfeito para as pistas de dança ("Oh! Beautiful"). Para não abandonar as origens, há blues de peso com "Living on the Moon" e "Heartache Follows Wherever I Go".

Há muito soul em canções emblemáticas como a faixa- título, a melhor de todas, e um clima jazzístico de vaudeville em "I Gave Up Everything For You, 'Cept the Blues". O soul tradicional, com uma grande metaleira, come solto em "Trouble Town" e "So What Would I Do", na melhor tradição sulista americana, com destaque para os solos incendiários de guitarra e arranjos de sopro e percussão de extremo bom gosto.

Além dos músicos que sempre o acompanham desde 2008, Bonamassa resgatou um ícone do blues norte-americano contemporâneo. Reese Wynans é o responsável por quase todos teclados, sejam órgãos mais variados ou pianos bem elaborados, com arranjos sofisticados e limpos, bem a estilo texano. Não é à toa, já que foi o responsável pelas teclas da inigualável Double Troube entre 1985 e 1990 – a maravilhosa banda de apoio de Stevie Ray Vaughan.

Transbordando qualidade, confiança e maturidade, o novo álbum de Joe Bonamassa vai rivalizar com "The Ballad of John Henry" e "Driving Towards the Daylight" como o melhor de sua carreira. Pelo menos é o mais diversificado e versátil, e ganha pontos por ser o que finalmente traz a maior parte das músicas de sua autoria. O nerd da guitarra blues não se contenta com pouco.

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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