Soldados brasileiros da II Guerra Mundial são homenageados por banda sueca
Combate Rock
27/05/2014 11h27
Marcelo Moreira
Heavy metal também é aula de história. Pode-se dizer que a tendência começou com o Iron Maiden, com as letras inspiradas de Bruce Dickinson, formado em história e um especialista em vários temas da Antiguidade. Os alemães do Grave Digger aderiram com gosto ao esquema e já lançaram mais de dez álbuns temáticos, indo desde a Santa Ceia, com os últimos momentos de Jesus Cristo, à luta pela independência da Escócia, passando pelos mitos da Grécia Antiga. O politizado Iced Earth narrou os principais fatos da Guerra Civil Norte-Americana em "The Glorious Burden".
Atualmente, a tendência se espalhou, especialmente com obras tendo como tema as guerras mundiais. Os alemães do Accept, revigorados com a entrada do vocalista norte-americano Mark Tornillo, ainda colhem o sucesso de "Stalingrad", seu mais recente álbum, que trata da famosa batalha de Satlingrado, na antiga União Soviética, entre 1942 e 1943, sob a perspectiva alemã. Outro destaque é a banda holandesa de metal extremo God Dethroned, com sua visão particular e polêmica sobre vários fatos da I Guerra Mundial.
A história militar do Brasil ganhou destaque, de forma surpreendente, no mais recente álbum da banda Sabaton, da Suécia, especializada em temas militares e em retratar guerras em suas letras. O álbum "Heroes" traz uma música composta em homenagem à FEB (Força Expedicionária Brasileira), que foi composta por 25 mil soldados que lutaram na Itália contra os nazistas entre 1944 e 1945, no final da II Guerra Mundial.
a música em questão é "Smoking Snakes", uma referência ao símbolo da FEB, uma "cobra fumando", ou seja, uma cobra com um cachimbo na boca. Segundo o site oficial do Sabaton, com versão corroborada pelo fã-clube da banda no Brasil, a música fala sobre três heróis que não se rendem, o que logo foi relacionado a um fato verídico da atuação brasileira na Itália. Seria uma homenagem direta aos soldados brasileiros Arlindo Lúcio da Silva, Geraldo Rodrigues de Souza e Geraldo Baêta da Cruz, que após uma ação de combate se desgarraram de seu grupo e acabaram dando de frente com uma unidade alemã.
De acordo com o site Portal FEB, os três lutaram até a última bala e não se renderam. Foram mortos pelos inimigos, que após o combate colocaram uma cruz perto dos túmulos dos três com a inscrição: Drei Brasilianische helden (três heróis brasileiros). A história é verdadeira e documentada entre os vários atos de bravura dos soldados nacionais naquela campanha.
O mais interessante é que a sugestão do tema para o Sabaton partiu de fãs brasileiros. ainda segundo o Portal FEB, um deles o professor de história Derek Destito Vertino, que mora em Socorro, no interior paulista, entrou em contato com a banda sueca anos atrás, por meio de redes sociais.
"Estou feliz que você aprecie as músicas do Sabaton, espero que possamos entrar em turnê ao Brasil em breve. E obrigado pela ideia, vai demorar um pouco antes de gravar um novo álbum, mas eu vou guardar seu e-mail", respondeu à época o baixista Pär Sundström.
Agora, em 2014, ano que lembra os 70 anos de embarque da FEB para a Itália, veio a surpresa: uma música em homenagem aos pracinhas e a inserção da bandeira brasileira na capa alternativa do disco, junto às bandeiras dos países aliados. "Heroes", o novo CD, já está nas lojas físicas e virtuais, mas ainda não há previsão de lançamento no Brasil.
Apesar de o Brasil ter declarado guerra à Alemanha, à Itália e ao Japão em 1942, após vários afundamentos de navios mercantes brasileiros por submarinos alemães no oceano Atlântico, A FEB só foi á luta dois anos depois, em um teatro secundário da guerra naquele momento. O contingente brasileiro de 25 mil soldados chegou à Itália em 1944 e ficou sob o comando das tropas norte-americanas.
Durante sua ação na Itália, a FEB fez 20.573 prisioneiros, teve 457 mortos (13 oficiais e 444 praças), sofreu 35 prisioneiros, 1.577 feridos em combate, 487 acidentados em ação de combate e 658 acidentados fora das linhas de combate.
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
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