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Classic rock em alta: caixas de Johnny Winter, Humble Pie, King Crimson...

Combate Rock

14/05/2014 07h00

Marcelo Moreira

Os amantes do rock clássico não têm do que reclamar nos últimos anos. A quantidade de caixas, edições ampliadas e de "luxo" com material inédito ou raro lançada nos últimos seis meses é enorme, levando à pergunta óbvia: até que ponto a música (ou o rock) está em crise? A qualidade das edições que chegam mensalmente às lojas joga por terra a tese de que o que restou às gravadoras – e aos representantes dos artistas/bandas, vivos ou mortos – é tentar extorquir trocados com caça-níqueis com um ou dois aperitivos saborosos e mais do mesmo. Esqueça essa pataquada: tem coisa muito fina à disposição.

Os 70 anos do mestre Johnny Winter, por exemplo, estão sendo comemorados de forma fenomenal com dois lançamentos que honram a genialidade do texano. "Setlist Live" é uma ótima compilação de gravações ao vivo do período entre 1969 e 1977 , incluindo as versões flamejantes de " Highway 61 Revisited ", de Bob Dylan,  "Jumpin ' Jack Flash", dos Rolling Stones, e o clássico de Chuck Berry "Johnny B. Goode". Embora não tenha o impacto do excelente "Captured Live", de 1976, o álbum mostra a força e a vitalidade do blues rock de um dos maiores mestres.

O filé, entretanto, está na caixa "True to the Blues", com quatro CDs e 57 faixas que abrangem toda a carreira do mestre. Estão lá os maiores sucessos e muitas versões ao vivo, mas o melhor é o material inédito recolhido dos arquivos do próprio Winter e das gravadoras por onde passou – a base foram 27 álbuns lançados por Liberty/Imperial, Columbia, Blue Sky/Epic, Alligator, Point Blank/Virgin, Friday Music, Collectors' Choice Music, Megaforce e Legacy.

Edgar Winter, o irmão albino pianista, está em várias faixas. Em outras estão Mike Bloomfield, o grupo Booker T and the MGs e os mestres do blues Dr. John, Willie Dixon e Muddy Waters. Acompanha a caixa, o obrigatório libreto, que traça a carreira do blueseiro, com fotos e  depoimentos de nomes como Joe Perry (Aerosmith), Carlos Santana e Pete Townshend (The Who). Ainda não há previsão de lançamento por aqui em CD.

E o Who entra onda com o lançamento de "Quadrophenia: Live In London", DVD que registra uma apresentação da banda no ano passado, executando na íntegra  o álbum duplo, e que chega às lojas em maio. O lançamento será feito em vários formatos, formando um pacote interessante, mas sem grandes novidades. O show gravado foi o dia 8 de julho de 2013, na Wembley Arena, em Londres.

Durante a apresentação, em algo que já ficou recorrente, músicos falecidos "tocam" com a banda no palco, seja por meio de holograma ou telão. O baixista John Entwistle, morto em 2002, e o baterista Keith Moon, morto em 1978, aparecem nas músicas "5:15" e "Bell Boy". Há vários formatos, inclusive um que traz a versão original do álbum de 1973 com remasterizado com o que há de mais moderno em termos de áudio.

O maravilhoso Humble Pie ressuscita com uma primorosa caixa trazendo um álbum icônico dos anos 70. "Performance: Rockin' the fillmore – The Complete Recordings" foi considerado um dos melhores álbuns ao vivo da história em algumas listas feitas por jornalistas nos anos 90. O pacote agora traz as gravações dos quatro shows realizados pela banda em maio de 1971 na famosa casa de shows de San Francisco. Era o auge da formação que incluía como vocalistas e guitarristas Steve Marriott (ex-Small Faces) e Peter Frampton, que sairia no ano seguinte para engatar uma bem-sucedida carreira solo. Ainda não há previsão de lançamento por aqui em CD.

Os aficionados por rock progressivo poderão se deliciar com "Road to Red", uma grande caixa com CDs e DVDs que registram shows do final da primeira fase do King Crimson, logo após o lançamento do álbum "Red".  Reduzida a um trio, com Robert Fripp (guitarra), John Wetton (vocal e baixo) e Bill Bruford (bateria), o Crimson saiu em turnê pela Europa e pelos Estados Unidos com vários músicos de apoio mostrando o seu lado mais virtuose e mais jazzístico. Parte muito pequena do material foi usada no álbum ao vivo "USA", de 1975, que foi o epitáfio da primeira fase.

Vários combos foram montados ao gosto do freguês, mas o pacote completo, tanto em CD como em MP3, contempla 21 álbuns (!!!!!!), sendo 20 registros de shows pelos Estados Unidos e uma versão do álbum "Red" remasterizada. É tanta coisa que é impossível dizer o que é melhor. Portanto, recomendo que comecem (ou adquiram, se der) os CDs 11 e 12, gravados no Massey Hall Toronto, em 24/6/74, e os CDs 15 e 16, com o show no Casino Arena Asbury Park, em 28/6/74. São os mais longos dos registros, contemplando boa parte dos álbuns gravados nos anos 70. A versão completa ainda traz um DVD e dois Blu-Rays, com materiais distintos. No ano passado, a banda tinha colocado no mercado edições de aniversário de 40 anos, extendidas, dos álbuns "USA" e "Lark's Tongues in Aspic", além de um ao vivo gravado em 1994 na Argentina.

O Rainbow, de Ritchie Blackmore (ex-guitarrista e fundador do Deep Purple), foi mais modesto, mas não vai perdoar o bolso do fã. Acaba de editar "The Singles Box – 1975-1986", reunindo em CDs todos os compactos lançados no período mencionado. São 19 CDs variando de duas a quatro músicas, sendo que alguns trazem algumas versões ao vivo raras de clássicos do grupo, ou versões alteradas, mais curtas ou mais longas, assim como takes alternativos. Embora não traga grandes novidades, é um deleite para que os fãs incondicionais. A caixa também traz um livreto detalhado sobre cada um dos singles, em edição caprichada.

Até mesmo Rod Stewart não perdeu tempo e lançou uma caixa muito legal, com quatro CDs, contendo gravações ao vivo entre 1976 e 1998, que é sua fase mais pop. "Live 1976-1998 – Tonight's the Night" é cronologicamente dividido em fases, mostrando as mudanças de repertório e de estilo. O melhor dos CDs é o primeiro, intitulado "1976", ainda com resquícios da era roqueira do cantor, quando dividia sua carreira solo com os shows com os excelentes The Faces. As popices já começavam a tomar conta do repertório, com a entrada progressiva de teclados e metais, mas ainda é possível ouvir o grande cantor que era em pérolas como "Maggie May" e em dois clássicos do s Faces, "(I Know) I'm Losing You" e "You Wear It Well".

Por fim, o mago Marc Bolan, um dos astros do glam/glitter rock inglês dos anos 70, ganham uma excelente coletânea de gravações realizadas para a BBC londrina. "Marc Bolan at the BBC" cobre dez anos de participações do músico nos programas da emissora, seja em carreira solo ou com a sua banda, o T. Rex. São seis CDs de um material bastante irregular, mas de importância história inestimável, já que ninguém conseguia achar as gravações. Imperdível para quem ama a sonoridade dos anos 70.

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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