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Andragonia espanta a mesmice, muda formação e investe no prog metal

Combate Rock

16/04/2014 07h00

Marcelo Moreira

Banda Andragonia (FOTO: DIVULGAÇÂO)

Coragem é um artigo não muito comum em um mercado musical retraído e em crise permanente, como na atual era em que vivemos. Mais em crise ainda está o rock nacional, a cada dia perdendo mais e mais espaço. E o metal nacional vem na rabeira da crise, lutando contra a falta recursos para gravar e lançar, para encontrar mais lugares para tocar e, principalmente, para atrair o público, mercadoria escassa nos últimos anos.

A banda Andragonia, radicada em São Paulo mas formada por músicos de vários cantos do país, não teve medo de mudar, mesmo em ascensão e já com dois álbuns lançados. Ainda que pequeno, possui um grupo cativo de fãs ardorosos, que enxergaram na técnica exímia dos músicos e no vigoroso power metal algo que destoa positivamente da mesmice do metal nacional.

Com os ventos favoráveis, parece que os únicos insatisfeitos eram os próprios músicos. E o Andragonia teve a coragem de mudar radicalmente em 2013, em busca de uma linguagem musical mais apropriada para as potencialidades que seus músicos exibem – e que tenha melhores possibilidades de aceitação no exterior.

E não é que a mudança deu certo? O Andragonia ficou mais pesado e mais prog metal em 2014 com a entrada de dois novos integrantes. O pernambucano Raphael Dantas não hesitou em rumar para São Paulo após o fim de seu excelente grupo Caravellus e ocupou a vaga do virtuoso cantor Ricardo Destefano. Daniel de Sá saiu para a entrada da "maquininha" Alex Christopher, extremamente técnico e preciso.

"A opção por uma vertente mais progressiva, onde os músicos pudessem mostrar da melhor suas potencialidades e expandir seus limites causou resistência dentro da banda. Observamos que havia um espaço interessante a ser preenchido no prog metal no Brasil, já que não são tantas as bandas que se aventuram pelo estilo. Bandas boas prog sempre chama a atenção. Como houve impasse no grupo para implantar as mudanças, a troca de integrantes foi inevitável", diz um empolgado Cauê Leitão, guitarrista conceituado em São Paulo.

A música, obviamente, ficou mais complexa, mas também empurrou as fronteiras do conjunto. O vocal de Dantas abriu uma série de novas possibilidades a serem exploradas, especialmente na viajante "The Challenger", aperitivo do próximo álbum, que terá o mesmo nome. São mais de dez minutos de pura técnica e bom gosto, ainda que haja um certo exibicionismo virtuoso aqui e ali.

O som ficou mais forte, mais encorpado e coeso, e isso tem muito a ver com a "liga" que o baixista Toni Laet promove com seu timbre "grosso" e aveludado, fazendo praticamente uma base para que leitão e outro ás da guitarra, Thiago Larenttes, possam criar os climas densos e sombrios que os novos temas exigem. As canções dos álbuns "Memories" e "Secrets in the Mirror" ganharam mais peso, estão mais encorpadas e um pouco mais velozes, embora com poucos retoques nos arranjos.

"Já transitávamos por caminhos mais técnicos, especialmente no segundo CD, 'Memories'. A evolução era uma coisa natural, mas também necessária. Nossa música pedia as alterações. Percebemos que o Andragonia cresceu em todos os sentidos, sem que houvesse mudanças drásticas a ponto de soarmos como outra coisa, ou até mesmo como outro grupo. E a vibração boa dos integrantes, empolgados, facilita as coisas", afirma Larenttes, o mago das mesas de som que produz os trabalhos do conjunto e também seus trabalhos solo.

"The Challenger" está previsto para ser lançado no Brasil no segundo semestre. O material já composto e testado em estúdio impressiona pela boa qualidade e complexidade, mostrando que o Andragonia é candidato a seguir os passos dos brasileiros promissores que conseguiram contratos com gravadoras europeias, como Age of Artemis, Shadowside, Maestrick, SupreMa e mais alguns outros. Não é pouco para uma banda com apenas sete anos de carreira.

Aprecie abaixo um pouco mais do trabalho do Andragonia no programa de web rádio Combate Rock, com nove músicas e entrevista com os músicos da banda:

 

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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