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Chal avança e se dá bem na mescla de rock rural e música regional

Combate Rock

06/01/2020 06h33

Marcelo Moreira

O músico norte-americano já estava cansado de responder à mesma pergunta: que tipo de música fazia? Qiais os limites entre o rock e o folk, ou entre o contry rock e o country folk?

"Por que isso é tão importante?", respondeu pela última vez em 1974, quando da volta, ainda que breve, do Crosby, Stills, Nash and Young. "A música pode ser o que você quiser. Nunca vi limites na música e na arte."

O goiano Chal é um discípulo do quarteto e da máxima que Crosby cunhou para encerrar a mania de rotular gêneros, artistas e sons. Gosta de rock, de blues, de jazz, de country e de folk, e sua música traduz esse emaranhado de influências.

"Não há como não se emocionar com uma canção de Crosby, Stills, Nash & Young, de Lynyrd Skynyrd, de Almir Sater. Há coisas lindas em nossa música regional ue casam perfeitamente com um trabalho que envolva várias vertentes. É o que eu tento fazer", diz o violonista e cantor.

De passagem por São Paulo para divulgar seu trabalho, ainda saboreia o sucesso com a inclusão de músicas suas em trilhas de novelas e pela indicação ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Rock.

É um momento bastante especial para dar mais um impulso à carreira. Grandão e com voz de trovão, Chal é um gigante gentil, parodiando o nome da grande banda de rock progressivo Gentle Giant. A fala é mansa e melodiosa, descontraída, mas firme e convicta.

"Às vezes me confundem com um músico de sertanejo, outras vezes acham que sou um bardo. Digo que sou um músico que tem um trabalho consistente. É um baita orgulho", arremata com um largo sorriso.

Gustavo Henrique Bernardes Balduino, nome de batismo, teve vários apelidos até se decidir, aos 28 anos, por Chal, seguindo um conselho do professor de meditação de seu pai.

Aaixonado por música, aos dez anos de idade tocava piano com facilidade, o que lhe rendeu um convite tempos depois para ser tecladista de um grupo musical que fazia versoes de Pink Floyd.

Roqueiro convicto em uma terra que respira música sertaneja e regional, abraçou uma banda de new metal e outras de outros subgêneros até pegar o violão e entrar na carreira solo. Suas raízes são o rock e o country, mas não renega o sertanejo de raiz. 

Só que a paixão pelo folk e pelo que se pode ententer como um country pop brasileiro falou mais alto e Chal embarcou de cabeça no cancioneiro nacional.

Com seu violão de cordas de aço e uma sensibilidade que chamou a atenção do mercado, lançou dois EPs, um single e três álbuns, além de um DVD, desde 2014.

Emplacou música em novela ("Outro Lado do Paraíso") e chegou a ser indicado em 2019 ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Rock em Português, que teve como vencedor o grupo Baiana System (que nem é tão rock assim).

"Foi um ano extraordinário", diz Chal. "Quando o trabalho é reconhecido e os resultados aparecem, a sensação é indescritível. Tanto o DVD como o último álbum foram grandes realizações."

O ecletismo na busca de inspiração é um ponto de destaque na carreira do violonista goiano. De Geraldo Vandré e Almir Sater, de Oswaldo Montenegro a Milton Nascimento, de Chico Buarque a Zé Geraldo, Chal passeia por diversos subestilos e segmentos e afirma que isso é necessário para atingir a maturidade e encontrar a sua sonoridade.

Essa é uma obsessão de todo artista. Capturando sons e imagens, observando tudo e todos, abraça os sons que podem fazer a diferença. Não é por outro motivo que cita a admiração por artistas como Ricardo Vignini, violeiro dos melhores, e a sua banda de rock rural, Matuto Moderno.

"Não há como não ficar tocado quando a gente se depara com um artista diferente e fazendo algo tão bom. Vignini é muito bom, e o seu Moda de Rock é algo que chama atenção de quem gota de boa música. Claro que é uma referência na música instrumental e na música regional", elogia Chal.

Mas, afinal, existe o rock rural? Gosta deste rótulo? "Procuro não pensar muito nisso, e acho que os artistas em quem me inspiro também não. É uma junção de tantas influências que dá para falar em música regional, rock rural, de raiz. O importante é fazer chegar a música ao público e mostrar toda essa beleza que nossa cultura produz."

 

 

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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