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A poderosa estreia do Rush em LP completa 45 anos

Combate Rock

09/08/2019 07h00

Marcelo Moreira

RUSH-ABC 1974

Quando o baterista do Rush John Rutsey saiu da banda, o trio estava em um beco sem saída. Apesar do hard rock energético calcado no Led Zeppelin ter boa aceitação na cidade natal, Toronto, no Canadá, o primeiro álbum da banda, "Rush", não empolgou o mercado norte-americano. Para os críticos do sul da fronteira, "era mais do do mesmo". E, se era para ser assim, eles já tinham Kiss e Aerosmith.

A troca de baterista foi o passo primordial para diversificar o som da banda sem alterar as características básicas – até porque não daria para criar novo repertório em tão pouco tempo.

Naquele ano de 1974, a entrada de Neil Peart nas baquetas redefiniu não só a sonoridade do grupo, mas totalmente o seu rumo, dando um futuro para um tri0 desacreditado e desprezado nos Estados Unidos.

Há 45 anos, o Rush estreava em vinil mal sabendo que tudo iria mudar dali para frente, tornando-se um gigante do rock e uma das bandas mais cultuadas de todos os tempos. Com a entrada de Peart, o Rush continuaria pesado, mas gradualmente embarcaria no ock progressivo, influenciando gerações de instrumentistas e compositores.

O primeiro álbum, "Rush", aquele que não caiu no gosto dos americanos, foi reeditado diversas vezes e em todos formatos. Tornou-se um clássico, ou cult, como mitos adoram se referir a esse tipo de obra.

Fica claro que a estreia em LP mostrou bem o potencial do trio, mas nem de longe conseguiu captar a energia do palco. É uma porrada na orelha, como a quase heavy metal "Finding My Way" e o hard acelerado "Working Man", as duas baseadas em poderosos riffs de guitarra.

Também tem um grande épico, "Here Again", que abusou da estrutura básica consagrada por "Stairway to Heaven", mas que é uma excelente canção. E o que dizer de robusta "What You're Doing"  do pop pesado "In the Mood"?

A estreia foi poderosa, mas não chamou a atenção, infelizmente. Era difícil competir com o Led Zeppelin gigante, o Deep Purple estrondoso com David Coverdale, com o Queen em ascensão, com Aerosmith, Kiss e Bad Company chutando a porta…

Aquele período de definição pode ser conferidono álbum original de estreia,. mas também em uma pérola resgatada em 2012 e 2014 e que será reeditada até o final deste ano.

 "Rush ABC 1974" é mais do que um documento histórico: é a prova de que é possível uma banda até então mediana se transformar em um vulcão sonoro.

A gravação em questão circulou por anos em CD pirata desde 1990 pelo mundo, bem como na internet a partir de 2002, sempre com o nome "Live at the Agora Ballroom 1974″, em alusão ao show realizado na cidade Cleveland, nos Estados Unidos.

O show é simplesmente o primeiro de Neil Peart com o trio e mostra uma inequívoca evolução desde o lançamento do primeiro álbum, ainda no começo de 1974. É bom não confundir essa gravação com uma apresentação ao vivo nos estúdios da mesma rádio que transmitiu ao vivo show para Cleveland.

A qualidade do áudio é ótima, trazendo toda a energia e a técnica do Rush na estreia de seu novo baterista. A transmissão também inclui registros de duas faixas nunca lançadas do Rush, "Fancy Dancer" e "Garden Road".

A apresentação acabou sendo um sucesso de crítica, que passou a olhar com outras olhos aquele trio energético com um baixista/cantor com voz esquisita. A série de três shows em Cleveland rendeu vários convites para novos shows em na região de Ohio e depois na costa oeste norte-americana.

Durante a turnê, o álbum de estreia acabou sendo relançado nos Estados Unidos e no Canadá, o que facilitou a entrada das músicas na programação das rádios, em especial "Finding My Way", "Working Man" e "Here Again". Ainda não dava para vislumbrar a potência musical hard/progressiva que a banda se tornou, mas deixa claro que a mudança transformou de forma inequívoca o som pesado do trio canadense.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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