Topo

Cinco anos sem Jack Bruce, um dos melhores baixistas que exisitiram

Combate Rock

09/06/2019 06h57

Marcelo Moreira

Jack Bruce (DIVULGAÇÃO)

Arrogante, instigante, persistente, autoconfiante, autossuficiente, bocudo. Esses e vários outros adjetivos podem ser aplicados ao escocês Jack Bruce, baixista de formação erudita que se tornou um dos maiores instrumentistas da história do rock e do blues.

Parceiro de Eric Clapton no fantástico Cream, chegou a rivalizar com John Entwistle, do Who (que virou seu amigo nos anos 70) como o melhor baixista do rock.

Faz cinco anos que o brilhante instrumentista morreu em consequência de problemas no fígado, embora a doença específica na pela família. Ele tinha 71 anos e passou por um transplante de fígado em 2003.

Rebelde e genioso, mas talentosíssimo, Bruce, que nasceu em Glasgow, começou a tocar baixo quando era adolescente, após ter aulas de violoncelo e clarinete, e deixou a escola de música porque não era permitido que tocasse jazz.

Decidido a tocar jazz em Londres, chegou à cidade no início dos anos 60 e tocou blues com grandes mestres, como Alexis Korner, Cyrill Davies e John Mayall.

Apesar do mau humor por ter de se dedicar mais ao blues do que ao jazz para ganhar um pouco de dinheiro, logo se tornou referência na cidade aos 20 anos, o que fez com que fosse quase "obrigado" a entrar na Graham Bond Organisation, grupo de rock de relativo sucesso no underground londrino, mas que tinha muito de jazz em suas longas improvisações.

Entretanto, o dinheiro era curto e decidiu encarar o rock pesado do Cream ao lado de Clapton, em 1966, e tendo que aturar o desafeto Ginger Baker na bateria, com quem tocou em outras bandas.

Mesmo nos 40 anos seguintes, tocando em vários projetos, baixista e baterista nunca deixaram de se odiar, apesar do respeito musical mútuo.

O Cream foi um estouro mundial, mas o guitarrista, mas durou somente dois anos. As constantes brigas com Baker e a eterna insatisfação com a falta de mais grana e os holofotes sobre Eric Clapton encheram a paciência de todo mundo.

Continuou amigo do guitarrista, mas só voltariam a tocar juntos por uma noite, em 1993, quando o Cream foi indicado ao Rock and Roll Hall of Fame, e em 2005, quando a banda novamente se reuniu para uma série de seis shows na Inglaterra e nos Estados Unidos.

Nos anos 70, manteve uma carreira solo respeitada com base no jazz e no blues, além de tocar com muitos astros da música. Lamentavelmente, fez sucesso moderado em seus próprios trabalhos.

Depois do Cream, foram dois os destaques de sua carreira. Entre 1971 e 1973 substituiu o amigo Felix Pappalardi no Mountain – Pappalardi foi produtor do Cream e tinha se "licenciado" para trabalhar em outros projetos.

Irritado com a decisão de seu baixista, o guitarrista Leslie West aceitou a indicaçõ de Bruce, mas decidiu trocar o nome da banda, que virou West, Bruce & Laing (este último, o baterista do Mountain).

A mistura de blues e rock pesado fez muito sucesso, rendendo dois álbuns de estúdio e um ao vivo, mas o trio se desfez no auge, já que Pappalardi exigiu o posto de volta e o retorno do Mountain – havia contratos assinados que lhe davam esse direito. O triste é que o Mountain acabaria em 1975. Pappalardi morreria em 1983, assassinado pela esposa.

O outro ótimo trabalho fora do Cream também foi efêmero e resultou de uma negativa de Eric Clapton em reformar o trio em 1993, logo após a apresentação no Rock and Roll Hall of Fame.

Bruce não queria nem participar por causa da inimizade com Ginger Baker, mas peercebeu que seria uma boa ideia não só tocar na cerimônia como ressuscitar o Cream, em termos financeiros.

Com a recusa de Clapton, aceitou a indicação de amigos para conversar com Gary Moore, guitarrista irlandês que tinha virado astro mundial tocando blues alguns anos antes.

O guitarrista aceitou e foi criado o BBM (Baker, Bruce and Moore), que lançou o ótimo álbum "Around to the Next Dream" em 1994. Houve uma turnê naquele ano, além de participações especiais nos shows solo de Moore, mas o grupo deixou de existir ao final de 1995.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
Contato: contato@combaterock.com.br

Blog Combate Rock