Whistesnake entrega o de sempre, mas com certo requinte
Marcelo Moreira
Quando quer, David Coverdale faz o que for preciso para voltar ao topo. Esse é, em linhas gerais, o comportamento do grande cantor inglês que fez parte do Deep Purple e que comanda o Whitesnake há mais de 40 anos.
Os guitarristas atuais da banda, Joel Hoekstra e Reb Beach, foram bem francos na entrevista que concederam à revista Roadie Crew, na edução de abril de 2019, sobre como funciona o Whitesnake.
"Coverdale é ma usina de ideias, mas também é imprevisível. Faz tempo que lançamos o último álbum autoral e nada indicava que comproíamos e gravaríamos tão cedo. E eis que temos em mãos 'Flesh and Blood"', disse Beach.
Entre vários hiatos nma carreira, David Coverdale tem se especializado em manter o suspense. O ritmo de shoiws deu uma desacelarada, e o próprio cantor vive dizendo, ao final de cada turnê, que precisa reavaliar várias coisas. Sorte que desta vez o período sabático deu certo.
"Flesh and Blood" é o novo álbum da banda, que vai dar suporte para a turnê mundial que está em andamento e que passará pelo Brasil em setembro.
Além disso, chegou ao mercado um presentão para os fãs: uma versão de "Slide It In", talvez o melhor álbum já gravado pelo Whitesnake.
É uma edição comemorativa de 35 anos do lançamento, ocorrido em 1984. São seis CDs e um DVD, com preço bem salgado, é claro, mas com muito material para enlouquecer colecionadores.
No material de áudio temos o CD original remixado e remasterizado e mais uma série de faixas com mixagens diferentes, gravações demo e ao vivo, entre outras preciosidades.
Quanto ao novo CD, é um trabalho de fôlego, que parece seguir a mesma onda de "Forevermore", de 2011, em relação à produção.
O som hard aindas está grandioso, com uma produsão de guitarras altas e teclados estrondosos, mas com menos excesso do que pudemos observar em "The Purple Album", o trabalho anterior, de 2015, com releituras desnecessárias de clássicos do Deep Purple da época em que Coverdale cantou lá.
"Good to See You" abre o trabalho e dá uma amostra do que vem por aí: guitarras fortes e frenéticas, com aquela pegada hard "estradeira", boa para ouvir em festas e viagens, bem na linha da faixa "Shut Up & Kiss Me", o primeiro single, que é versátil, pesado, rápido e pegajoso, lembrando o hard rock californiano oitentista.
Mais do mesmo? Ok, é às vezes repetitivo e sme muita originalidade, mas o que poderíamos esperar de diferente do Whitesnake desde que deixou o blues de lado na época do primeiro Rock in Rio para investir naquele tipo de som mais americanizado dos anos 80?
Coverdale nunca se esforçou para querer mudar o que sempre deu certo e nunca escondeu isso. As letras melosas falando de amor sempre vão predominar, por mais sutil e elegante que, às vezes, a banda soe.
O blues também não sumiu, mas de vez em quando fica soterrado por camadas de guitarras pesadas e teclados berrantes. É um padrão que a banda vem mantendo desde o álbum "Good to Be Bad", de 2008, que foi o retorno os estúdios da banda depois de 11 anos.
A faixa-título tenta resgatar aquele tipo de hard rock arrasa-quarteirão dos anos 70, com muita ênfase em riffs de guitarra, e o resultado é interessante,
O grupo também soa mais inspirados nas baladas, que misturam blues e country music em doses certas em uma tentativa de escapar das músicas românticas à la Wando.
"Heart of Stone" resvala um pouco na breguice, mas tem um trabalho de violões elogiável. "After All" vai na mesma linha, com uma letra um pouco mais trabalhada e nem tanto melosa.
"When I Think of You (Color Me Blue)" é a escorregada feira, mas não seria um disco do Whitesnake se não houvesse a balada "xaroposa". Surpreendente, no entanto, é uma das faixas bônus de uma edição de luxo, "Can't Do Right For Doing Wrong", uma canção forte e emotiva, que passa longe de ser uma baba.
Para mostrar que a mesmice nem é tão mesmice assim, duas músicas se destacam como grandes trunfos roqueiros, "Sands of Time" e "Always & Forever", que remetem a um rock mais pesado e direto, com direito a solos de bom gosto e riffs ligeiros e certeiros, le própria banda no comecinho, com todo o tempero bluesy.
"Flesh and Blood" é um álbum interessante diante de um panorama em que o rock e o hard rock estão cada vez menos em destaque. O Whitesnake mostra que está vivo e que pode oferecer bom divertimento sem tanto compromisso com a novidade. Resta saber até quando a fórmula vai funcionar.
Sobre os Autores
Sobre o Blog
Contato: contato@combaterock.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.