Petrobras e Caixa cancelam patrocínios: cerco está avançando
Marcelo Moreira
As piores perspectivas estão se confirmando. Se o governo do Estado de São Paulo decidiu anunciar que não fará cortes no orçamento da área de cultura que inviabilizariam vários projetos e museus, o governo federal confirma que não haverá mais dinheiro para diversos apoios e incentivos para projetos na área.
A Petrobras e a Caixa confirmaram, nesta semana, o que já vinha sendo comentado desde que Jair Bolsonaro (PSL) assumiu a presidência: haverá cortes significativos nos patrocínios e apoios a eventos culturais e artísticos.
A Petrobras revelou que não renovará o patrocínio de 13 eventos neste ano, o que inclui a Mostra de Cinema de São Paulo, o Festival do Rio, o Festival de Brasília e o Anima Mundi, entre outros projetos, de acordo com reportagem do portal MSN, assinada pelo jornalista Marcel Plasse. Além dos eventos de cinema, também foram atingidos o Festival de Teatro de Curitiba, o Prêmio da Música Brasileira e o Teatro Poeira, no Rio de Janeiro.
A estatal divulgou a lista dos projetos cortados após receber um requerimento de informação feito pelos deputados federais Áurea Carolina (PSOL-PA) e Ivan Valente (PSOL-SP). No mesmo documento, a petroleira informa que seus programas de patrocínio estão em revisão e que, a partir de agora, deve focar em projetos de ciência, tecnologia e educação. A empresa não vai mais patrocinar cultura no Brasil.
Já a Caixa cortou o patrocínio que mantinha em funcionamento o Cine Belas Artes, em São Paulo, um dos mais importantes cinemas da cidade de São Paulo.
A cultura não é importante para o governo Bolsonaro, como o próprio já informou diversas vezes pelo Twitter. Para ele, há outras prioridades em seu governo – resta saber quais são, já que sua administração, em 100 dias de governo, é uma autêntica bagunça.
Por diversas vezes dissemos aqui que a política cultural da era Bolsonaro é a de cortes atrás de corte. Mais do que medidas administrativas e de "contenção de gastos", o que os conservadores pretendem é emparedar e intimidar a cultura e as artes, em uma cruzada contra o conhecimento.
As previsões sobre o impacto da diminuição dos incentivos e patrocínios de empresas estatais são as piores possíveis, indo da quase extinção do cinema nacional à redução drástica de eventos musicais e teatros pelo Brasil.
E isso porque ainda não foi implementada a ideia de reduzir em até 50% os repasses de verbas públicas para o Sistema S, que engloba o Sesc, o Senac e o Sesi, por exemplo, grandes fomentadores de atividades culturais e de entretenimento.
Como resistir a um cenário de destruição deliberada da cultura por motivos políticos e também ideológicos? Ainda estamos em busca de respostas, mas é importante termos em mente a palavra resistência. E o rock é fundamental para essa resistência – aliás, o gênero musical e quase sinônimo desta palavra.
Portanto, nada mais estimulante do que um trecho de um texto bem legal da jornalista Eliane Brum, da versão brasileira de El País:
"A arte é também um instrumento poderoso. Não foi por outro motivo que ela foi tachada de "pornográfica" e "pedófila" pelas milícias da internet nos últimos anos. Não é por outro motivo que o bolsonarismo investe contra a lei Rouanet e desmonta os mecanismos culturais. A arte não é firula. Ela tira as pessoas do lugar. Ela faz pensar. Ela questiona o poder. E ela junta os diferentes."
Sobre os Autores
Sobre o Blog
Contato: contato@combaterock.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.