Filme sobre Queen e Freddie Mercury decepciona, mas a música compensa
Henrique Neal – especial para o Combate Rock
A sensação foi muito parecida com aquela que tive quando assisti na pré-estreia o filme "Rock Star", uma alegoria barata e caça-níquel sobre o fã de banda de metal que atinge o sonho de cantar com os ídolos e se decepciona depois.
Para quem não se lembra, o filme produzido, entre outros, pelo astro George Clooney e dirigido por Stephen Herek, foi baseado na história verdadeira de Tim "Ripper" Owens, norte-americano que cantava em uma banda cover do Judas Priest e acabou substituindo o ídolo Rob Halford na banda.
"Bohemian Rhapsody", a fita que pretende retratar a vida Freddie Mercury e a trajetória do Queen, não precisou ser maquiado como "Rock Star" (o Judas Priest não permitiu que os nomes da banda e o dos integrantes fossem usados). Tudo bonitinho seguindo os conformes, mas ordinário e sem muito sabor, como filme anteriormente citado.
Linear, o filme é quase cronológico, e não surpreende – exceto, é claro, pela ótima atuação de Rami Malek como Freddie – explosivo, intenso e expansivo, é a reincarnação do cantor, morto em 1991.
A exibição do filme em pré-estreia no Allianz Parque, em São Paulo, teve um pouquinho de show de rock da atualidade, um misto de gente querendo aparecer, fazer selfie, se comportar como se estivesse numa balada e até mesmo quem estava a fim de ver o filme.
Para quem não conhece a história do Queen, a parte mais interessante é a formação da banda em Londres, quando a banda Smile começa a desmanchar e Freddie e o guitarrista Brian May esboçam o novo quarteto no finzinho de 1969 e comecinho de 1970.
Aqueles acostumados com a exuberância do grupo em estádios e com o poderoso rock de arena que dominou o som deles nos anos 80 mal sabem que o Queen era uma barulhenta banda de hard rock que tocava em em teatros empoeirados e acanhados na Londres do início dos anos 70.
Infelizmente, o filme mal toca neste aspecto, preferindo ressaltar em demasia a complexa personalidade de Mercury, um artista em toda a sua plenitude, genial na música e em outras áreas, mas uma alma torturada na vida pessoal.
De forma muito superficial e com dramaturgia um pouco ineficiente, vemos como a relação com a amiga Mary Austin – primeiro como namorada, depois como amiga e funcionária de confiança – moldou a personalidade do cantor e como ela serviu de âncora emocional quando ele finalmente assumiu o seu interesse por homens.
A expectativa de grande filme não se confirmou, mas é um programa interessante para quem gosta de rock – mais por conta das maravilhosas músicas da banda do que pelo filme em si. A deficiência do roteiro não neutraliza o bom valor que a fita tem como retrato do mundo do rock.
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