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Com bons álbuns, bandas 'setentistas' explodem em 2016

Combate Rock

05/08/2016 06h43

Marcelo Moreira

'Hollow Bones', do Rival Sons

'Hollow Bones', do Rival Sons

Com alguns bons lançamentos em 2016, é possível dizer que a tendência de revisitar os sons dos anos 70 está atingindo o auge neste ano de 2016. Do rock básico ao heavy metal, as bandas estão conseguindo soar convincentes, ainda que abusando do som vintage. O tributo ao setentismo é total, ainda que o som não fique (muito) datado.

Quem puxa a onda retrô é a, por enquanto, mais bem-sucedida delas, a norte-americana Rival Sons, que fez bonito no festival Monsters of Rock 2015, em São Paulo.

Soando pesado e consistente, o grupo agradou a um público exigente e conservador do heavy metal e ganhou elogios por conta das guitarras pesadas, ainda que a remissão ao som do Led Zeppelin fosse quase total.

O novo trabalho do grupo é "Hollow Bones", lançado no primeiro semestre. Aqui o Led cedeu espaço para outras importantes influências, como Deep Purple, Bad Company e um pouco da fase mais pesada do Queen.

As guitarras se apresentam redondas, em um trabalho primoroso. O timbre é hard, mas tem o frescor moderno, como nas duas partes da canção "Hollow Bones", ou na versão suingada e grooveada de "Black Coffee", de Ike and Tina Turner. Outros destaques são a bela "Thundering Voices" e "Baby Boy", que possuem boa sacadas nas letras e guitarras igualmente bem trabalhadas.

Grand-Magus

Os suecos do Grand Magus são fanáticos pelo Deep Purple – tanto que o mais recente trabalho, "Sword Songs", tem uma versão para "Stormbringer". Esse CD tem uma sonoridade um pouco mais hard rock do que heavy metal, embora ainda seja possível encontrar vários ecos de Black Sabbath e Uriah Heep.

Às vezes soa estranho escutar o peso relacionado às bandas citadas enquanto as letras caminham bem na linha Manowar, com batalhas épicas entre vikings e povos nórdicos, com muita espada. Entretanto, o instrumental é impecável.

"Varangian" é bem heavy metal, com sua sonoridade veloz e soturna; "Everyday There's a Battle to Fight" é mais cadenciada e climática, e bem pesada. "Freja's Choice" é ainda mais pesada, com solos interessantes e bem construídos.

bloodcere

Do Canadá ressurge a boa banda Blood Ceremony, da ótima vocalista Ali O'Brien. Considerado hoje o principal grupo adepto que se convencionou chamar de "occult rock", oscila entre o doom metal e o hard rock, onde se sobressaem arranjos criativos e uma boa linha melódica conduzida por guitarras pesadas.

"Lord of Misrule", lançado no começo do ano, é mais diversificado do que os anteriores. As letras ainda abordam o ocultismo, mas sem algumas amarras. O doom dá as caras, mas o clima é mais leve, assim como as flautas ampliam um pouco mais a sua presença.

Um ponto interessante é a interpretação da vocalista, que consegue dosar muito bem os aspectos mais densos e sombrios e os vocais mais rudes e urgentes.

A trinca de abertura do trabalho já vale a aquisição. "The Devil's Widow" é pesada e atmosférica, com um baixo marcante; "Loreley" mantém o pique, com a guitarra mais destacada"; e "The Rogue's Lot" é totalmente doom, lembrando os melhores momentos das bandas The Oath, Lucifer I e Avatarium.

scorpionchild

A banda mais pesada da safra que está se destacando em 2016 é a Scorpion Child. O grupo texano flerta o tempo todo com o heavy metal no bom CD "Acid Roulette", lançado recentemente.

O som se aproxima bem daquele feito por um concorrente de peso, a banda norte-irlandesa The Answer, talvez a que seja a mais bem-sucedida na Europa dos "clones" do Led Zeppelin na Europa: as guitarras ficam na cara e há uma nítida intenção de recriar os maravilhosos timbres descobertos por Jimmy Page.

Em alguns momentos, o quinteto soa bem furioso e bombástico, como em "Addictions" e "My Woman in Black", mesmo tendo perdido uma guitarra – um dos guitarristas saiu, dando lugar a um tecladista.

O peso é a característica de "Twilight Coven" e "Suvives", enquanto que "Acid Roulette" e " Blind Man's Shine" são mais bem trabalhadas, com arranjos criativos e uma linha de baixo bem expressiva.

Enquanto a banda internacional Blues Pills (quarteto com músicos suecos, norte-americanos e franceses) dá uma descansada após lançar dois álbuns de sucesso e ser considerada um dos grandes nomes do rock europeu em 2015, os já citados The Answer acabam de relançar "Rise" em uma edição de luxo. É a comemoração dos dez anos do álbum, que foi a estreia da banda, com um CD extra com demos de 2004 e regravações de faixas contidas no álbum original.

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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