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Roqueiro brasileiro burro tem orgulho de passar vergonha

Combate Rock

02/06/2020 06h23

Marcelo Moreira

As gargalhadas são inevitáveis quando revemos algumas imagens de celebridades imbecis esbravejando contra o cantor e baixista Roger Waters (ex-Pink Floyd) por conta das críticas que fez ao fascismo e ao então candidato nefasto Jair Bolsonaro em 2018, no show que fez em São Paulo.

Faziam parte dos seres execráveis que acham que show de rock é "balada" e que apenas comparece para se exibir e torrar dinheiro desconhecendo quem é o artista e o significado daquele evento.

Milhares de "fãs indignados" inundaram as redes sociais criticando o artista por "misturar política e rock" e por se manifestar contra a excrescência bolsonada. Viraram piadas mundiais, especialmente quando disseram que iam pedir o dinheiro do ingresso de volta. De onde saiu tanta gente burra?

Como já dizia o filósofo Renanzinho do Picanço, a burrice é contagiosa. Pelo resultado da eleição presidencial de 2018 e pelo desespero do gado bolsonarista em 2020, ele está correto.

A jumentice coletiva ganhou novos contornos depois que a banda Plebe Rude, em seu perfil no Facebook, postou o símbolo "Artistas Antifascistas", em mais uma demonstração inequívoca de sua posição política.

E não é que uma quantidade grande de acéfalos e indigentes intelectuais inundou os comentários com um volume gigante de excrementos escritos?

Era tamanha a indignação de vários idiotas com a demonstração da posição da banda que quase desconfiei ser uma brincadeira, uma corrente de gente ironizando e tirando sarro. Não era brincadeira. Eram todos idiotas mesmo.

"Mais uma banda que tiro na minha lista. Nunca mais vou ouvir." "Gostava da banda até quando ela passou a falar de política e esqueceu a música." Mais uma banda que não vale nada, com seu discurso velho e equivocado." "Bandinha mequetrefe que nem sabe o que facismo (sic)." "Bando de velhos que escolheram o lado errado da história. Deveriam estudar mais (???????)."

Plebe Rude (FOTO: DIVULGAÇÃO)

A burrice é contagiosa no Brasil e atinge todas as classes sociais e idades, principalmente entre os roqueiros. No caso de Roger Waters, já seria um escândalo relevar a desinformação de parte do público que pagou caríssimo para ver e ouvir músicas de um artista que está há 55 anos no mercado. O que dizer então a respeito das letras de uma banda veterana do rock nacional.

À beira dos 40 ano de estrada, a Plebe Rude está cada vez mais atual e na moda. Lançou um ótimo CD no ano passado, "Evolução", e continua inspirada e fazendo rock do bom. Tirando as bandas punks, é o expoente dos naos 80 mais engajado.

Será mesmo que essa gente que se dizia fã e agora berra de indignação algum dia prestou a atenção nas letras? "Até Quando Esperar", "Proteção", "A Ida" e muitas, muitas outras?

O que ficam pensando esses estúpidos enquanto escutam as músicas de uma banda como essa? O que será que esses estúpidos fazem quando escutam "Ideologia", de Cazuza? Ou algumas das mais sarcásticas canções de Raul Seixas?

É ser bastante repetitivo dizer que vivemos um período de trevas, de retrocessos imensos e de erosão total da inteligência e do bom senso no Brasil. É fato que a destruição da educação sempre foi um projeto de Estado no Brasil, mas quem diria que esse tal projeto seria tão bem-sucedido?

É muito vergonhoso o mostram os comentários nos posts da Plebe Rude. Ao lado da burrice e da indigência intelectual convive a deformação de caráter de quem abraça o mundo ultraconservador que sustenta o extremismo de direita e o próprio fascismo.

Entretanto, a ausência de resquício de inteligência dessa gente é assustadora, a ponto de se orgulhar de sua ignorância e burrice e saudar o fato de um ser pior do que eles está na cadeira de presidente da República.

Pelo menos é divertido rir da cara dessa gente, que foi exposta sem dó e sem muito esforço pela Plebe Rude. E o orgulho de ser burro só cresce nestes tempos bolsonaros.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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