Roqueiro brasileiro burro tem orgulho de passar vergonha
Marcelo Moreira
As gargalhadas são inevitáveis quando revemos algumas imagens de celebridades imbecis esbravejando contra o cantor e baixista Roger Waters (ex-Pink Floyd) por conta das críticas que fez ao fascismo e ao então candidato nefasto Jair Bolsonaro em 2018, no show que fez em São Paulo.
Faziam parte dos seres execráveis que acham que show de rock é "balada" e que apenas comparece para se exibir e torrar dinheiro desconhecendo quem é o artista e o significado daquele evento.
Milhares de "fãs indignados" inundaram as redes sociais criticando o artista por "misturar política e rock" e por se manifestar contra a excrescência bolsonada. Viraram piadas mundiais, especialmente quando disseram que iam pedir o dinheiro do ingresso de volta. De onde saiu tanta gente burra?
Como já dizia o filósofo Renanzinho do Picanço, a burrice é contagiosa. Pelo resultado da eleição presidencial de 2018 e pelo desespero do gado bolsonarista em 2020, ele está correto.
A jumentice coletiva ganhou novos contornos depois que a banda Plebe Rude, em seu perfil no Facebook, postou o símbolo "Artistas Antifascistas", em mais uma demonstração inequívoca de sua posição política.
E não é que uma quantidade grande de acéfalos e indigentes intelectuais inundou os comentários com um volume gigante de excrementos escritos?
Era tamanha a indignação de vários idiotas com a demonstração da posição da banda que quase desconfiei ser uma brincadeira, uma corrente de gente ironizando e tirando sarro. Não era brincadeira. Eram todos idiotas mesmo.
"Mais uma banda que tiro na minha lista. Nunca mais vou ouvir." "Gostava da banda até quando ela passou a falar de política e esqueceu a música." Mais uma banda que não vale nada, com seu discurso velho e equivocado." "Bandinha mequetrefe que nem sabe o que facismo (sic)." "Bando de velhos que escolheram o lado errado da história. Deveriam estudar mais (???????)."
A burrice é contagiosa no Brasil e atinge todas as classes sociais e idades, principalmente entre os roqueiros. No caso de Roger Waters, já seria um escândalo relevar a desinformação de parte do público que pagou caríssimo para ver e ouvir músicas de um artista que está há 55 anos no mercado. O que dizer então a respeito das letras de uma banda veterana do rock nacional.
À beira dos 40 ano de estrada, a Plebe Rude está cada vez mais atual e na moda. Lançou um ótimo CD no ano passado, "Evolução", e continua inspirada e fazendo rock do bom. Tirando as bandas punks, é o expoente dos naos 80 mais engajado.
Será mesmo que essa gente que se dizia fã e agora berra de indignação algum dia prestou a atenção nas letras? "Até Quando Esperar", "Proteção", "A Ida" e muitas, muitas outras?
O que ficam pensando esses estúpidos enquanto escutam as músicas de uma banda como essa? O que será que esses estúpidos fazem quando escutam "Ideologia", de Cazuza? Ou algumas das mais sarcásticas canções de Raul Seixas?
É ser bastante repetitivo dizer que vivemos um período de trevas, de retrocessos imensos e de erosão total da inteligência e do bom senso no Brasil. É fato que a destruição da educação sempre foi um projeto de Estado no Brasil, mas quem diria que esse tal projeto seria tão bem-sucedido?
É muito vergonhoso o mostram os comentários nos posts da Plebe Rude. Ao lado da burrice e da indigência intelectual convive a deformação de caráter de quem abraça o mundo ultraconservador que sustenta o extremismo de direita e o próprio fascismo.
Entretanto, a ausência de resquício de inteligência dessa gente é assustadora, a ponto de se orgulhar de sua ignorância e burrice e saudar o fato de um ser pior do que eles está na cadeira de presidente da República.
Pelo menos é divertido rir da cara dessa gente, que foi exposta sem dó e sem muito esforço pela Plebe Rude. E o orgulho de ser burro só cresce nestes tempos bolsonaros.
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