No primeiro ensaio geral, polícia 'bolsonarista' apresenta as suas armas
Marcelo Moreira
O primeiro ensaio geral já deixou claro: a polícia apresentou as suas armas contra um povo cansado de apanhar, resistente e ciente da importância da democracia.
diante de uma sociedade anestesiada e uma oposição política (partidos) perdida e acovardada, coube a torcedores de futebol irem para o combate – logo as torcidas organizadas, redutos históricos de comportamentos reprováveis, autoritários, fascistas e caldo imenso de todo o tipo de preconceito e disseminação do ódio.
Se as manifestações de 2013 não eram só por R$ 0,20 acrescidos às tarifas de ônibus, as deste domingo (31) não foram apenas pela democracia. Foram pelo nosso futuro.
Antifascistas foram às ruas no Rio de Janeiro e em São Paulo e foram hostilizados e atacados por policiais militares, em uma clara demonstração de que uma guerra civil, antes uma possibilidade remota, torna-se mais provável diante das manifestações nazifascistas do presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores.
Os torcedores de futebol foram as ruas e escorraçaram na avenida Paulista meia dúzia de bandidos bolsonaristas que louvam o nazismo e posições antidemocráticas. Que voltem logo às ruas mais vezes e em maior número.
Já os governadores de Rio de Janeiro e São Paulo demonstraram a sua fragilidade política nos episódios de domingo. Suas PMs bateram em manifestantes antifascistas pacíficos e protegeram os que apoiam a excrescência bolsonara e seus seguidores nefastos.
Se não mandaram os policiais reprimirem com violência, então não controlam mais a instituição. viraram reféns e não governam mais. Se mandaram bater, então estão a favor de Bolsonaro, que os considera "bosta" e "estrume". De que lado estão esses dois lamentáveis governadores?
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou à tarde que a PM agiu apenas para "evitar o confronto" entre os dois lados, mesmo que as imagens de TV mostrem que, na verdade, houve confronto entre policiais e um lado só, os manifestantes antifascistas. Leia mais aqui.
Segundo o site Veja.com, o secretário-executivo da PM paulista, coronel Álvaro Camilo, afirmou que os policiais estavam posicionados para separar os dois grupos quando os manifestantes contra Bolsonaro começaram a jogar objetos em direção aos soldados. "Infelizmente, é necessário nesses momentos o uso de armamento não letal", disse. Ele afirmou que o governo de São Paulo é a favor da democracia e da realização dos protestos, mas que foram os manifestantes quem iniciaram os ataques.
No Rio de Janeiro, o governador Wilson Witzel (PSC) não havia se manifestado até o final da noite de domingo.
Estratégia do confronto
A polícia apresenta as suas armas em defesa do fascismo, da violência e contra a democracia, pelo que pudemos observar a respeito da confusão na avenida Paulista e pelos relatos de quem participou e de jornalistas que estiveram no local.
Por enquanto, ao povo que defende a democracia resta o apoio aos torcedores de futebol antifascistas, que apresentaram as suas armas: paus, pedras, caçambas e muita coragem para encarar as forças repressoras.
Há quem entenda que os confrontos no Rio e em São Paulo beneficiam os fascistas de Bolsonaro, que ganharam mais "argumentos" para engatar intenções de decretar estado de sítio e avançar na demolição da democracia e pavimentar um golpe.
É um ponto de vista a ser considerado, embora não tenha muito lastro na realidade, ao menos por enquanto. O que se pode perceber é que há um certo esmorecimento na vontade dos apoiadores do bolsofascismo em defendê-lo nas ruas, a julgar pelas presenças nas ruas deste final de semana.
Não chegaram a 30 os coitados que fizeram uma marcha à la Ku Klux Klan em Brasília no sábado; acuados, os poucos bolsonaristas que ousaram sair de casa em Copacabana foram logo dispersados, amedrontados com a reação fascista.
Na avenida Paulista, o quadro foi mais vergonhoso, com os fascistas protegidos atrás da tropa de choque, em "choque" diante da surra que levaram dos antifascistas.
O primeiro ensaio mostrou que o desespero toma conta das hostes fascistas e que terão bastante trabalho para rearregimentar o exército nojento do bolsonarismo.
Mostrou que haverá resistência, e das bravas, contra a onda antidemocrática que é encampada por um presidente incompetente, autoritário e desprovido de qualquer inteligência.
Também mostrou, infelizmente, que as armas estão postas na mesa e escancaradas. As Polícias Militares, desobedientes, já se posicionam ao lado dos asquerosos, dos dejetos humanos que querem destruir a democracia.
São instituições corrompidas em muitos sentidos, mas principalmente em termos de ideal e função. Estão se tornando milícias paramilitares para respaldar o que há de mais podre e abjeto na sociedade mundial.
O fascista abjeto Bolsonaro não perdeu tempo e já abraçou a tese lançada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, outro ser abjeto: "manifestantes antifascistas são terroristas".
Ou seja, quer enquadrar qualquer manifestação crítica a seu governo como terrorismo, em um período que é acossado por protestos violentos – justos e necessários – contra o racismo em todo o país.
Talvez essa piada cole nas terras ianques. Aqui as chances são bem menores. O Congresso Nacional e o STF (Supremo Tribunal Federal), por enquanto, se mostram os freios necessários ante à escalada autoritária do bolsonarismo
Entretanto, o endosso à tese estapafúrdia – e inconstitucional – de classificar as manifestações como atos terroristas deixa claro que Bolsonaro começa a colocar as armas para fora do buraco nefasto onde vive.
Os torcedores de futebol mostraram o caminho e abriram os portões do inferno para o mundo podre do bolsonarismo.
Não haverá trégua, mas que nos preparemos para enfrentar as milícias paramilitares criminosas – as que sempre apoiaram o bolsonarismo – e as institucionais, ou seja, parte expressiva dos policiais militares de todo o país que formam uma base importante de apoio do fascismo bolsonarista.
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