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Little Richard, o furacão do rock'n'roll

Maurício Gaia

09/05/2020 13h27

Todo clichê é pouco para definir o papel de Richard Penniman na história do rock: "arquiteto" (como ele se intitulou), "pioneiro", "lenda" ou qualquer outro termo que você já tenha lido ou virá a ler são insuficientes para representar o que Little Richard, morto hoje, significou.

Nascido em 1932, na Georgia, Little Richard atingiu o sucesso com "Tutti Frutti". O verso onomatopeico "A-wop-bop-a-loo-lop-a-lop-bam-boom!" foi criado por ele em seu antigo emprego, lavador de pratos, e se tornou um dos mais importantes do rock. Logo em seguida, ele enfileirou uma sequência de hits: "Long Tall Sally", "Rip it Up", "Lucille", e "Good Golly, Miss Molly", entre outros.

Seu visual considerado extravagante e suas performances sexualmente ambíguas eram tão ou mais transgressoras do que o rebolado de Elvis Presley. Em uma apresentação em Baltimore, em 1956, uma fã arremessou-lhe uma calcinha, gesto repetido por outras mulheres na platéia, antecipando Wando em algumas décadas.

Em uma excursão para a Austrália, Richard passou por momentos de pânico: houve falha em um dos motores do avião e ele jurou que "anjos seguraram e mantiveram o aparelho no ar". Interpretou o fato como um sinal divino e  decidiu dedicar-se à música gospel.

Em 1962, convencido por empresários que seus antigos discos ainda tinham boas vendas na Europa, topou fazer uma excursão em alguns países daquele continente.

Na primeira apresentação, ao interpretar músicas gospel, vaias. No dia seguinte, acompanhado por um jovem Billy Preston em sua banda de apoio, enfiou um "Long Tall Sally", levando a audiência à loucura. Se isto não foi um sinal divino, eu não sei mais o que pode ser uma manifestação de Deus.

O consequente sucesso da turnê, Little Richard foi convidado para abrir alguns shows dos Beatles. Em uma dessas oportunidades, ele deu mais uma contribuição decisiva para o rock'n'roll: no camarim, ele ensinou Paul McCartney como cantar corretamente suas canções ("Long Tall Sally" fazia parte do repertório beatle).

A partir desta tour, ele retornou ao rock'n'roll, tendo durante um curto período de tempo a companhia de um desconhecido guitarrista chamado Jimi Hendrix (deu certo?, não, não deu certo).

Suas canções foram regravadas por diversos artistas e sua influência é enorme. Little Richard foi o funk antes do funk, o glam antes do glam-rock, foi a ambiguidade sexual antes de Prince, Little Richard foi o furacão do rock'n'roll.

Little Richard sempre vive.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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