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Considerações sobre The Who: novo CD, novo livro, relançamento...

Combate Rock

22/04/2020 06h59

Marcelo Moreira

Pete Townshend (esq.) e Roger Daltrey no estádio de Wembley, em Londres (FOTO: DIVULGAÇÃO/THE WHO FACEBOOK)

– Contrariando as suas próprias palavras, o guitarrista Pete Townshend não vai mais enterrar o Who e afirma estar compondo novas m´sicas para a banda neste período de confinamento por conta do coronavírus. Não duvidemos de que jogue por terra também as promessas de não fazer mais turnês, feitas ainda em 2016, quando ele e o companheiro de banda, Roger Daltrey, declararam que o grupo terminaria após a turnê "Hit 50", que celebrava os 50 anos de atividades. Na verdade, a promessa foi quebrada no ano passado, quando os dois inventaram uma turnê com orquestra pelos Estados Unidos para dar suporte ao primeiro álbum lançado em 13 anos, "WHO". Em declarações a jornais ingleses, Townshend não descarta novos shows nos Estados Unidos e na Inglaterra – aliás, uma miniturnê pela Grã-Bretanha no segundo semestre estava sendo cogitada pela empresa que cuida dos negócios do Who. Resta saber se Daltrey concorda, irritado que estava com a versão de luxo de "WHO" enxertada com sobras de estúdio que ele considerou ruim, e preocupado com sua voz, já bem debilitada ao vivo aos 76 anos de idade.

– Enquanto as preocupações dos dois músicos são turnês e suposto novo álbum da banda, os fãs ficaram intrigados com o lançamento, finalmente, da biografia do baixista John Entwistle. O livro, em suas versões múltiplas, está disponível, por enquanto, apenas na Inglaterra. "The Ox: The Authorized Biography of John Entwistle" foi escrita pelo jornalista e escritor Paul Rees tendo como principal fonte Christopher, o filho único do baixista – daí o fato de o título conter o absurdo "autorizado". Entwistle, morto em 2002, aos 57 anos, é retratado como uma pessoa gentil e cordial, embora egoísta e genioso em muitas ocasiões. Segundo críticos ingleses que tiveram acesso à obra, Rees não resistiu à tentação de apelar para certo sensacionalismo, preferindo explorar com estridência fatos desabonadores da vida pessoal do músico em detrimento de sua rica carreira musical e desempeno com The Who e carreira solo. Os excessos com drogas, as infidelidades conjugais, os constantes problemas financeiros a partir dos anos 80, tudo recebeu holofotes em demasia, como se tratasse de uma "vingança" do filho e da primeira mulher, Aline Wise, mãe de Christopher. Este chegou a afirmar em uma recente entrevista que Pouca gente realmente cnheceu de verdade seu pai, incluindo os integrantes do Who. Chegou a dizer que Entwistle nunca foi um grande amigo de Daltrey e de Townshend, que também nunca se interessaram muito em se aproximar de John. Há trechos com boas histórias de bastidores que John contou ao filho e que também deixou registradas em uma espécie de diário intermitente descoberto pelo filho após sua morte. Assim como algumas biografias de Keith Moon, o baterista da banda morto em 1978, o personagem roqueiro assumido por Entwistle perde muito espaço para o músico fenomenal e genial que foi ao longo de 40 anos de atividade ininterrupta. Pete Townshend e Roger Daltrey ainda não se manifestaram sobre a obra.

– Enquanto a banda fica em recesso, os gestores da carreira do Who estudam relançar em DVD e em CD/mídias digitais "Live at Isle of Wight", importante show que a banda realizou em 1970 na ilha inglesa, em festival que rivalizava com os principais realizados nos Estados Unidos e que chegou a ser considerado o mais importante da Europa. Era o final da turnê internacional de promoção do álbum "Tommy", do ano anterior, que formava a base do repertório da época. Menos impactante e forte do que os shows de Leeds e Hull, também, lançados em CD, a apresentação é a consolidação do quarteto inglês como banda gigante, fato que teve início com o lançamento de "Tommy" e a apresentação no Festival de Woodstock, no ano anterior. A banda arrombou à força a porta do clubinho que tinha Rolling Stones e Led Zeppelin e que, mais tarde, teria os Faces, todas as bandas lutando pelo posto da que mais vendia ingressos na primeira metade dos anos 70. Não se sabe ainda se, para celebrar os 50 anos de tão importante show, o pacote incluirá algo inédito.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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