Gov't Mule e Joe Bonamassa mostram coragem em novos CDs ao vivo
Marcelo Moreira
Desde sempre o lançamento de registros ao vivo é uma tábua de salvação para artistas sem inspiração por um período, para gravadoras quebradas ou para editoras de música gananciosas ao extremo.
São poucas as obras relevantes desse segmento, e mais raras ainda aquelas que são genuinamente ao vivo, com um minimo de correções, seja do nível de equalização ou mesmo para mascarar errinhos quase imperceptíveis.
Neste ano de 2019, entretanto, duas obras ao vivo merecem destaque pela excelência da gravação, do repertório escolhido e pelos próprios artistsa envolvidos, que fazem questão de que discos ao vivo soem relevantes em todos os aspectos.
Curiosamente, os dois são do blues: o quarteto Gov't Mule e o artista blueseiro mais importante da atualidade, o guitarrista Joe Bonamassa.
Comemorando 25 anos de atitividade, os veteraníssimos do Gov't Mule, que misturam rock sulista com blues pesado, lançaram um CD duplo e um DVD duplo para celebrar um quarto de século e revisitar clássicos de sua vitoriosa carreira.
"Bring on the Music – Live at Capitol Theatre" foi gravado na importante casa de shows de Nova York em abril de 2018 e faz parte da turnê de divulgação do último álbum, "Revolution Come… Revolution Go".
O álbum resgata duas pérolas do projeto "Deep End", que rendeu dois CDs de estúdio e um duplo ao vivo no começo do século com um baixista diferente a cada música. Isso ocoreu porque o baixista original e fundador do Gov't Mule,. Allen Woody, morreu em 2000.
"Fool's Moon", que na original versão teve o baixo de Jack Bruce (ex-Cream, morto em 2014), e "Sin's a Good Man's Brother", uma genial versão para um clássico do Grand Funk Railroad, podem ser considerados os destaques, já que raramente foram tocadas ao vivo. Aqui ressurgem pesadas e com um groove contagiante.
Outros bons momentos são as três músicas que encerram o primeiro CD, resgatadas de um passado longínquo, mas que eram exigidas pelom público: "Lola Leave Your Light On", um blues soul irado, "Blind Man In The Dark", clássico absoluto e nhit do segundo álbum, e a soturna e densa "Raven Black Night", outra tocada poucas vezes.
O final é matador, com a faixa-título do último álbum e "Bring on the Music", o épico encerramento do fabuloso disco "Shout", de 2013, em longas versões que incluem solos memoráveis e jams sessions instigantes e expecionais.
O workaholic Joe Bonamassa, que se divide hoje entre a carreira solo, a banda de hard rock Black Country Coomunion, o dueto com a cantora de blues Beth Hart e a banda de funk Rock Candy Funk Party, não deixa um ano sem colocar no mercado um produto.
"Live at Sydney Opera House" é um show gravado em 2018, antes ainda do lançamento do do mais recente álbum, "Redemption". Contemla a turnê do ótimo disco "Blues of Desperation" e aproveita a excelente acústica de uma das casas de show mais importantes do mundo e mais futurísticas já construídas.
Ao contrário da maioria de seus vários álbns ao vivo, este, gravano na Austrália, é mais conciso e resumido. São apenas nove canções que reúnem o que de melhor ele vem apresentando ultimamente.
Justamente por isso, por deixar seus velhos e imponentes hits de fora, como "Sloe Gin" e "Ballad of John Henry", por exemplo, é que o disco merece a atenção.
"This Train" e "Blues of Desperation", os destaques do penúltimo álbum, são também as melhores executadas neste ao vivo – são versões mais pesadas e densas, onde os teclados de Reese Wynans, ex-tecladista de Stevie Ray Vaughan, assumem um protagonismo inédito nos shows do guitarrista.
Do memso disco estão presentes a siturna e insinuante "Drive", um blues pegajoso com jeitão de anos 50, e a quase hard rock "Mountain Climbing", que tem riffs poderosos e solos lancinantes.
Outros pontos altos também são a bela balada "No Place for the Lonely", um blues cortante, e uma versão mais rocker de Mailine Florida", de Eric Clapton, do álbum "461 Ocean Boulevard", aquele que resgatou o gitarrista inglês do limbo em 1974.
Bonamassa foi corajoso ao lançar o CD curto e resumido, sem os seus principais hits e com o grosso das músicas do então mais recente álbum. O resultado é bem interessante.
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