Livros na mira dos bolsonaristas e conservadores: a fase de testes passou
Marcelo Moreira
A fase de testes já passou. As forças do atraso e do retrocesso, de inspiração fascista, começam a movimentar para destroçar a cultura e implantar sua visão de mundo medieval.
O governo de Rondônia conseguiu a proeza de divulgar uma lista de livros que "devem ser recolhidos de escolas e bibliotecas públicas", em um rompante de autoritarismo e censura que só tem paralelos na ditadura militar mais recente (1964-1985).
Não são obras quaisquer – "Macunaíma", de Mário de Andrade, "Os Sertões", de Euclides da Cunha, liuvros e poesia de Ferreira Gullar, livros de Caio Fernando Abreu, Carlos Heitor Cony, Euclides da Cunha, Ferreira Gullar, Nelson Rodrigues, Rubem Fonseca, Mário de Andrade e Franz Kafka.
Ao todo, são 42 livros que deveriam ser recolhidos sob o argumento de que as obras tinham "conteúdos inadequados às crianças e adolescentes".
O governo asqueroso e fascista de Rondônia é chefiado pelo hediondo Coronel Marcos Rocha, do PSL, o saco de gatos nojento que já foi o partido do inominável presidente Jair Bolsonaro. A repercussão foi tão hilária e negativa que o governador recuou e desautorizou, por enquanto, a medida.
Que tipo de gente nefasta é capaz de votar em políticos dessa estirpe, que atenta contra a Constituição ao tentar impor censura e restrição à liberdade de expressão e artística?
Já havíamos alertado aqui que era apenas uma questão de tempo que tal coisa acontecesse, e em larga escala. O atentado à cultura em Rondônia é apenas o começo da escalada de autoritarismo e ataques que visam depredar a cultura, as artes e a educação.
O governador rondoniense é militar retrógrado, moralista, tem os dois pés no que de existe de mais abjeto na religião e tem simpatia pelo autoritarismo e da censura – sem falar que tem horror a qualquer tipo de debate.
Como não poderia deixar de ser, é um grande aliado de Jair Bolsonaro e deve ir para o Aliança pelo Brasil, partido que está sendo gestado pelo presidente, assim que a legenda for oficializada.
A Secretaria de Educação tentou negar a informação, afirmando que era "fake news", mas foi vergonhosamente desmentida. O secretário teve de admitir que desconhecia o assunto, já que o atentado teria sido cometido por uma diretora do órgão. A medida foi suspensa, mas o secretário não quis informar ao jornal O Estado de S. Paulo se a suspensão era definitiva ou temporária
Quando os nazistas assumiram o poder na Alemanha, em janeiro de 1933, imediatamente começaram a perseguir intelectuais, políticos, professores, cientistas e artistas identificados com a "arte e pensamentos degenerados".
Foram necessários apenas quatro meses para que as hordas estúpidas e ignorantes do partido nazifascista convencessem/ordenassem para que milhares de fogueiras alimentadas com livros aparecessem nas principais cidades do país.
A tentativa de censura em Rondônia é apenas o começo da ofensiva contra a civilização que, repito, viria mais cedo ou mais tarde diante das porcarias diárias que empesteiam esse governo federal absurdo. E não nos enganemos: o rock está na mira e será um dos próximos alvos.
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