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'São Paulo', do 365, ainda é a cara roqueira de São Paulo

Combate Rock

24/01/2020 22h26

Marcelo Moreira 

Há muito tempo, em outra galáxia existente em outra dimensão, o Combate Rock fez uma enquete rápida sobre o rock paulista que era mais a cara de São Paulo, por ocasião do aniversário da cidade. Era então o 458º da capital paulista, e surpreendentemente quem ganhou foi a canção "São Paulo", da banda punk 365.

Foi uma disputa acirrada, de alto nível, com uma concorrência pesada. O 365 venceu porque os roqueiros de então se identificaram mais com a letra, que tinha um caráter mais serio e, até certo ponto, laudatório, o que não é demérito nenhum. "São Paulo" era uma celebração da cidade e à cidade.

"Pânico em SP", dos Inocentes, e "Pobre Paulista", do Ira!, são canções muito fortes, até mais do que a vencedora da enquete na época, mas tinham uma vertente mais agressiva, de protesto.

A música dos Inocentes era pura agressão, punk até a última nota, mostrando uma metrópole urgente e totalmente conectada com o ambiente político-cultural dos anos 80.

"Pobre Paulista" trazia um pouco da inquietação mod do Ira!, e servia, de certa forma, a uma forma de protesto, apesar e também realçar um certo tipo de paulistanidade que chegou a incomodar fãs e músicos Estados – alegaram que era uma canção meio "xenófoba", pois exaltava demais o povo paulista. Qual é o problema disso? Onde a música contém, algum tipo de discriminação?

"São Paulo, São Paulo", do Premeditando o Breque, e "Trilogia da Vila Madalena", do Língua de Trapo, estiveram cotadas, mas acabaram perdendo espaço por serem satíricas e abusarem, no bom sentido, do bom humor. Pegavam pesado na caricaturização do metrópole e exageravam, de forma maravilhosa, os problemas graves que a cidade tinha.

A escolha acabou sendo sensata e acertada, mas longe de ser unanimidade. Nós, do Combate Rock, adoramos as quatro mais votadas, citadas neste texto, e com certeza as consideramos a cara roqueira da cidade, cada uma inserida no contexto de suas letras.

Parabéns São Paulo pelos 466 anos de fundação, ao som das canções mais emblemáticas que representam a cidade.

A banda vencedora em 2012

Fundada em 1983, o 365 foi um dos expoentes da fase final do movimento punk-rock e new wave no país. Com Miro de Melo (bateria), Tiquinho (guitarra), Adauto (baixo) e Oclinhos (vocal), a banda ficou conhecida no circuito underground paulista por suas canções de protesto.

Em 1985, a banda passa por uma reformulação com a entrada de Ari Baltazar (guitarra), Mingau (baixo) e Finho (vocal). Com um estilo voltado para o pós-punk, sua música foi intitulada por alguns críticos como rock de combate – e o Combate Rock  sempre aprovou tal rótulo!!!!

Em 1986 é lançado o disco-mix contendo as músicas "São Paulo" e "Canção para Marchar", a canção "São Paulo" torna-se um grande sucesso e posteriormente um clássico do rock nacional. Com a repercussão positiva, em 1987 lançam seu primeiro álbum homônimo, contendo entre outras músicas, uma versão de "Grândola, Vila Morena", música do cantor e compositor português Zeca Afonso. A música original foi utilizada, na década de 70, como senha de sinalização durante a Revolução dos Cravos, em Portugal.

A discografia da banda é composta por quatro álbuns, uma coletânea e um compacto com duas músicas em formato EP.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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