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All You Need - em busca dos quatro fabulosos em Liverpool - parte 4

Combate Rock

23/01/2020 17h00

Airton Gontow – do site Coroa Metade e publicado originalmente no site Terceiro Tempo

Para onde direcionamos o aparelho ouvimos e vemos o som e as imagens da torcida. vibrando e entoando seu canto mais famoso, o já citado You will never walk alone. É incrível, mas a gente se sente realmente como se estivesse em dia de jogo.

Também curioso e engraçado é ver nas janelas do estádio bolinhas vermelhas que dificultam a vista para o Goodison Park, o estádio do Everton.  Talvez a brincadeira tenha origem em mais uma frase antológica de Shankly: If Everton were playing at the bottom of the garden, I´d pull the curtains.  ("Se o Everton estivesse jogando no fundo do meu jardim eu fecharia as cortinas".).

O guia indaga: `vocês sabem a distância entre a gente e o Everton?´ Diante da resposta negativa de todos do grupo, ele prossegue: "As pessoas dizem que é 1,1km, mas a verdade é que são 11 pontos", que era a diferença à época na tabela da competição durante a nossa visita.

Apesar das provocações, a rivalidade vermelha e azul, ainda que iniciada em 1894 (Everton venceu por 3 a 0) não chega próxima das grandes no mundo. Tanto que o clássico, que hoje é denominado Merseyside Derby, foi durante muitas décadas chamado de Frendly Derby (o "Clássico Amigável").

Quem torce para o Blues enxerga no gigante vermelho da cidade o adversário a ser batido, mas não vê o rival com um inimigo. O beatle Paul McCarney talvez personifique, com certo exagero, esse espírito amigável.

Nascido em uma família de torcedores do Everton, ele já foi visto algumas vezes no Goodison, torcendo pelo time do coração. Mas também simpatiza pelo Liverpool, para quem torce em todos os jogos, menos, claro, quando o adversário é o próprio Everton.

O guia e vários torcedores do grupo confessam a este jornalista que o Everton não é visto como um grande rival de fato. Para os torcedores dos Reds, o adversário está em outra cidade: é o também vermelho Manchester United, maior vencedor da Premier League (contando todas as edições, mesmo com outras denominações), time de maior torcida do País, com o maior número de simpatizantes no mundo e, até hoje, o único inglês campeão mundial. Segundo a lista de Forbes de 2018, é o time com a marca mais valiosa no planeta no futebol (US$ 4,123 bilhões) e a segunda entre todos os clubes esportivos do mundo, atrás apenas do Dallas Cowboys (US$ 4,8 bilhões), de futebol americano.

Aliás, as bolinhas impedem a visão de longe, mas se sobrar um tempinho sempre vale a pena uma visita ao charmoso Goodison Park, com capacidade para 39.572 pessoas, que pode ser feita por £15. O passeio segue o modus operandi dos outros estádios ingleses, mas há atrações especiais.

Paul McCartney é torcedor do Everton, mas às vezes torce pelo rival vermelho (FOTO: DIVULGAÇÃO/MROSSI/T4F)

Uma delas é o fato de jogarem no Everton os brasileiros Bernard e Richarlison. Mas acima de tudo é porque lá foi o palco das três partidas da Seleção Brasileira – vitória de 2 a 0 sobre a Bulgária e derrota por 3 a 1 para Hungria e de 3 a 1 para Portugal – na catastrófica campanha na Copa de 66, quando a então bicampeã mundial, vencedora na Suécia, em  58, e Chile em 62, foi eliminada na primeira fase.

O estádio deve ser sempre lembrado e reverenciado por ser o local da última vez em que Pelé e Garrincha atuaram juntos pela Seleção Brasileira em um jogo oficial. Foi no dia 12 de julho de 1966, na vitória por 2 a 0 sobre a Bulgária, mesmo adversário que enfrentaram em sua estreia pela Seleção, em 18 de maio de 58, na vitória por 3 a 1, com dois de Pelé e um de Pepe.

Nessa partida da Copa da Inglaterra, Pelé marcou aos 15 do primeiro tempo e Garrincha aos 18 do segundo, ambos de falta. Pelé e Garrinha nunca foram derrotados atuando juntos pelo escrete canarinho. Em 40 partidas, foram 36 vitórias e quatro empates. Pelé fez 44 gols e Garrincha 11.

Talvez agora o texto até entre em contradição com o início desta reportagem. Assistir a Pelé e Garrincha em campo seria tão antológico quanto ver um show com Lennon e McCartney em Liverpool. Os dois craques brasileiros jogavam por música! Aqui não há aparelho de realidade aumentada. Mas a atmosfera mágica tudo permite. Feche os olhos e, como na famosa canção, Imagine

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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