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A imprensa aterroriza o poder e os fascistas, e isso é muito bom

Combate Rock

22/01/2020 15h41

Marcelo Moreira

Reprodução da capa da edição brasileira do livro "Liberdade de Expressão: Dez Princípios para Um Mundo Interligado", de Timothy Garton Ash

Os atentados à liberdade de expressão se tornaram a evidência do desespero dos detentores do pode em todos os níveis no Brasil.

A estapafúrdia peça de denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald, do The Intecept, feita por um lamentável membro do Ministério Público Federal, demonstra que não há mais pudor na guerra cultural travada peo ultraconservadorismo.

Greenwald está sendo atacado porque divulgou documentos comprometedores contra o ministro da Justiça, Sérgio Moro, na época em que este era juiz federal responsável pelos julgamentos da Operação Lava Jato.

Mesmo sem ser indiciado, se robjeto de investigação e munido de uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que proibia ser investigado, o jornalista de The Intercept foi denunciado no inquérito que apura as ações de supostos hackers contra autoridades diversas.

A ação judicial contra o jornalista, que será rejeitada por absoluta inconformidade com a lei, é o exemplo de como os embates se darão daqui para a frente.

Aproveitando-se de um factoide e do apoio acrítico e sem noção de uma horda de ignorantes, os ultraconservadores e aspirantes a fascistas tentarão de todas as formas usar artifícios supostamente legais para derrubar os "adversários na imprensa para escamotear o pojeto autoritário e os resultados cada vez mais negativos de um governo nefasto e incompetente.

Sem imprensa livre não há democracia; sem democracia não há liberdade; sem liberdade não existe vida. E quando vemos pressoas próximas supostamente com algum nível de instrução defender prisão de jornalista e o cerceamento da imprensa apenas por esta fazer o seu trabalho é sinal de que a doença se espalhou rapidamente.

E a coisa fica muito mais preocupante quando vemos músicos apoiando esse tipo de comportamento, justamente quem é alvo preferencial da guerra cultural travada pelas forças das trevas, ou seja, e o cachorro defendendo a carrocinha.

E o nosso rock, cada vez mais conservador e omisso, parece não se preocupar com o que acontece em nosso triste país que não da a mínima para o avanço autoritário de um pensamento medonho, asqueroso e medieval. Pouquíssimos se incomodaram com a fala nazista do ex-secretário de Cultura do governo federal.

Essa omissão, que infelizmente é geral, foi denunciada em ótimo artigo do colunista Anderson França no jornal Folha de S. Paulo no dia 21 de janeiro.

Certeiro, criticou duramente artistas de sertanejo, pagode, axé, funk e celebridades de YouTube que ignoraram solenemente a lamentpavel passagem de tal secrretário pelo governo, alguém que tinha o firme propósito de combater a "arte degenerada", m típico pensamento nazista.

Assim como os roqueiros, artistas de todos os calibres e contas bancárias se omitiram diante do vergonhoso escândalo nazista na cultura nacional.

Covardes ou pragmáticos – ou os dois -, os tais artistas mais proeminentes dos gêneros musicais citados mantiveram o silêncio pela conveniência dfe manterem contratos publicitários e pela inconveniência de se meterem em uma polêmica que "não leva a nada, já que é muito barulho por nada", como li em diversos perfis de redes sociais – de gente anônima e de gente famosa. Uma gigantesca vergonha.

No fundo essa galera asquerosa é adesista e oportunista, sempre pronta a agradar os poderosos da vez e garantir gordos contratos com prefeituras, governos estaduais e patrocinadores conservadores que têm horror a qualquer tipo de polêmica e crítica política, para não falar no medo constante do "poder" dos evangélicos ligados às piores seitas – aqelas medievais que se chama no direito de se meter na vida das pessoas e de regulamentar seus comportamentos.

O rock acabou de fora do texto de França por conta do aprofundamento do undergrond em q ueo gênero se encontra – ou de sua irrelevância em relação à popularidade dos artistas vasculhados pelo articulista.

Mas não nos enganemos: o texto cabe perfeitamente para a imens amaioria dos artistas de rock e metal da atualidade. Roqueiros e metaleiros hoje são tão ou mais conservadores do que os sertanojos, pagodeiros e funkeiros – a diferença é a conta bancária magra e uma "cena" devastada e sem perspectivas.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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