Pontos de resistência que nos enchem de orgulho - e o rock ainda hiberna
Marcelo Moreira
Vivemos insistindo por aqui que a cultura e as artes precisam resistir aos constantes ataques ultraconservadores de inspiração fascista, largamente estimulados pelo governo federal tomado pelo nefasto bolsonarismo. é instigante e estimulante observar que existem pontos importantes onde a resistência pipoca e deixa transtornados os facistas de plantão. Ainda é insuficiente, mas é vamos aproveitar;
– "Democracia em Vertigem", de Petra Costa, foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário em Longa Metragem. É um filme que mostra as armações, conchavos e bastidores do impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016. O olhar é de esquerda, e isso fica bem claro desde sempre. A direita estrebuchou, assim como o PSDB, porque o filme demonstra que houve mesmo um golpe, ainda que revestido de legalidade. A indicação é um tapa na cara de gente que articulou de forma nojenta e asquerosa o apeamento do poder de uma mulher eleita por mais 54 milhões de voto, evidenciando que a democracia brasileira, entre outras falhas graves, nunca se preocupou em implantar um sistema político que oferecesse estabilidade e condições de governabilidade. E isso nunca ocorreu porque não interesssa aos politiqueiros corruptos que mandam desde sempre neste país. "Democracia em Vertigem" é um filme sobre um golpe político-parlamentar de Estado e sobre o caráter deformado de um povo e de uma nação.
– Wagner Moura, outrora ator de novela e cinema e agora transfigurado em diretor, desceu a marreta na censura bolsonarista a respeito de seu filme, "Marighella, sobre o o militar que aderiu à luta armada deesquerda durante a ditadura mililtar brasileira. Morando em Los Angeles, ele não poupou o governo federal e a Ancine (Agência Reguladora do Cinema) por colocarem barreiras e entraves burocráticos que impediram a estreia do filme no Brasil, no ano passado. "O que fizeram com meu filme não é um caso isolado, é uma política pra censurar opiniões de adversários ou simples opositores. A cultura está sob censura", disse o cineasta ao blog do jornalista e cientista político Leonardo Sakamoto, do UOL. Fazia tempo que um artista não espancava tão bem e com força um governo de trevas e retrógrado como o de Jair Bolsonaro.
– Quem também não poupou o presidente seu governo esdrúxulo foi a jogadora de vôlei Isabel, estrela da seleção brasileira feminina nos anos 80 e começo dos anos 90 e mãe de dois jogadores de vôlei de paria de nível internacional. Ela fez, ans redes sociais, uma defesa apaixonada da cultura como ponto importante da formação de caráter de um povco e de uma nação e expõe de forma dolorosa a guerra cultural promovida pelo atual governo federal, provocando a raiva hidrófoba das hordas medievais que apoiam Bolsonaro e políticas ultraconservadoras de inspiração fascista. "Se esse governo não gosta do nosso cinema, da nossa música, dos nossos escritores, eu quero dizer que eu e uma enorme parte dos brasileiros gostamos. Não aguento mais assistir a tantos absurdos calada. Vocês estão ofendendo uma grande parcela do povo brasileiro. Aprendi no esporte que é fundamental respeitar as diferenças e saber que elas são enriquecedoras em todos os aspectos. Aprendi que é fundamental respeitar os adversários , e não tratá-los como inimigos. Compreendi, vivendo no esporte, o quanto é importante ser democrático. Inspire-se no esporte, senhor presidente!" Leia a íntegra do texto dela clicando aqui.
– No rock, ainda estamos esperando o despertar de músicos que se comportam como se nada tivessem a ver com isso, como se os retrocessos não fossem chegar ao rock e ao mundo musical. Não se sabe se isso é apenas convardia, indiferença ou medo – ou, quem sabe, tudo junto. A questão é que o rock está muito acanhado e escondido, quase que torcendo contra, para que tudo fique como está. Parece que, ficando quietinho, não chamará a atenção e não atrairá a baba asquerosa do bolsonarismo anticultura e anti-arte. Neste caso, a omissão é um pecado gravíssimo.
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