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Nostalgia e política são os destaques da primeira noite do Porão do Rock

Maurício Gaia

26/10/2019 16h15

A noite de abertura da 22ª edição do festival Porão do Rock foi marcada por tons nostálgicos e, como não poderia deixar de ser, pela política.

Onze bandas se revezaram nos dois palcos da Arena Lounge, no estádio Mané Garrincha (este blog se recusa a adotar o novo nome do estádio pós-Copa do Mundo), e os principais destaques foram Ratos de Porão, Edu Falaschi, Raimundos e Dead Fish.

Ratos de Porão (Foto: Maurício Gaia)

O Ratos de Porão, em formação de trio, sem o vocalista João Gordo – em recuperação de uma pneumonia – fez uma apresentação feroz, baseado no álbum "Brasil", de 1989. Trinta anos depois, suas letras continuam atuais e tocam o dedo nas feridas das mazelas sociais e políticas do país. Após "chamar a Anitta", o guitarrista e agora vocalista Jão reclamou da platéia "vocês estão muito quietos". A resposta veio rápida: um mosh se formou no meio do pessoal e muita gente começou a "chamar a Anitta" .

Na sequência, Edu Falaschi e banda subiu ao palco também em um show comemorativo dos quinze anos do lançamento do álbum "Temple of Shadows", lançado pelo Angra. Com o reforço de um quarteto de cordas, a apresentação empolgou o público, que cantou junto muitas músicas.

Entre as apresentações de Falaschi e os Raimundos, tivemos Galinha Preta, com seu grindcore rápido e feroz e a banda americana Escape The Fate. Ao final da apresentação da banda brasiliense, o vocalista Frango Kaos observou que mais importante que "chamar a Anitta" é preciso incluir a palavra "impeachment" nas manifestações. Já a banda americana apresentou seu hardcore com pitadas de metal e fez com que a platéia fizesse muitas rodas de mosh.

Raimundos (Foto: Maurício Gaia)

Um dos momentos mais esperados da noite foi a apresentação dos Raimundos, que também baseou seu setlist em uma data comemorativa – 25 anos do lançamento de seu primeiro álbum. Com a presença de seu baterista original, Fred Castro, a banda fez com que muitos cantassem suas músicas de cabo a rabo. A parte final do show contou com Fred e Caio, o atual baterista, no palco e os bumbos ressoavam forte no peito de quem estivesse na frente do palco.

Dead Fish (Foto: Maurício Gaia)

A penúltima banda da noite foi o Dead Fish. Uma das principais bandas de hardcore do país foi direta:  "A esperança das ruas de 2013 catalisou aquele grande acordo nacional, com o supremo e com tudo, pra estancar uma sangria em nome da família e de um torturador" vociferava Rodrigo, na canção "Sangue nas Mãos". 

Mais à frente, ele apontou para as famílias que controlam os grandes conglomerados de mídia, também os culpando pelo golpe – foi o termo usado por ele  – de 2016. O som alto fazia com que as canções e o discurso da banda fossem ouvidos a mais de um quilômetro de distância do estádio.

Hoje, teremos a última noite do festival, com a apresentação de alguns artistas como Canto Cego, Rincón Sapiência, Rumbora e Criolo.

 

* Maurício Gaia viajou a convite da organização do festival

 

 

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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