Pesada e contundente, Nervosa faz história no Rock in Rio
Marcelo Moreira
Dois trás, as meninas já eram internacionais, mas ainda enfrentavam resistência dentro de casa. Em um minifestival de metal na antiga casa Little Darling, em São Bernardo (ABC Paulista), elas fecharam o evento que atraiu pouco mais de 30 pessoas e tiveram de ouvir desaforos de homens à beira da terceira idade que se consideravam "true bangers" que desprezaram três mulheres bonitas mandando um som melhor que o das outras bandas.
Infelizmente acostumadas com o machismo nojento e mal-educado, levaram de boa e puseram a casa abaixo. Hoje, no Rock in Rio, o trio Nervosa mostrou como se trata aquele bando de homens das cavernas: "Lugas de mulher é onde ela quiser, quando quiser com quem quiser. Mulher pude fazr o que quiser", bradou a baixista e vocalista Fernanda Lira.
Demorou um pouquinho, cerca de dez anos, mas as meninas chegaram lá. Foram necessárias turnês nacionais intensas e giros longos e pesados na Europa e nos Estados Unidos, mas a Nervosa mostrou a qualidade de seu trabalho que a faz ser comparada ao Krisiun.
Havia muita gente para vê-las no palco Sunset e a chance de serem bem recebidas era enorme, mas o trabalho não seria fácil para conquisar aquele que provavelmente seria o maior público de suas carreiras.
Show ganho desde o primeiro segundo, o trio parecia bem à vontade no palco grande. Desfilaram pancadas thrash/death e fizeram um apanhado da trajetória, passando pelos três CDs já lançados.
Fernanda, Prika Amaral (guitarra e vocais) e Luana Dametto (bateria) aproveitaram ao máxio uma das grandes chances de suas carreiras e estremeceram o Rock in Rio. Literamente desfrutaram cada segundo no palco e foram longe, bem longe.
As canções são violentas e contundentes, e não deixaram passar as oportunidades de mandar recados. "Guerra Santa" serviu de alerta para as nações que "costumam misturar religião e política, como vem acontecendo no Brasil", disse Fernanda.
"Raise Your Fist!", que virou hino, foi dedicada a ex-vereadora Marelle Franco, assassinada em 2018. Uma mensagem forte e poderosa contra o autoritarismo e o fascismo.
A vocalista também contundente ao mandar a mensagem feminista e poderosa que foi mencionada no início deste texto e foi ovacionada antes do clássico "Death", que serviu de introdução para as as fantásticas "Never Forget, Never Repeat" e "Into the Mosh", que encerram o show.
A apresentação foi fantástica e mostrou, em escala mundial, uma banda de metal extremo surpreendente (ok, só surpreendeu quem vive em Marte!) e que elevou o patamar de qualidade dos artistas brasileiros do estilo. Nervosa entrou para a história e já é um dos grandes momentos desta edição do Rock in Rio.
Sobre os Autores
Sobre o Blog
Contato: contato@combaterock.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.