Slayer transforma música extrema em celebração em São Paulo
Henrique Neal – especial para o Combate Rock
Não era um concerto, foi uma cerimônia. Mais de mil atenderam ao chamado quando os portões do inferno foram abertos e os devotos lotaram o Espaço das Américas para testemunhar um culto à mais pútrida e extrema das músicas. E foram mais de duas horas de orações.
O Slayer entregou tudo o que prometeu em São Paulo em sua última passagem por aqui, na "Final World Tour". Em nada diminuiu a energia ou a violência sonora. A ideia era arrancar a cabeça de todos os headbangers que testemunharam a fúria insana do thrash metal californiano.
Nem dá para dizer que foi uma prévia da apresentação do palco Sunset, no Rock in Rio, dois dias depois. É incomparável tocar em um palco grande, mas numa casa de shows fechada, e encarar 100 mil pessoas em dos festivais mais importantes que existem. O que o Slayer fez em São Paulo foi inigualável.
Amigos encontraram a banda no dia anterior ao show em um restaurante estrelado da cidade, em um evento promovido pelo chef e cantor de hardcore Henrique Fogaça. Os caras disseram que tinham vindo para arregaçar. E cumpriram a promessa.
Enquanto um monte de bon jovis da vida vêm para fazer o mesmo show de sempre, protocolar e sem muita emoção, uns slayers da vida decidem quebrar tudo e transformar o palco em um verdadeiro inferno, com uma qualidade estupenda e uma vontade absurda.
Conhecida pela sua integridade e pelo comprometimento com a "causa", é de se supor mesmo que nunca mais veremos o Slayer. Com eles não tem esse negócio de parar e depois voltar, cinco anos depois, para pescar alguns tostões.
A violência com que mandaram "World Painted Blood" é a de uma banda que está fazendo o último show de sua vida, como se a performance fosse necessária para evitar fim do mundo.
E o fim do mundo veio várias vezes, seja em "Postmortem", seja em "Chemical Warfare". Eles até que tentaram fazem com que"South of Heaven" e "Hell Awaits" se transformassem em hinos, mas a violência sonora não deixou.
Slayer não tem hinos, tem explos]oes atômicas que dilaceram cérebros. Como descrever a reação a uma canção como "Raining Blood"? Ou a uma porrada como "Seasons of the Abyss"?
O Slayer honrou a sua história e derramou algumas das mais pungentes e explosivas páginas do metal extremo nesta apresentação em São Paulo.
Não foi um concerto de rock. Foi uma celebração e uma maratona poderosa de violência nunca vista. Que todas as grandes bandas façam o mesmo, com o mesmo poder, quando decidirem por turnês de despedida.
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