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Sesc Jazz invade interior de São Paulo; veja a programação de Santos

Combate Rock

28/09/2019 07h00

Eugênio Martins Júnior – do blog Mannish Blog

Muitos anos conhecido como Jazz na Fábrica, restrito ao Sesc Pompéia, o agora Sesc Jazz, incluiu o interior do estado de São Paulo nas suas apresentações.

Serão mais de 80 shows e, além da unidade Pompéia, na capital o festival estará em Interlagos, Pinheiros, Vila Mariana, Paulista, Santo Amaro e Consolação. Nas cidades do interior o Sesc Jazz vai chegar em Araraquara, Sorocaba, Ribeirão Preto, Jundiaí, Guarulhos, Piracicaba e Santos.

Aqui na minha terra serão quatro shows e uma palestra. Entre os dias 23 e 26 de outubro o grande teatro com mais de 780 lugares do Sesc Santos receberá a diversidade da música mundial em colaboração com os maiores músicos de jazz do Brasil, são eles, Marc Perrenoud Trio com a Nelson Ayres Big Band, Luísa Mitre Quinteto e The Art Ensemble of Chicago, John Zorn & New Masada Quartet e Edu Ribeiro Quinteto e Maurício Einhorn.

No dia 22, às 20h, haverá a palestra Como Gostar de Jazz, com o jornalista e músico Fabiano Alcântara propõe uma abordagem histórica e afetiva sobre o jazz, gênero que não é elitista e tampouco "difícil" de ser entendido.

Segue abaixo a programação de Santos. A programação geral pode ser obtida em https://www.sescsp.org.br/busca/busca.action?q=sesc%20jazz#/content=programacao

Nelson Ayres Big Band (FOTO: PAULO ROPOPORT/DIVULGAÇÃO)

Segue a programação de Santos:

23/10 às 20h, no Teatro – Marc Perrenoud Trio (Suiça) + Nelson Ayres Big Band (Brasil)

Marc Perrenoud Trio – Há 12 anos, o pianista nascido na Alemanha e radicado na Suiça, Marc Perrenoud conduz esta formação, da qual fazem parte o baixista alemão Marco Müller e o baterista suíço Cyril Regamey. Juntos, já realizaram mais de 300 shows em alguns dos principais festivais e clubes de jazz ao redor do mundo.

O trio tem um repertório eclético: suas influências vão desde o trompetista norte-americano Chet Baker e o pianista canadense Oscar Peterson, passam pelo pianista e compositor russo Igor Stravinsky e o francês Maurice Ravel, e chegam até a banda inglesa de trip hop Massive Attack.

Em suas apresentações, gostam de dar liberdade e desafiar uns aos outros. O resultado disso é uma música instrumental que ganha tônus ao longo dos acordes. "Para nós, cada show é uma ocasião única. Já tocamos muito e ainda nos sentimos como crianças quando chega o momento de subir ao palco. É importante manter esse espírito de criança!", diz Marc Perrenoud.

Atualmente eles preparam o lançamento de seu quinto álbum e vão apresentar em primeira mão algumas das novas composições no Sesc Jazz. Com Marc Perrenoud (piano), Marco Müller (baixo) e Cyril Regamey (bateria).

Marc Perrenoud Trio (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Nelson Ayres Big Band – Nelson Ayres é um dos artistas mais conceituados da música instrumental brasileira. Aos 72 anos, o pianista, compositor e maestro contabiliza uma série de parcerias com artistas estrangeiros e nacionais – de Dizzy Gillespie a Vinicius de Moraes –, além da regência por uma década da Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo e também de diversas outras prestigiosas, como a Orquestra Filarmônica de Israel.

A big band que leva o seu nome existe desde 1973 e virou referência para as que vieram depois, como a Banda Mantiqueira e a Soundscape. É formada por 14 músicos. Entre eles, há dois que costumavam assistir às apresentações da formação original desde a plateia (Ubaldo Versolato e Nahor Gomes) e outros dois que nem sequer tinham nascido quando a big band nasceu (Cássio Ferreira e Rubinho Antunes).

A mistura de música brasileira com jazz virou a marca da banda, que vai tocar no Sesc Jazz algumas composições que fazem parte da sua história, como "Meio de Campo", de Gilberto Gil, com arranjo de Ayres, "Corcovado", de Tom Jobim, e "Organdi e Gomalina", do próprio maestro. Essas duas últimas integram o álbum mais recente do grupo, "Nelson Ayres Big Band", lançado em 2017.

Com Nelson Ayres (piano), Cássio Ferreira (saxofone), Mauro Oliveira (saxofone), Lucas Macedo (saxofone), César Roversi (saxofone), Ubaldo Versolato (saxofone), Nahor Gomes (trompete), João Lenhari (trompete), Bruno Belasco (trompete), Rubinho Antunes (trompete), Fábio Oliva (trombone), André Tinoco (trombone), Joabe Reis (trombone), Diego Calderoni (trombone), Alberto Luccas (baixo) e Ricardo Mosca (bateria).

24/10 às 20h, no teatro – Luísa Mitre Quinteto (Brasil – MG) + The Art Ensemble of Chicago Estados Unidos)

Luísa Mitre Quinteto – O fascínio da pianista e compositora mineira Luísa Mitre tanto pela música erudita quanto pela popular vem da época em que ela estudava na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), quando dedicou seu mestrado à pesquisa sobre a contribuição do piano ao choro.

"Gosto tanto de música erudita quanto de popular e acho que o muro entre as duas está cada dia mais baixo, o que é bom, porque enriquece a experiência musical de todos", diz a artista, que credita aos pianistas Egberto Gismonti, César Camargo Mariano e Cristóvão Bastos suas principais influências.

O resultado dessa conjunção de estilos poderá ser visto e ouvido no Sesc Jazz. O repertório do show é o disco "Oferenda", seu primeiro trabalho autoral, lançado em 2018. Todas as canções foram compostas por mulheres, e não é por acaso. Luísa gosta de valorizar as compositoras para aumentar sua representatividade na música instrumental.

"Oferenda" recebeu o Prêmio Marco Antônio Araújo 2019 de melhor disco instrumental autoral de Minas Gerais lançado em 2018. Em 15 anos de premiação, foi a primeira vitória de uma artista mulher. Com Luísa Mitre (piano, arranjos e composições), Natália Mitre (vibrafone), Marcela Nunes (flauta e composição), Camila Rocha (baixo) e Paulo Fróis (bateria).

Luisa Mitre (FOTO: MARINA MITRE/DIVULGAÇÃO)

The Art Ensemble of Chicago – Trazendo na bagagem décadas de experiência como uma das referências do jazz de vanguarda dos Estados Unidos, os músicos da The Art Ensemble of Chicago estão há 50 anos na estrada.

O saxofonista Roscoe Mitchell e o baterista Famoudou Don Moye, remanescentes da formação original, recebem músicos convidados para os shows do Sesc Jazz e prestam um tributo aos fundadores que já faleceram – o trompetista Lester Bowie (1941-1999), o saxofonista Joseph Jarman (1937-2019) e o baixista Malachi Favors (1927-2004) – e suas "contribuições duradouras para a black music: dos ancestrais para o futuro", nas palavras da banda.

Ainda hoje, a The Art Ensemble of Chicago mantém vivo o espírito de vanguarda e o apetite pela experimentação que fizeram sucesso nos anos 1970 com álbuns como "Bap-Tizum" (1972) e "Fanfare for the Warriors" (1973).

No Sesc Jazz, espere ver os arranjos daquela época transpostos para o palco com o uso de instrumentos pouco convencionais, como apitos, pequenos sinos e até tubos plásticos. Roscoe Mitchell (saxofone, flauta), Famoudou Don Moye (bateria, percussão), Rodolfo Lebron (vocais), Hugh Ragin (trompete), Simon Sieger (trombone), Eddy Kwon (viola), Brett Carson (piano), Junius Paul (contrabaixo), Jaribu Shahid (contrabaixo), Enoch Williamson (percussão), Dudu Kouate (percussão).

John Zorn (FOTO: SCOTT IRVINE/DIVULGAÇÃO)

25/10 às 20h, no Teatro – John Zorn & New Masada Quartet (Estados Unidos)

John Zorn – nasceu em Nova York numa família judaica, ancestralidade que influencia até hoje seu trabalho. Na infância, já tocava piano, violão e flauta. Na adolescência, tocou baixo numa banda de rock. Dali em diante, dedicou-se ao jazz e ao saxofone, instrumento que começou a estudar aos 16 anos e toca até hoje, aos 66.

O músico trabalhou em centenas de álbuns e construiu um portfólio eclético. Uma de suas bandas, Painkiller (1991 a 2005), tocava jazzcore e era composta pelo baixista Bill Laswell e pelo baterista Mick Harris, oriundo do grupo de death metal Napalm Death. Um dos discos contou com a participação de Mike Patton, do Faith No More, nos vocais.

Já no projeto Masada (1994-2005), cujo nome faz referência a um sítio histórico de Israel, Zorn aplicava arranjos contemporâneos às suas raízes judaicas. O New Masada Quartet, que se apresenta no Sesc Jazz, é uma nova formação para o Masada.

Tem influência do free jazz – estilo de origem afro-americano que propõe liberdade total para improvisar – e do klezmer, gênero comumente tocado nas celebrações judaicas. Com John Zorn (saxofone), Julian Lage (guitarra), Jorge Roeder (contrabaixo), Kenny Wollesen (bateria).

26/10 às 20h, no teatro – Edu Ribeiro Quinteto (Brasil-SC) + Maurício Einhorn (Brasil-RJ)

Edu Ribeiro Quinteto – Edu Ribeiro é autodidata e aprendeu a tocar bateria aos oito anos. Cursou música popular na Unicamp e fundou nesse período o Trio Água, ao lado do violonista Chico Saraiva e do baixista José Nigro. Já acompanhou diversos artistas brasileiros, como Dominguinhos, João Bosco e Zélia Duncan, e estrangeiros, como Brad Mehldau e Stacey Kent.

Em 2002, formou com o pianista Fabio Torres e o baixista Paulo Paulelli o Trio Corrente, que toca clássicos do choro e da MPB, além de composições próprias. Com o grupo, Edu foi premiado duas vezes com o Grammy pelo álbum "Song for Maura" (2012), gravado com o saxofonista cubano Paquito D'Rivera. O trabalho é uma homenagem à mãe de Paquito.

No Sesc Jazz, o baterista mostra as músicas de seu segundo álbum solo, "Na Calada do Dia", lançado em 2017, como "Maracatim", um maracatu cantável, nas palavras dele, cuja composição teve início como um canto e só depois foi combinada com os instrumentos. Com Edu Ribeiro (bateria), Daniel D'Alcantara (trompete), Guilherme Ribeiro (acordeão), Bruno Migotto (contrabaixo) e Fernando Correa (guitarra).

Mauricio Einhorn (FOTO: NELSON FARIAS/DIVULGAÇÃO)

Maurício Einhorn – um dos gaitistas mais importantes do Brasil. Já tocou com Toots Thielemans, um dos melhores do mundo na gaita, e artistas como Sarah Vaughan e Nina Simone. Integrou a cena musical que criou a bossa nova e compôs clássicos como "Batida Diferente" (com Durval Ferreira) e "Alvorada" (com Arnaldo Costa e Lula Freire), que fazem parte do primeiro de seus 12 álbuns solo, "ME" (1979), considerado item de colecionador.

Mesmo com tamanho histórico e contabilizando 87 anos de idade, ele não perde o pique. "Ainda tenho muito trabalho pela frente. A música não para nunca." Mauricio conta que já compôs "quase mil músicas com diversos parceiros" e apenas algumas dezenas foram gravadas. Por isso, está garimpando seu acervo em busca de novidades. "Revirei o baú e achei músicas que a meu ver não podem ficar mais nas gavetas."

Uma dessas inéditas estará no Sesc Jazz, "Conexão Leme-Copacabana" (parceria com Alberto Chimelli). As demais músicas do repertório, como "Já Era" (com Eumir Deodato) e "Estamos Aí" (com Durval Ferreira e Regina Werneck), estão em seu último álbum, "Ao Vivo no Teatro Vanucci" (2012). Com Maurício Einhorn (gaita), Natan Gomes (piano), Luís Alves (baixo) e João Cortez (bateria).

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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