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Rockfest reforça o Brasil como a terra do classic rock

Combate Rock

20/09/2019 14h48

Marcelo Moreira

A sensação é antiga, mas ninguém ousava verbalizar para evitar ser ridicularizado. Na verdade, ninguém fala publicamente que o Brasil é o país do classic rock: qualquer banda antiga que tenha sido gigante no passado arrebenta de vender ingressos no Brasil. E o Rockfest, que acontece neste final de semana, é o melhor exemplo disso.

Um festival que reunirá Scorpions (mais de 50 anos de carreira), Whitesnake (mais de 40), Helloween (mais de 35) e Europe (mais de 35) talvez nem chame a atenção na Europa, embora venda uma boa quantidade de ingressos, mas no Brasil é certeza de casa cheia.

"Trazer Scorpions e Whitesnake ao Brasil é certeza de bons ganhos. Essas bandas são idolatradas, assim como Metallica, Iron Maiden, Guns N'Roses, U2 e algumas outras. Dessas, talvez somente U2 e Guns encham rapidament estádios na Europa e nos Estados Unidos", afirma um executivo da área de entretenimento em conversa informal com a reportagem do Combate Rock – pediu sigilo de sua identidade durante a conversa.

Não há nada de errado em ser o paraíso das bandas de classic rock, mesmo em época de crise econômica e ingressos a custo médio de R$ 500. O que talvez mereça uma série de reflexões é o fato de que o classic é que vem predominando por aqui em relação aos grandes shows .

Teremos em breve por aqui Iron Maiden, Metallica, Kiss, King Crimson, Uriah Heep, Nazareth e mais algumsa atrações qye beiram os 30 ou mais anos de carreira e que já vieram várias vezes ao Brasil. Será que não falta um pouco mais de ousadia para as grandes empresas de entretenimento da América Latina?

O Rockfest é um evento bem legal, mas representa mais do mesmo. Scorpions e Whitesnake, por exemplo, já ganharam "vistos de residentes" no Brasil – é difícil ficarem dois ou três anos sem passar por aqui.

Helloween, com sua formação nova (os ex-integrantes Kai Hansen e Michael Kiske foram reincorporados) praticamente inauguraram a nova fase no Brasil dois anos atrás.

Os suecos do Europe, que frequentam menos as nossas praias, estiveram nas cidades brasileiras há não mais do que cinco anos. E não precisamos nem falar de outras bandas que adoram tocar por aqui e lotar os shows, como os assíduos Saxon e Grave Digger.

A predominância dos mesmos de sempre revela que são os preferidos dos nossos roqueiros, mas também evidencia um conservadorismo excessivo para quem curte rock, e também uma resistência a aceitar nomes diferentes e menos grandiosos em festivais.

E o maior festival de todos, o Rock in Rio, é o sintoma mais evidente disso. Se por um lado já tivemos The Who, Neil Young e Bruce Springsteen, é certeza que a edição brasileira, seja em que ano for, sempre terá ou Iron Maiden, ou Guns N'Roses (queridinhos dos promotores do festival) ou Metallica.

"São esses nomes que garantem a bilheteria antecipada para que seja possível investir em novidades, como foi o caso de The Who em 2017. Pode não ser muito legal ou entusiasmante, mas é assim que funciona. O Rock in Rio só se tornou o que é hoje, referência mundial, graças à perseguição ao risco quase zero, o que inclui a ampliação do elenco e outros estilos musicais", diz o executivo consultado pelo Combate Rock.

Queixas e constatações à parte, o Rockfest é um evento com a cara dos grandes encontros musicais das antigas em São Paulo. Lembra um pouco o conceito do Solid Rock, que teve duas edições recentemente na cidade. Dependo do ponto de vista, é quase uma emulação do Monsters of Rock.

Os alemães dos Scorpions, cujas origens remontam a 1965, ainda são relevantes por fazerem um grande show. Septuagenários (ou quase), entregam xatamente o que prometem, uma profusão de hits de hard rock pegajosos e eternos, entremeados por baladas pop de alto quilate.

O memso pode ser dito do Whitesnake, do também quase septuagenário David Coverdale: sucessos aos montes e baladas melosas, mas eficientes, distribuídas por todo o shows.

São 41 anos de carreira mudaram a vida do ex-vovcalista do Deep Purple – não seria nenhum exagero dizer que nos anos 80 e 90 o Whitesnake foi maior e até mais relevante do que o próprio Purple, que retomou as atividades em 1984.

O Helloween ganhou fôlego novo com a boa ideia de chamar dois dos antigos integrantes para uma turnê comemorativae, quem sabe, um álbum novo de inéditas.

Hansen e Kiske saíram atritados do grupo entre 1989 e 1993 e garantiram por anos que uma reunião era impossível. Queimaram a língua e apararam as arestas há dois anos para embarcar no nostálgico – e lucrativo – projeto. Nome importante da históriua do heavy metal, o Helloween também é garantia de um bom espetáculo, sejam quais forem as circustâncias.

Em relação ao Europe, dá para dizer que recuperou parte do prestígio atingido nos anos 20 nos anos 80. De volta às atividades nos anos 2000, transformou seu hard rock cheio de excessos em algo mais palatável e bluesy com uma sequência de álbuns muito bons.

A abertura dos trabalhos ficará a cargo dos brasileiros do Armored Dawn, banda nova formada por veteranos da cena nacional que apostam em um heavy metal tradicional/power metal. Com massivo apoio de uma equipe competente, a banda mostra qualidade e ambição para se tornar um nome internacionalmente importante dentro de pouco tempo.

O Rockfest acontecerá no dia 21 de setembro, um sábado, no Allianz Parque, a Arena do Palmeiras. Os horários dos shows são conhecidos: Scorpions (22 horas), Whitesnake (20h15), Megadeth (18h45), Europe (17h15) e Armored Dawn (16h15).

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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