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Matanza Inc. supera as incertezas e projeta grandes esperanças

Combate Rock

20/09/2019 06h45

Marcelo Moreira

Novos desafios, grandes esperanças. Quando o Matanza anunciou o encerramento da atividades, dois anos atrás, havia uma clima de desalento por conta dos mais de 20 anos de estrada de uma das bandas independentes mais bem sucedidas do rock nacional.

Realmente, não dava para disfarçar o fato de que realmente houve um "climão", especialmente quando o vocalista Jimmy London logo caiu de cabeça em seu novo projeto, Jimmy and the Rats.

Só que os desaos logo surgiram para Marco Donida, o guitarrista e um dos cérebros do Matanza. A galera sentia muito a falta do Matanza, sentia falta de tocar junto. Então o que fazer? Como reunir a galera espalhada por São Paulo, Santos e Rio de Janeiro?

Vencidas as distâncias e superado o alívio por estarem juntos de novo, o que faltava para o Matanza retornar menso de um ano após o fim? Um novo nome que remetesse ao passado glorioso. E eis que surgiu o Matanza Inc., impondo um novo desafio e resgatando as enormes esperanças de uma base iemsna de fãs.

"É a mesma banda, com a mesma sonoridade, mas de uma forma diferente. Não se trata de resgatar o passado. Queremos fazer a música que gostamos partindo de uma história bem legal", diz Donida.

Empolgado com a nova fase, derrama-se em elogios ao novo vocalista, Vital Cavalcante, que imprimiu uma personalidade própria em músicas novas e antigas. Dá para dizer que foi um "gás" que colou as demais partes do Matanza Inc. e apresentou novas possibilidades a uma banda conhecida pela energia no palco e pelas letras afiadas e bem sacadas.

"Crônicas do Post Mortem – Guia Para Demônios & Espíritos Possessores" é o primeiro resultado dessa nova fase. O álbum traz uma banda revigorada, com mais peso nas guitarras, mas agressividade na performance e um espectro mais ampliado na busca por sonoridades um pouco diferentes.

O sarcasmo e a ironia continuam sendo a tônica das músicas, que tiveram alguns element os novos agregados – o countrycore/hardcore e o metal estão mais ferozes e com mensagens contundentes. Mais do mesmo? Nem de longe.

É o caso da porrada "Seja o que Satan Quiser", com um belo trabalho de guitrras e um vocal forte e insidioso. "pode Ser Que Eu Me Atrase" é puro rock'n'roll acelerado, onde o sarcasmo dá lugar à crônica melancólica, de certa forma.

"Para o Inferno" e "O Elo Mais Fraco da Corrente" apelam ara um pouco mais de seriedade, só que com as guitarras no tale e arranjos diferentes do usual. Tem até um pouco de poesia (ainda que seja de boteco) na bem sacada "As Muitas Maneiras de Arruinar a Sua Vida".

"As coisas estão funcionando e temos uma nova perspectiva", afirma Donida. "Descobrimos que temos prazer em tocar e prazer em tocar juntos. Com os problemas superados, encaramos de novo a estrada e a vida musical. Continuamos com o apoio de muitos parceiros. Com os pés no chão e em mirar o passado, mesmo quando lotávamos casas grandes, temos boas expectativas."

A serenidade do guitarrista contrasta com a empolgação dos fãs. Era de se supor que alguns torcessem o nariz pela ausência de Jimmy London, mas a boa receptividade do trabalho incentivou o Matanza Inc. a retornar com tudo.

"Claro que ainda estamos em um cenário de crise econômica severa, que impede quaisquer planos mais robustos, mas ainda temos aquela garra de fazer música e mostrar que a arte é fascinante." Para Donida, as perspectivas boas são um combustível necessário para empurrar a banda e desbravar novos territórios.

Mas é possível ainda usufruir da invejável estrutura que o Matanza teve no passado, quando era a mais bem-sucedida banda independente do país, ao lado dos Autoramas e dos Boogarins?

Marco Donida procura não pensar nisso. Os mais de 20 anos de banda fazem diferença, e muita, assim como a experiência no gerenciamento dos negócios, capaz de criar um concorrido festival próprio, o Matanza Fest.

"Não dá para escapar disso, é obvio, temos um respaldo de ações bem-sucedidas no passado e a experiência conta. Espero que consigamos utilizar esse legado com base nos esquemas que deram certo", pondera com cautela.

O fim do Matanza causou consternação, e a volta (mesmo com outro nome), por outro lado, foi vista com certa desconfiança.

"Crônicas do Post Mortem" foi crucial para restaurar a força bruta de uma banda que ousou fazer o diferente e a buscar novos caminhos. O Matanza Inc. é/continua a ser uma referência e esta é uma notícia mito importante para o rock nacional.

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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